Com juros altos, tesouro capta US$ 1,5 bilhão no exterior
Taxas mais altas de juros indicam maior grau de desconfiança dos investidores de que o Brasil não conseguirá pagar a dívida.
Da redação
O Tesouro Nacional captou US$ 1,5 bilhão de investidores norte-americanos e europeus com taxa de juros de 5,875% ao ano. O dinheiro veio da emissão de títulos da dívida externa com vencimento em fevereiro de 2047. A taxa da operação foi a maior para esse tipo de papel em sete anos.
Por meio do lançamento de títulos da dívida externa, o governo pega dinheiro emprestado dos investidores internacionais com o compromisso de devolver os recursos com juros. Isso significa que o Brasil devolverá o dinheiro daqui a 31 anos com a correção dos juros acordada, de 5,875% ao ano.
Taxas mais altas de juros indicam maior grau de desconfiança dos investidores de que o Brasil não conseguirá pagar a dívida. Com os sucessivos rebaixamentos sofridos pelo país, que perdeu o grau de investimento (selo de bom pagador), os estrangeiros passaram a cobrar juros mais elevados para comprar os papéis brasileiros.
A última vez em que o Tesouro tinha lançado papéis externos de 30 anos tinha sido em julho de 2014. Na ocasião, o governo brasileiro captou US$ 3,55 bilhões com papéis com vencimento em 2045, pagando juros de 5,131% ao ano.
A taxa obtida na emissão de hoje é a mais alta para títulos em dólares de 30 anos desde julho de 2009, quando o Tesouro tinha conseguido captar US$ 525 milhões pagando 6,45% ao ano de juros.
A taxa do título brasileiro foi 357,2 pontos maior que a dos títulos do Tesouro americano, de 20 anos. Na emissão de dois anos atrás, a diferença estava bem menor: 187,5 pontos. Os títulos norte-americanos são considerados os papéis mais seguros do mundo. Segundo o Tesouro, a demanda superou a oferta, mas o órgão não informou o número.
Os recursos captados no exterior serão incorporados às reservas internacionais do país em 28 de julho. De acordo com o Tesouro Nacional, as emissões de títulos no exterior não têm como objetivo principal reforçar as divisas do país, mas fornecer um referencial para empresas brasileiras.