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quinta-feira, 29 de agosto de 2024
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Ministro do STF concede habeas corpus a acusados na Operação Turbulência

Os pedidos de habeas corpus impetrados pela defesa dos suspeitos já haviam sido negados pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região

Postado em 14 de setembro de 2016 por Redação
Ministro do STF concede habeas corpus a acusados na Operação Turbulência
Os pedidos de habeas corpus impetrados pela defesa dos suspeitos já haviam sido negados pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio concedeu habeas corpus a João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, acusado na Operação Turbulência, da Polícia Federal (PF) em Pernambuco, de ser o líder de uma organização complexa de lavagem de dinheiro. A decisão foi publicada no Diário da Justiça (DJ) desta quarta-feira (14) e se estende aos outros três presos preventivos no caso – Eduardo Freire Bezerra Leite, Apolo Santana e Artur Roberto Lapa Rosal.


Os quatro empresários acusados na Operação Turbulência estão presos desde o dia 21 de junho deste ano no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na região metropolitana do Recife. Os pedidos de habeas corpus impetrados pela defesa dos suspeitos já haviam sido negados pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

A justificativa para a prisão preventiva dada à época foi a “garantia da ordem pública e econômica e por conveniência da instrução processual, considerada a continuidade da prática criminosa, o desequilíbrio das finanças nacionais, o risco de comprometimento da obtenção de novas provas e a possibilidade de intimidação de testemunhas”, conforme ressalta a publicação desta quarta-feira no DJ.

A defesa sustenta, no recurso ao STF, que não teriam sido indicados elementos concretos para a possibilidade de interferência nas investigações ou de continuidade das ações criminosas. Indicam "decisões anteriores do Supremo que desaprovam a prisão com base somente na reprovailidade da conduta ou do temor de reitração delitiva”.

Na decisão, o ministro Marco Aurélio observa que a afirmação “genérica” da possível obstrução de testemunhas e de continuidade dos crimes não permite a continuidade das prisões. “O possível envolvimento em delito não leva à inversão da sequência do processo-crime, que direciona a apurar para, selada a culpa, em execução da pena, prender. O arcabouço normativo não contempla a custódia automática presente possível imputação”, diz, em um trecho do documento. A soltura dos empresários está condicionada à permanência dos acusados em suas residências e ao atendimento de chamamentos judiciais posteriores.

O advogado do réu Apolo Santana Vieira, Ademar Rigueira Neto, afirmou que a expectativa é que seu cliente seja solto até amanhã. “A gente espera que seja hoje ainda. Estamos só aguardando a questão da burocrcia, porque o Supremo tem que comunicar à Vara, e ela tem que expedir o alvará aqui. No mais tardar, esperamos que seja amanhã”, afirma.

A assessoria de comunicação da Polícia Federal em Pernambuco informou que a corporação ainda não foi notificada da decisão e que não vai se pronunciar a respeito.

Turbulência

A investigação da Operação Turbulência identificou um esquema de lavagem de dinheiro formado por uma rede complexa de empresas, a maior parte de fachada, que movimentou R$ 600 milhões desde 2010. O ponto de partida da investigação foi a compra do avião Cessna Citation PR-AFA, usado pelo ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) na campanha presidencial de 2014. Campos e mais seis pessoas morreram na queda do avião, em agosto de 2014, em Santos, São Paulo.

Segundo a Polícia Federal, o grupo teria financiado campanhas eleitorais de Eduardo Campos. Os recursos movimentados pela organização seriam provenientes de desvios de dinheiro público, como em superfaturamentos ocorridos na Petrobras e nas obras de transposição do Rio São Francisco, fatos investigados em outros inquéritos que tiveram as informações cruzadas com o da Operação Turbulência.

No dia 3 de agosto, o Ministério Público Federal em Pernambuco ofereceu denúncia contra 18 pessoas suspeitas de integrar a organização. Para a acusação, João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite e Apolo Santana Vieira são líderes da organização. Já Arthur Roberto Rosal é suspeito de atuar como testa de ferro da organização, fato também atribuído a Paulo César de Barros Morato, encontrado morto no dia seguinte à deflagração da operação, no dia 22 de junho, em um motel de Olinda.

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