Wilton Morais 

A Prefeitura Municipal de Goiânia exonerou 480 contratos médicos do município. Como impacto, a população passa por problemas ao buscar atendimento e indignada questiona o mau atendimento, por conta da falta de profissionais. No Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais) do Setor Campinas, a funcionária pública Maria das Dores, com suspeita de pneumonia há três dias relata que ainda na quarta-feira (22), com muita dor, buscou atendimento no Cais do Setor Cândida de Morais. “Lá eu até fui atendida, mas continuo com muita dor. Aqui tem dois médicos. Um foi para o almoço, mas não voltou. O outro está realisando uma saturação”. O médico realizava o procedimento na paciente acompanhada por Marcilene Cardoso. “Estivemos em cinco cais. Nenhum tinha médico, em outras ocasiões era por falta de materiais para o procedimento. Aqui deram pontos no ferimento, mas sem anestesia, porque a remédio não pegou na paciente”, relatou. Nos Cais dos Setores Bairro Goiá, Jardim América o atendimento também está comprometido.  

Valcirene Ferreira é aposentada e confirmou que o médico havia saído para o almoço por volta das 13 horas, quando a reportagem passou pelo Cais às 15h30 de ontem (24). Ela esperava há duas horas e 30 minutos, pelo profissional. “Meu esposo estava internado. Não melhorou tivemos que voltar, ele possui asma”, disse a aposentada. Do lado de fora, encostado em um dos bancos e com o rosto já pálido, o motorista de Uber João Neto apresentava falta de ar. “Estou com uma dor no peito. Sem médico não tenho diagnostico”, disse o motorista. “Lá dentro tem um pacotão de fichas no balcão. O serviço está bem comprometido”, complementou. João Neto esperava por atendimento desde o meio dia, e não possuía previsão de atendimento. 

Tossindo e com dores no corpo, a estudante Maria Fernanda relatou que passou em busca de atendimento no Cais Cândida de Morais. “Tinha gente de mais. Estou esperando há bastante tempo e até agora nada”, relatou a estudante já deitada em um dos bancos da unidade. 

Prefeitura discute novo contrato

Ainda ontem (23), o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, decidiu reincidir o contrato dos médicos contratados pelo município. Com o rompimento dos contratos, o serviço fica comprometido, mesmo que um novo contrato esteja em elaboração pela Secretaria Municipal de Goiânia (SMS). De acordo com o Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), o novo documento apresentado prejudica os profissionais. Para o sindicato, o contrato retira direito como férias, décimo terceiro e outros direitos trabalhistas. O documento seria uma forma de prestação de serviços, alega o sindicato. 

Para o Simego, a proposta da prefeitura também não atende o melhor vínculo e o serviço público.  A reportagem do Hoje entrou em contato com a SMS para mais esclarecimentos, porém, a pasta não havia aprovado a nota até o fechamento desta edição.