Com atraso para obter licenças, Samarco volta a operar em 2018
Contudo, mesmo após a obtenção dos documentos, a empresa calcula que precisará de, pelo menos, seis meses para realizar obras estruturais de engenharia para preparação da cava
Com as operações suspensas desde novembro de 2015, após o
rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG), na maior tragédia ambiental
do país, que causou a morte de 19 pessoas, a mineradora Samarco só retomará as
atividades em 2018. A previsão inicial da companhia era retomar a produção no
segundo semestre deste ano.
Para voltar a operar, a Samarco, que tem como acionistas a
Vale e a BHP Billiton, ainda precisa de duas licenças ambientais junto à
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas
Gerais (Semad): uma de liberação da cava [cova resultante de atividade
mineradora] de Alegria do Sul, no município de Ouro Preto (MG), que a companhia
pretende utilizar como depósito de rejeitos ao retomar suas operações; e a
aprovação do Licenciamento Operacional Corretivo (LOC), determinado pelo governo
do estado, para revalidação das licenças de todo o Complexo de Germano,
suspensas desde outubro de 2016.
Contudo, mesmo após a obtenção dos documentos, a empresa
calcula que precisará de, pelo menos, seis meses para realizar obras
estruturais de engenharia para preparação da cava.
De acordo com estudo sobre o impacto financeiro da
paralisação da mineradora em 2017 encomendado à Tendência Consultoria
Integrada, com a revisão dos prazos para a mineradora voltar a operar, deixarão
de ser arrecadados no próximo ano R$ 989 milhões em impostos federais,
estaduais e municipais. Além disso, cerca de 20 mil vagas diretas e indiretas
de emprego estão em risco.
Processos
O processo para liberação da cava está em andamento, tendo
sido realizadas, pela Semad, em dezembro do ano passado, duas audiências
públicas, uma em Mariana e outra em Ouro Preto, para discutir o assunto. Em
novembro, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) concedeu a
anuência para a utilização da cava. No entanto, o licenciamento do governo
mineiro é obrigatório.
Já o segundo processo trata do chamado Licenciamento
Operacional Corretivo (LOC). Esse processo depende da entrega, pela mineradora,
de um Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima). A empresa diz que o
documento passa por estudos internos e não tem prazo para ser entregue à Semad.
De acordo com a assessoria de imprensa da Samarco, a
finalização do estudo depende da anuência das prefeituras de cinco municípios
que estão no entorno do complexo industrial da empresa. Quatro já concederam a
anuência, menos o município de Santa Bárbara.
Retorno
A Samarco pretende retomar as operações com 60% de sua
capacidade produtiva. A cava de Alegria do Sul pode armazenar aproximadamente
17 milhões de metros cúbicos de rejeitos e não tem conexão física com o
Complexo de Germano, ao qual pertencia a Barragem de Fundão.
De acordo com a proposta, a estrutura seria utilizada por
dois anos e, nesse período, a mineradora se encarregaria de apresentar
alternativas para os anos posteriores. Ao dar o seu aval à mineradora, o DNPM
considerou que “a solução proposta é extremamente segura”.
A intenção da Samarco é produzir aproximadamente 36,7
milhões de toneladas de minério de ferro nos dois primeiros anos após a
retomada.
Agência Brasil