Ex-presidente da Petrobras e do BB, Bendine é denunciado na Lava-Jato
Ele é acusado de receber R$ 3 milhões em propina para proteger interesses da Odebrecht
Ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir
Bendine foi denunciado nesta terça-feira (22) pela força-tarefa da Lava-Jato
pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e
embaraço à investigação, pelo suposto recebimento de uma propina de R$ 3
milhões da Odebrecht. O objetivo seria para proteger a empreiteira após assumir
a presidência da Petrobras.
Bendine é acusado de exigir R$ 17 milhões em propinas da Odebrecht.
Segundo a investigação, ele acabou recebendo R$ 3 milhões em três parcelas de
R$ 1 milhão entre junho e julho de 2015 enquanto ocupava a Presidência da
Petrobrás. Em troca teria agido em defesa dos interesses da empreiteira.
Além de Bendine, outras seis pessoas foram denunciadas,
incluindo o marqueteiro André Gustavo Vieira da Silva, preso assim como ele na
42ª fase da Lava-Jato, e Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que
leva seu nome. O Ministério Público Federal (MPF) pediu 25 anos de prisão para Bendine.
“Os elementos de prova são fortes em demonstrar que
Bendine, enquanto presidente da Petrobras, recebeu propina para favorecer a
vida da Odebrecht na Petrobras”, afirmou o procurador Athayde Ribeiro da
Costa.
Os investigadores encontraram e-mails enviados por Aldemir
Bendine para o departamento jurídico da Petrobras sobre a possibilidade de
suspender medidas tomadas contra a empreiteira durante a deflagração das
primeiras fases da Lava-Jato, sobretudo em relação à Odebrecht Óleo e Gas e o
Estaleiro Paraguaçu.
“Essa sinalização do jurídico demonstrou ser muito
arriscado (o favorecimento à Odebrecht) e por isso Bendine recuou desses atos
de ofício”, explicou Costa.
Os pagamentos foram intermediados pela empresa de
publicidade de André Gustavo Vieira da Silva. Segundo o procurador, Bendine e
André também combinaram e efetuaram o recolhimento de impostos para dificultar
o trabalho investigativo.
Os procuradores da Lava-Jato aproveitaram a entrevista
coletiva, também, para tratar das duas decisões do ministro do Supremo Tribunal
Federal Gilmar Mendes que libertaram o empresário Jacob Barata Filho, acusado
de corrupção pelo suposto pagamento de propinas a políticos em troca de
vantagens no setor de transportes do Rio de Janeiro.
“Nós do MPF, até como cidadãos, entendemos que a
posição do Procurador-Geral da República em pedir o reconhecimento da suspeição
de Gilmar Mendes é a mais acertada pelas evidentes ligações que Gilmar e seus
familiares, objetiva e subjetivamente, com o empresário que foi preso”,
afirmou Carlos Fernando dos Santos Lima.
O procurador também criticou o projeto de reforma política
que deverá ser colocado em votação no Congresso nesta semana e que deve
instituir o “semidistritão”. Para o procurador, a reforma não
representaria nenhuma renovação menor que a do atual sistema.
“Os atuais membros do Congresso estão promovendo uma
reforma política mpara manterem o sistema e para se manterem lá, não só como
deputados ou senadores, mas com foro privilegiado”, afirmou Carlos
Fernando.
O Globo