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Inteligência Artificial

Pesquisa revela: 31% das pessoas não se opõem ao casamento com IA

Especialista comenta as problemáticas das relações pseudo sociais com Inteligência Artificial

Eduarda Leitepor Eduarda Leite em 27 de junho de 2025
Especialista explica como os chatbots de Inteligência Artificial podem ser prejudiciais para a saúde mental

A Inteligência Artificial (IA) transforma a vida moderna não apenas no que se diz respeito à automação do trabalho, indústria e consumo de produtos e serviços. A mudança também vem no processo de socialização das pessoas, principalmente com a popularização dos chatbots, ou seja, programas de computador projetados para simular conversas humanas por meio de IA. A pesquisa Inteligência Artificial na Vida, publicada em 2024 pela Talk Inc, mostra que 31% das pessoas não se opõem ao casamento com IA.

De acordo com Jullena Normando, pesquisadora em Comunicação e Inteligência Artificial pela Universidade Federal de Goiás, esse tipo de construção revela riscos para a saúde mental humana. “As IA’s são programadas para passar a ilusão de que são capazes de atender necessidades humanas. Nos Estados Unidos, por exemplo, há uma ferramenta popular que permite a criação do parceiro amoroso perfeito” explica a especialista.

Uso da IA como terapia

“A tentativa de construir relações essencialmente humanas por meio de fórmulas matemáticas é busca sem fim, inclusive quando falamos de apoio terapêutico”, continua Jullena. A mesma pesquisa da Talk Inc também aponta que um a cada 10 brasileiro recorrem aos chatbots em busca de terapia.

Nesse sentido, a procura por apoio emocional em algo não-humano, segundo a pesquisadora, aponta a antropomorfização das conversas com IA. Isso quer dizer que as pessoas atribuem, cada vez mais, significados humanos a textos que só foram construídos graças a um conjunto de códigos e dados.

“A terapia é um tratamento que não pode ser substituído por ferramentas não-humanas, já que, as abordagens utilizadas para cuidar da saúde de um paciente são baseadas baseadas em experiências humanas.  Um chatbot não é capaz de compreender emoção, sofrimento. Por isso, essa pode ser uma alternativa pouco eficaz”, comenta a pesquisadora Jullena.

O uso de chatbots para apoio emocional é questionável pela comunidade científica. Mesmo com isso, é possível que o público veja nessa ferramenta uma oportunidade acessível para cuidar da saúde mental. Outra pesquisa realizada pela Associação Médica Brasileira aponta que apenas 5% dos brasileiros fazem terapia, mas cerca de 17%  usam medicamentos. Isso revela uma tendência pela busca de alternativas mais práticas em relação à terapia convencional.

“Seja por questões financeiras ou qualquer outro motivo, há fatores no caminho da manutenção da saúde mental do brasileiro, e essa é uma questão de saúde pública que não pode ser mascarada pelas relações pseudo sociais que uma conversa chatbots permite”, conclui Jullena.

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