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terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Espetáculos

Grupo Asas de Picadeiro leva arte às periferias da Capital

4º Edição do projeto “Arte na Periferia” vai cruzar por 10 bairros de Goiânia. Entrada é franca

Postado em 26 de agosto de 2017 por Victor Pimenta
Grupo Asas de Picadeiro leva arte às periferias da Capital
4º Edição do projeto “Arte na Periferia” vai cruzar por 10 bairros de Goiânia. Entrada é franca

Victor Lisita*

Dos egípcios aos indianos, dos chineses aos gregos, é certo que
quase todas as civilizações antigas já praticavam algum tipo de arte há pelo
menos mil anos. Tais manifestações estéticas ou comunicativas expressam emoções
e ideias, que tecem um significado único e diferente para cada ação e pessoa
que a contempla. Sua definição varia com o tempo e de acordo com as várias
culturas humanas, pois seu próprio conceito é uma construção cultural variável
e constante. O certo é que a arte, independente de como e por quem é feita,
consegue encontrar um local especial nos corações de cada indivíduo, ao mesmo
tempo em que estimula a imaginação e manifesta novos costumes.

Lenon Alves costumava frequentar um circo que se instalava nos
campos de futebol em seu setor a cada semestre. O que diferencia o “antes” do
“hoje” é sua percepção de que a população não tem mais acesso fácil às
expressões artísticas, “elas são carentes, dentre tantas coisas, de arte e
cultura”. Por meio desses dois pilares, ele e o Grupo Asas de Picadeiro se
organizam para levar experiências de outrora às comunidades periféricas de
Goiânia; o que, por sua vez, representa despertar, alertar e sensibilizar
pessoas para as coisas boas que podem ser praticadas na vida apenas com o
exercício do bem comum.Quando ele e a companhia chegam aos bairros e começam a
surgir palhaços, o picadeiro e o camarim, é dado início a um momento mágico na
região, “como se naquele instante, todos abandonassem os problemas, a
violência, o momento atual do país e se envolvessem com as atrações”.

A história conta que a arte circense apenas tomou forma durante
o Império Romano, porém, não como se conhece hoje, visto que atrações como
corridas de carruagem, lutas de gladiadores e apresentações com animais
selvagens faziam parte da programação de entretenimento do público. Foi na
Inglaterra do século XVIII que surgiu o circo moderno, com seu picadeiro
circular e a reunião de atrações que ainda hoje compõem o espetáculo. O sucesso
foi tamanho que, 50 anos depois, a arte circense inglesa era imitada não só no
resto do continente europeu, mas atravessara o Atlântico e se espalhara pelos
quatro cantos da Terra.

Criado em 1986 pelo artista circense Manoel Alves de Jesus,
conhecido como Sapeca, o Grupo Asas de Picadeiro é composto por uma diversidade
de artistas, que vão desde arte-educadores e artesões até brinquedistas
populares. Lenon conta que a trupe traz em seu perfil a pedagogia do lúdico e
do encantamento por meio do mundo mágico da arte do circo. “O grupo não se
contenta em fazer apenas arte por arte, mas sim de levar, em suas performances,
atrações educativas e reflexivas para o processo de formação para a vida e de
um jeito ecológico”.

O projeto tornou-se bastante conhecido na cidade, tendo ganhando
vários prêmios e até mesmo reconhecimento da Funarte. A realização dos
espetáculos se dá através das leis de incentivo à cultura e possuem sempre um
caráter aberto para o público, uma vez que os espetáculos ocorrem em ruas,
praças e feiras livres, sempre trazendo o lazer criativo e sadio como
protagonista. “Sempre fez parte do nosso objetivo-missão
facilitar o processo de entendimento da cultura de paz e humanização. Ela é capaz
de despertar no ser humano curiosidades que podem contribuir com informações
necessárias para o desenvolvimento cognitivo e afetivo, principalmente das
famílias em situação de vulnerabilidade social”. explica Lenon.

Arte na Periferia

Desde 2009, a companhia leva para as periferias de Goiânia um
projeto de democratização social e acesso as artes chamado “Arte na Periferia”.
Com uma série de espetáculos artísticos e circenses que circulam bairros da
Capital. A trupe fortalece e difunde a diversidade de manifestações culturais
com um espaço alternativo para a eclosão de novas ações locais e regionais. E
neste ano não poderia ser diferente.

Da primeira edição até a atual, o projeto atingiu mais de 30
bairros das periferias da região metropolitana de Goiânia. Do dia 26 de agosto
até 23 de setembro, a 4º Edição do Arte na Periferia vai cruzar por 10
subúrbios goianienses, com a proposta de valorizar, resgatar e preservar a
memória artística e a cultura popular. Como o próprio grupo descreve, “trata-se
de um rebuliço de expressões, destruindo pesadelos e renovando sonhos de um
novo dia. É um picadeiro de arte, cultura e cidadania”.

As atrações de cada show são compostas por um espetáculo-base de
variedades e interações circenses, que serão concebidas e encenadas pelo grupo.O
roteiro cênico será complementado com a participação espontânea de artistas do
anonimato, descobertos em cada comunidade, e das pessoas (crianças e adultos)
que participarão das interações brincantes. Palhaços, pernas de pau,
malabaristas, mágicos, pirofagistas, acrobatas, monociclistas, comediantes e
equilibristas são algumas das apresentações que serão intercaladas com brincadeiras
e performances de novos talentos.

Confira o cronograma desta edição: 26 de agosto(Bairro
São Francisco); 01 de setembro (Chácara do Governador); 02 de setembro (Setor
Novo Planalto); 03 de setembro(Conjunto Vera Cruz); 07 de setembro(Jardim
Curitiba I); 08 de setembro (Finsocial); 10 de setembro(Jardim Nova Esperança);
15 de setembro (Goiânia Viva); 21 de setembro (Residencial Vale dos Sonhos) e
23 de setembro(Jardim Novo Mundo).A estimativa de público para cada espetáculo
é de 600 pessoas. 

*Victor Lisita é integrante do programa de estágio do jornal O Hoje, sob a supervisão de Naiara Gonçalves.

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