Trump proíbe financiamento a entidades que defendem aborto
O decreto sobre o aborto significa, na prática, que o presidente Trump revalidou uma medida da época do ex-presidente Ronald Reagan
Além
do ato que retira os Estados Unidos da Parceria Transpacífico, o Tratado
Transpacífico de Comércio Livre (TPP, sigla em inglês), que iria englobar 40%
da economia mundial e 800 milhões de pessoas, o presidente Donald Trump assinou
dois outros decretos de grande impacto doméstico.
O
primeiro proíbe financiamento do governo federal para organizações
não-governamentais estrangeiras que promovam ou paguem o aborto. O segundo
congela a contratação de novos servidores nos órgãos do governo federal. Essa
medida, porém, não vale para as Forças Armadas, que podem continuar
contratando, se necessário.
O
decreto sobre o aborto significa, na prática, que o presidente Trump revalidou
uma medida da época do ex-presidente Ronald Reagan. A medida veda ajuda dos
Estados Unidos a órgãos não-governamentais prestadores de serviços de saúde,
que atuam em outros países, que discutam ou incluam o aborto como uma opção de
planejamento familiar.
O
decreto deverá ter o apoio de setores religiosos que lutam contra o aborto nos
Estados Unidos. Mas a medida vai contra o que defende um segmento da Marcha das
Mulheres, que desfilou pelas ruas de Washington, no último sábado (21),
protestando contra as políticas anunciadas por Donald Trump.
A
legislação dos Estados Unidos já proíbe o uso de dinheiro dos contribuintes
americanos para serem usados em serviços de aborto em qualquer lugar, inclusive
em países onde o aborto é legal. Mas o decreto assinado hoje constitui uma
passo à frente, porque também congela o financiamento dos Estados Unidos aos
prestadores de cuidados de saúde nos países pobres, se prestadores esses
incluírem aconselhamento sobre o aborto ou defendam o aborto.
O
decreto que congela novas contratações de servidores para órgãos federais
atende aos anseios de setores conservadores, que estavam preocupados com a
expansão dos gastos públicos. O receito desses setores era que Donald Trump
perdesse o controle da inflação por causa do aumento de despesas.
As
três medidas anunciadas por Trump desanuviam o clima de tensão na capital
norte-americana, desde que Trump tomou posse.
Clima
de campanha
O
primeiro fim de semana do presidente Trump na Casa Branca repetiu o clima de
campanha. Ele acusou jornalistas de mentirem sobre o número de pessoas que
foram assistir sua posse. Segundo o noticiário, havia menos pessoas na posse de
Trump do que nas duas posses de Barack Obama, em 2009 e 20013. A imprensa
respondeu às acusações de terem mentido com evidências. Os jornais publicam
fotos aéreas das posses dos dois presidentes, confirmando a afirmação de que
havia realmente um menor número de assistentes na posse de Trump, inclusive em
comparação ao número de pessoas que participou da Marcha das Mulheres.
A
discussão sobre o tamanho do público acabou provocando um inconformismo dos
próprios assessores de Trump, que perceberam que o debate estava retirando o
governo do foco. Eles chegaram a confidenciar a jornalistas que o momento exigia
ação e medidas concretas e não discussões sobre quem teve mais público.
(Agência Brasil)