Henrique Meirelles nega “plano B” para reforma da Previdência
Após o evento, Meirelles reafirmou a jornalistas que o governo não pretende fazer a reforma da Previdência por medida provisória, o chamado plano B
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, negou hoje (29)
que o governo tenha preparado um plano B para viabilizar a reforma da
Previdência, diante do atraso na análise da proposta pelo Congresso. Segundo
Meirelles, que participou nesta segunda de fórum realizado pela revista Exame para
discutir as mudanças na aposentadoria, o governo foi surpreendido pela notícia
de um plano B publicada por jornais.
“Não é real. Eu próprio fui surpreendido pela notícia no
jornal. O Marcelo [Caetano, secretário da Previdência] também. Todos fomos
surpreendidos. Ninguém tinha ouvido falar isso”, disse.
Após o evento, Meirelles reafirmou a jornalistas que o
governo não pretende fazer a reforma da Previdência por medida provisória, o
chamado plano B. “Temos só um plano que é o plano da reforma da Previdência por
emenda constitucional. E temos trabalhado nisso.”
O secretário da Previdência, Marcelo Caetano, também negou
que o governo cogite outra via para a reforma que não seja a legislativa. “Só
trabalho com plano A. Na minha perspectiva, a aprovação é plano A”.
Segundo Caetano, a expectativa, com base em conversas com o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) é que a reforma seja aprovada na
Câmara na primeira quinzena de junho e depois siga para votação no Senado.
Para Meirelles, o eventual atraso na aprovação em relação à
previsão inicial do governo não prejudicará o ajuste pretendido com a reforma.
“Se houver atraso de alguns meses, não será isso que vai fazer uma diferença
enorme do ponto de vista fiscal a longo prazo. No entanto, para formação da
expectativa, para continuar aumentando o grau de confiança para as pessoas
investirem, produzirem, consumirem, é importante que a reforma seja aprovada o
mais rápido possível.”
Cenários
Durante o evento, o ministro disse que tem mantido o
trabalho de convencimento de parlamentares pela aprovação das mudanças na
aposentadoria. Meirelles disse apresentar dois cenários aos congressistas: o
primeiro em que o Brasil cresce e gera emprego, com inflação baixa. “E ele
[deputado] poderá dizer que contribuiu com isso quando disputar a eleição”,
disse. O segundo cenário, segundo Meirelles, é de um Brasil sem crescimento,
com inflação elevada e ameaça de desemprego.
O ministro da Fazenda voltou a afirmar que a
sustentabilidade do ajuste fiscal que o governo vem fazendo dependem da
aprovação das mudanças na Previdência. “Acho que as reformas já aprovadas já
garantem que, a curto prazo, o Brasil entre em uma trajetória de crescimento. A
questão aí é a sustentabilidade. Sem a reforma da Previdência, esse tempo fica
ameaçado dentro de alguns anos, três ou quatro anos. Portanto, é importante que
a reforma passe”, destacou.
Fórum de Investimentos
À noite, Meirelles seguiu para outro evento, o Fórum de
Investimentos Brasil 2017, na zona sul da capital paulista. Ele voltou a falar
com a imprensa, e disse que a permanência do presidente da República, Michel
Temer, no cargo não está trazendo problemas para a economia do país. “Eu não
vejo o menor problema na economia para uma continuidade [de Temer na Presidência],
que é meu cenário base, digamos, é a probabilidade onde eu acredito que as
coisas vão se desenvolver. Nesse cenário, o presidente tem patrocinado todas as
reformas”, disse.
Meirelles disse ainda que em caso de saída de Temer, a
política econômica do país não tem alternativa para ser mudada. “Em relação ao
outro cenário [de saída de Temer], eu não acredito, mas se houver, eu não vejo
ninguém aqui que teria a essa altura disposição e condições de fazer o Brasil
voltar atrás. Tentar adotar postura de políticas econômicas que já fracassaram.
Portanto, não vejo alternativa”, disse.
O ministro da Fazenda disse que vê condições nas atual
situação política para que as reformas sejam votadas no Congresso Nacional,
porque, segundo ele, o país entende que são necessárias. O ministro disse que
tem a expectativa de que a reforma da Previdência seja votada ainda nesse
semestre e minimizou eventuais atrasos. “Não serão alguns meses que vão fazer
efeito em uma reforma da Previdência que é para durar décadas”. (Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil