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quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Iniciativa

Moradores criam cooperativa de reciclagem para população carente

Quase 600 toneladas de resíduos foram retiradas do local e de outro ponto da Rocinha conhecido como Lajão

Postado em 17 de maio de 2017 por Sheyla Sousa
Moradores criam cooperativa de reciclagem para população carente
Quase 600 toneladas de resíduos foram retiradas do local e de outro ponto da Rocinha conhecido como Lajão

Da redação

A localidade de Roupa Suja, na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, recebeu este nome porque era o lugar onde mulheres aproveitavam a água de um córrego para lavar roupas em tanques ao ar livre, segundo relato de moradores. Com o crescimento da comunidade, a área passou a acumular lixo, mas o cenário começou a mudar há um ano e três meses com o Projeto de Olho no Lixo.

Quase 600 toneladas de resíduos foram retiradas do local e de outro ponto da Rocinha conhecido como Lajão. A parte reciclável vem sendo transformada em roupas e instrumentos musicais em projetos culturais.

Cerca de 30 integrantes do programa estão se organizando em uma cooperativa para continuar o manejo dos resíduos. Desempregado por causa da crise na construção civil no Rio, o armador de ferragens José Antônio Trajano, de 33 anos, lidera a iniciativa e espera que ela seja também uma fonte de renda. “A ambição é crescer, dar continuidade e melhorar a comunidade. Esse projeto deu oportunidade a muitas pessoas para entrar no mercado de trabalho.”

Trajano começou no programa no ano passado, quando Secretaria do Ambiente, o Instituto Estadual do Ambiente e a organização não governamental (ONG) Viva Rio Socioambiental iniciaram as atividades na Rocinha. O secretário licenciado do Ambiente, André Correa, disse que as ações vão além do trabalho braçal de retirar lixo de local impróprio, e procura mudar a mentalidade para gerar oportunidades.

“Tem dado muito certo porque a comunidade abraçou”. Correa adiantou que a cooperativa terá um centro de reciclagem em terreno próximo ao Túnel Zuzu Angel. Grafites que anunciam o projeto começaram a ser pintados hoje no local.

Moda e música

Além da coleta de resíduos, o Projeto De Olho no Lixo também tem a iniciativa Ecomoda, em que roupas e acessórios são confeccionados a partir de doações e materiais coletados na comunidade.

O estilista Almir França coordena a confecção e diz que o desafio é não produzir lixo, aproveitando cada material que chega ao atelier.

Já o grupo coordenado por Regina Café, o Funk Verde, produz instrumentos musicais a partir do que é recolhido na comunidade, além de oferecer aulas de música.

Segundo Regina, há uma pesquisa constante para fazer com que os instrumentos tenham uma sonoridade próxima a dos industrializados e que, para isso, a variedade de materiais aproveitados é enorme. “Baldes, tonéis, latas de tinta, latinhas de refrigerante, de cerveja, alumínio, tampinhas. Todo tipo de material que estaria poluindo e causando transtorno a gente tenta dar um destino.”

“Para confeccionar 10 chocalhos, eu preciso de, no mínimo, 800 latinhas. Então, não é pouco [material reciclado]. A gente tira bastante material da natureza”, acrescenta.

Apesar de o foco do projeto ser os jovens da comunidade, a dona de casa Miriam Silveira, de 47 anos, é uma das alunas mais dedicadas. Há dois anos, ela retomou os estudos, aprendeu a ler e a escrever e, a partir daí, procurou o projeto para aprender a tocar violão. “Uma coisa de cada vez, estou aprendendo”, comemora.

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