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sábado, 23 de novembro de 2024
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Alergia alimentar

Cerca de 70% dos brasileiros têm algum grau de intolerância à lactose

Especialistas falam sobre sintomas e explicam a diferença entre a intolerância e a alergia ao leite

Postado em 3 de setembro de 2017 por Márcio Souza
Cerca de 70% dos brasileiros têm algum grau de intolerância à lactose
Especialistas falam sobre sintomas e explicam a diferença entre a intolerância e a alergia ao leite

Márcio Souza*

Na
correria do dia a dia, comer fora de casa tem sido algo corriqueiro na vida de
muitas pessoas. O que também é bastante comum é encontrar alguém que não tenha
passado bem após ingerir algum alimento. Coceira nos lábios, diarreia, vômitos,
distensão abdominal podem ser um sinal de alergia alimentar. Estima-se que as
reações alimentares de causas alérgicas verdadeiras acometam 6% das crianças
com menos de três anos de idade e 3,5% dos adultos.

Segundo o médico alergista Daniel Strozzi, a alergia é uma
resposta aumentada do sistema imunológico a uma substância comum em nosso meio
através de inalação, contato ou ingestão. Strozzi ressalta que além da alergia alimentar, outros tipos de alergias surgem na sociedade, como: Dermatite de Contato, Dermatite atópica, Urticária e
Angiodema, Conjuntivite alérgica e Asma.

Beber leite, comer queijo e, de repente, não conseguir mais
ingerir porque dá um mal estar, pode ser intolerância à lactose, ou alergia ao
leite.

De acordo com a nutricionista Aline Sousa Santos Mendonça, a
intolerância à lactose é devido ao organismo não produzir quantidades adequadas
da enzima lactase que é a responsável pela digestão da lactose, que se trata de
um carboidrato. Quando esta enzima não é produzida nas suas quantidades normais, o que sobra da lactose é acumulada no intestino, fermentando as bactérias e
causando diarreia, gases e cólicas. Já, a alergia à proteína do leite de vaca é
quando o organismo entende que estas proteínas são um agente agressor para o
organismo.

Ainda de acordo com a Aline, a intolerância alimentar pode ser entendida como hipersensibilidade alimentar. Geralmente, depois de ingerir determinado alimento, e este entrar em contato com a mucosa intestinal, provoca inchaço na barriga e desconforto acompanhado de dor abdominal, gases, enjoos, diarreia ou prisão de ventre e vômitos.

A nutricionista conclui que para substituir alimentos que causam a alergia é necessário saber o alimento específico. “Alérgicos ao glúten presente no trigo, pode substituir o produto por farinha de arroz, fécula de batata ou mandioca e polvilho, por exemplo. Para alergia ao ovo, é possível fazer receitas de bolo a partir do uso de algumas frutas. Para substituir o leite, pode ser usado leite de amêndoas, leite de arroz, leite de coco, leite de aveia e leite de soja – porém, atenção para os alérgicos à soja -. Para substituir alimentos alérgicos nas quantidades e proporções adequadas o ideal é consultar um profissional de saúde”, orienta.    

Lidjane Corrêa Soares, de 36 anos, é intolerante à lactose há
cinco anos. A agente comunitária de saúde conta que no início não foi fácil.
Produtos derivados do leite se tornaram grandes vilões de sua saúde. “Não posso
comer nada que tenha o leite como ingrediente. Também tenho que evitar o
bolo e a maioria dos alimentos industrializados. É um
processo muito difícil, até porque mesmo as pessoas próximas nunca se lembram do meu problema”,
conta.

A agente de saúde ressalta que devido a intolerância à lactose seu
intestino ficou muito sensível e, para evitar dores, deixou de comer também algumas
massas. “É comer e passar mal na
hora. E quando algum alimento leva leite na sua composição, sinto
formigamentos no corpo, principalmente na boca, na língua e bochechas, além de
fortes dores estomacais. Conviver com essa alergia não é fácil,
temos que nos adaptar”, completa.

A vida de quem tem alergia a alimentos como leite, ovo, farinha de
trigo é difícil. Alimentos que parecem inofensivos podem causar sérios
problemas de saúde.

Foi durante uma endoscopia que Quêzia Maria dos Santos, de 40
anos, descobriu que tem refluxo gastroesofágico. Com isso, passou a desenvolver
alergia ao leite e a outros alimentos. “Beber um copinho de leite, comer um
brigadeiro e até tomar sorvete pode ser um pesadelo. Tenho evitado churrasco também, pois não
para no estomago e sinto muitas dores depois. Tenho que dormir sentada, com três
travesseiros, porque eu não posso deitar na cama. Se deito, o mal estar só
piora. Aí tenho que tomar remédio para aliviar a dor”, afirma.

Pesquisas indicam que 70% dos brasileiros têm algum grau de
intolerância à lactose. O presidente Michel Temer sancionou em julho de 2016 a
Lei Nº 13.305 que obriga que os rótulos de alimentos informem sobre a presença
de lactose nos produtos. Além de informar se o produto contém ou não lactose, os rótulos também devem informar o teor, caso o original tenha sido alterado.

*Márcio Souza é integrante do programa de estágio do jornal O Hoje, sob a supervisão de Naiara Gonçalves

Foto: Reprodução

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