Britânicos estão divididos sobre participação na União Europeia
Eleitores vão às urnas para decidir se Reino Unido permanece ou deixa a União Europeia
De hoje até amanhã, os britânicos vão às urnas votar no referendo Brexit, que vai decidir se o Reino Unido permanece ou não na União Europeia (UE). O resultado deve ser divulgados nas primeiras horas do dia seguinte. O nome Brexit faz referência ao termo exit (saída em inglês) e as iniciais de Britain (Grã-bretanha).
Há tão pouco tempo do referendo, a disputa entre os que querem que o país fique e os que que querem deixar a UE é acirrada. Pesquisas de opinião que estão sendo feitas no país apresentam resultados controversos.
De acordo com uma sondagem realizada pelo site britânico YouGov, 42% dos entrevistados querem permanecer no bloco europeu, enquanto 44% apoiam a saída da UE. Outro estudo de opinião, da agência Survation, mostra tendência inversa: 45% dos entrevistados são a favor de permanecer no bloco, contra 44% dos que defendem a saída. Os demais estão indecisos.
No último domingo (19), foram publicados os resultados de uma pesquisa encomendada pelo jornal The Independent. De acordo com o periódico, 44% dos entrevistados disseram que ficariam “muito satisfeitos” com a saída da UE, enquanto apenas 28% afirmaram sentir o mesmo sobre permanecer na UE.
Em fevereiro, quando anunciou o referendo, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, confirmou que a posição oficial do governo britânico será defender a continuidade do país.
Divididos
Para alguns analistas, o assassinato da deputada Jo Cox, defensora dos direitos dos migrantes e refugiados e da permanência do Reino Unido na União Europeia, pode contribuir para aumentar o apoio à permanecia do país na UE. Ela foi assassinada na quinta-feira da semana passada, a tiros e facadas, por um nacionalista xenófobo com supostas ligações a grupos neonazistas em Birstall, no Norte de Inglaterra.
O discurso contra políticas de acolhimento a refugiados tem sido usado frequentemente para engrossar o coro dos que pretendem deixar a UE. Tanto que Nigel Farage, líder do partido anti-imigração UKIP e um dos grandes defensores do Brexit, se viu envolvido em uma polêmica após utilizar uma fotografia de imigrantes em sua campanha. Diversas pessoas, através das redes sociais, apontaram as semelhanças entre a fotografia escolhida por Farage e uma imagem de propaganda nazista divulgada em um documentário da BBC.
Já do lado dos que defendem a permanência na União Europeia, os discursos focam o impacto econômico de uma eventual saída do bloco, lembrando que, após a decisão, não há como voltar atrás. David Cameron e o seu ministro das Finanças, George Osborne, reforçaram os alertas.
Economia
A saída de um país da UE está prevista no Artigo 50º do Tratado de Lisboa, de 2009, que afirma que “qualquer Estado-Membro pode decidir, em conformidade com as respectivas normas constitucionais, retirar-se da União Europeia”.
George Soros, investidor húngaro nacionalizado americano que fez fortuna investindo contra a libra esterlina nos anos 1990, afirmou ontem, para o jornal The Guardian, que uma eventual saída do bloco europeu terá “sérias consequências” para o emprego e para as finanças do país.
Ele afirmou que caso a saída do bloco vença, a libra deve cair vertiginosamente, uma queda de pelo menos 15% mas que poderá ultrapassar os 20%, ficando abaixo dos US$ 1,15 contra os atuais US$ 1,46.
“Um voto a favor do Brexit faria algumas pessoas muito ricas, mas a maioria dos eleitores ficaria consideravelmente mais pobre. Eu quero que as pessoas saibam quais são as consequências de sair da UE antes de votar, e não depois. Sair da UE não só afetaria o preço da moeda britânica como teria igualmente um impacto imediato nos mercados”, disse. (Agência Brasil)