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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
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Endividamento das famílias é o menor desde janeiro de 2013

Estudo do Ceper/Fundace também mostra redução da inadimplência no mês de junho deste ano

Postado em 30 de agosto de 2017 por Guilherme Araújo
Endividamento das famílias é o menor desde janeiro de 2013
Estudo do Ceper/Fundace também mostra redução da inadimplência no mês de junho deste ano

O endividamento das famílias em relação à renda dos últimos 12
meses chegou a 41,53% no mês de maio, o menor valor desde janeiro de 2013. É o
que mostra o Boletim Crédito do Ceper/Fundace. A trajetória de queda do
endividamento vem sendo observada desde setembro de 2015.

“Isso indica
que as famílias estão fazendo um esforço para pagar suas dívidas e não estão
tomando novos empréstimos em decorrência da situação da economia brasileira”,
avalia o pesquisador Luciano Nakabashi, que também é docente da FEARP-USP
(Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo).

O estudo
também mostra redução da inadimplência no mês de junho de 2017 em relação ao
mês anterior, tanto para pessoa física quanto para pessoa jurídica, revertendo
a trajetória de alta da inadimplência total. Para Nakabashi, essa queda, apesar
de positiva, não permite concluir que a situação financeira dos agentes
melhorou, mas é um elemento positivo em um processo de retomada da economia.

O estoque das
operações de crédito tanto para pessoas físicas quanto jurídicas sofreu queda,
apontando o processo de desalavancagem das empresas e famílias.  A
trajetória de queda do estoque das operações de crédito, tanto para pessoas
físicas quanto jurídicas, iniciada em dezembro de 2014, mostra que a situação
do mercado de crédito no Brasil ainda está abalada pela baixa atividade
econômica do Brasil, mas também aponta um maior fôlego para a retomada de
empréstimos em períodos de recuperação da economia.

Os dados do
Boletim do Ceper mostram que ocorreu redução do volume de crédito das
categorias – total, empréstimos e títulos descontados, financiamentos em geral
e financiamentos imobiliários – na comparação de maio de 2017 com maio de 2016
em todas as regiões analisadas.

As operações
de crédito sofreram significativa redução no município de Campinas e os
segmentos de empréstimos e títulos descontados e financiamentos em geral
apresentaram redução significativa em Sertãozinho. Já financiamentos
imobiliários foram mais afetados na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

O Agronegócio
foi a única categoria de crédito dentre as analisadas que apresentou
crescimento nos últimos doze meses encerrados em maio deste ano, mas apenas em
Sertãozinho e Campinas. Além disso, somente Campinas apresentou crescimento no
acumulado de janeiro a maio, em comparação com o mesmo período de 2016.


Análise

O mercado brasileiro de crédito contou com redução do
endividamento das famílias e redução do estoque das operações de crédito de
pessoas físicas e jurídicas. As operações de crédito foram inferiores às
registradas no mesmo período do ano anterior. O segmento econômico mais afetado
pela redução do crédito, nos últimos meses, foi a indústria, seguida por
agropecuária e serviços.

Houve redução
da demanda e oferta de crédito destinada ao consumo e para pequenas e médias
empresas e houve ainda redução percentual no volume de aprovações de crédito. O
setor habitacional foi menos afetado e contou com aumento da oferta de crédito
para financiamentos no segundo trimestre deste ano.

No entanto,
alguns indicadores apontam melhorias no mercado. Além da redução da
inadimplência de pessoas físicas e pessoas jurídicas registrada em junho, houve
redução no percentual de atrasos de 90 dias do pagamento de operações de
crédito pendentes.

O processo de
desalavancagem das empresas e famílias e a queda da inadimplência mostram que a
economia vem apresentando um ajuste que será importante no processo de
retomada. Adicionalmente, a trajetória de redução da taxa de juros irá
estimular o mercado de crédito com mais força no segundo trimestre de 2017 e
primeiro de 2018 através de investimentos e consumo.

“Os
indicadores apresentam um alento no curto prazo, mas uma retomada mais
consistente da economia ainda depende da aprovação de reformas importantes,
como a previdenciária e tributária. Manter a agenda de reformas é fundamental
para o controle dos gastos do governo e para o aumento da eficiência econômica,
elementos essenciais para a manutenção do crescimento por períodos mais longos
de tempo”, conclui Nakabashi.

O Centro de
Pesquisa em Economia Regional foi criado em 2012 e tem como objetivo
desenvolver análises regionais sobre o desempenho econômico e administrativo
regional do País. Sua criação reúne a experiência de diversos pesquisadores da
FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto)
da Universidade de São Paulo em pesquisas relacionadas ao Desenvolvimento
Econômico e Social em nível regional, a análise de Conjuntura Econômica, Financeira
e Administrativa de municípios e Gestão de Organizações municipais, entre
outros. A iniciativa de criação do Centro foi dos pesquisadores Rudinei Toneto
Junior, Sérgio Sakurai, Luciano Nakabashi e André Lucirton Costa, todos da
FEA-RP/USP. Os Boletins Ceper têm o apoio do Banco Ribeirão Preto, Stéfani
Nogueira Incorporação e Construção, São Francisco Clínicas, Citröen
Independance e CM Agropecuária e Participações.

A Fundação
para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia
(Fundace) é uma instituição privada sem fins lucrativos criada em 1995 para
facilitar o processo de integração entre a FEA-RP e a comunidade. Oferece
cursos de pós-graduação (MBA) e extensão em diversas áreas. Também realiza
projetos de pesquisa in company além do levantamento de indicadores econômicos
e sociais nacionais regionais.

Com informações da
Fundace. / Foto: reprodução.

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