Uber: um ano em Goiânia
Motoristas e usuários avaliam aplicativo. Mudanças são sugeridas e regulamentação continua conflituosa
Wilton Morais
Após pouco mais de um ano da entrada do aplicativo Uber no mercado goianiense, motoristas cadastrados ao aplicativo sugerem mudanças no sistema. Paulo Felipe dirige por meio da empresa há oito meses, e ao acompanhar a evolução do aplicativo avalia a possibilidade de se pagar em dinheiro como positiva. “Facilitou muito. Podemos resolver nossos problemas com mais facilidade e qualquer pessoa pode utilizar, desde que esteja na legalidade do Uber”, considerou.
“Não preciso esperar meia hora ou mais pelo transporte público e posso chegar no meu destino mais rapidamente e com menos risco de ser assaltado ou até morto”, ironizou o técnico em seguros, Lucas Calazans. “Poderia melhorar, baixando um pouco mais o preço, meu cartão agradece”, brincou.
Por outro lado, o motorista Paulo Felipe acredita na necessidade de se investir em ferramentas de segurança. “Está meio complicado. Qualquer um pode chamar o veículo para outro passageiro. Apenas o motorista mais novo tem o CPF cadastrado. Mas não sei se isso realmente fornece alguma segurança”, questionou Felipe.
No inicio do mês de maio, o Uber anunciou evolução no sistema de segurança do aplicativo, em Goiânia. A espécie de verificação de identidade em tempo real utiliza de uma selfie para manter a integridade da conta dos motoristas parceiros. Apesar disso, não há uma função que forneça a mesma segurança para o motorista, se considerado a exigência do CPF por parte do usuário.
Legislação parada
Outro problema no uso do aplicativo é a falta de legislação que regulamente o transporte. Na Câmara Municipal de Goiânia as discussões continuam lentas, paradas e até inconstitucionais. O maior problema é a falta de embasamento legal para sustentar os projetos já propostos.
Algumas propostas foram arquivadas, outras possuem tramitação bloqueada. E até um decreto de março do ano passado, enviado pela SMT não foi assinado. Com tanta incerteza, sobre os rumos do aplicativo, o motorista Waldivino Batista não acredita na possibilidade de legalização ou regulamentação.
“Há um conflito muito grande de legislação. A Constituição é soberana e diz que a regulamentação do transporte é de domínio da União. O município não tem autonomia. Além disso, há um confronto de preços. Foge do preço e qualidade ofertados pela Uber”, considera Waldivino.
Já no Senado, tramita um projeto para regulamentar o transporte remunerado privado individual de passageiros. O projeto tramita com outros que exigem apenas o cadastro dos motoristas.
Usuários pedem melhorias
Para o usuário do aplicativo, o auxiliar administrativo Gabriel Trindade, uma das melhoras do Uber está sendo o aumento de motoristas. “Antigamente era difícil achar um em certas regiões da cidade. Esse também é um fator a ser melhorado, porque ainda tem regiões que não tem motoristas disponíveis. Mas isso se deve também a falta de segurança”, considera o auxiliar administrativo.
O motorista Waldivino Batista alega que não há vantagens na expansão exacerbada do aplicativo. “Há momentos que deixa a gente, muito a desejar. São vários veículos se cadastrando. Mas para pessoas que tem outra fonte de renda, compensa. Ao contrario, o motorista precisa trabalhar 14 horas, 15 horas diárias para compensar”, disse o motorista que possui outras rendas.
A mais recente expansão do Aplicativo no Estado aconteceu, em fevereiro deste ano, quando o Uber começou a operar, em Anápolis. Essa foi a 46º cidade em que o aplicativo começou funcionar. Poucos dias após o inicio do uso do aplicativo na cidade, o vereador Lélio Alvarenga (PSC) disse em tribuna que o aplicativo precisa ser regulamentado em Anápolis.