Ainda bebê, Cintya Ribeiro, hoje com 38 anos, foi
diagnosticada com um quadro de bronquite. O agravamento da doença atingiu o seu
sistema auditivo, fazendo com que aos dez meses de idade ela perdesse
totalmente sua audição. Há oito anos ela se submete à um tratamento no Centro
de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo (CRER), que lhe garantiu
mais autonomia e a chance de conquistar o seu primeiro emprego. Há dois meses
Cintya trabalha como auxiliar de produção em uma fábrica de roupas goiana.

A recém-contratada da
empresa comenta a importância de se sentir incluída socialmente e como ainda há
muita discriminação em relação aos deficientes auditivos. Mãe de dois filhos,
um rapaz de 17 anos e uma jovem de 22 anos, Cintya diz que muitas pessoas, por
causa de sua deficiência, a têm como uma boba. 
“Muita gente ainda duvida que não posso ouvir. Outras pessoas riem
quando notam que tenho muita dificuldade em pronunciar as palavras e algumas
até perdem a paciência quando realmente percebem o meu problema”, conta.

João Henrique Cruz, 34 anos, que há dois meses também
trabalha na fábrica possui a mesma deficiência de Cintya. Só que, diferente de
sua colega de trabalho, João Henrique convive com a surdez há bem menos tempo,
há três anos mais exatamente, e a causa do problema ainda é desconhecida pelos
médicos.

Mesmo tendo a doença há pouco tempo, ele conta que também já
sofreu discriminação por sua deficiência. João Henrique, que sempre trabalhou,
após a aquisição da surdez sentiu muita dificuldade em conseguir trabalhar para
sustentar seus dois filhos, uma menina de 11 anos e um garoto de 12 anos. Mas
foi no trabalho que ele encontrou um novo caminho para se incluir. De acordo
com João Henrique, a sua contratação na empresa o ajudou a superar os desafios
diários com a deficiência, além de ter mostrado a ele, o quanto é importante
sentirmos-nos úteis e produtivos.

Cinthya e João Henrique fazem parte de um grupo de 14
colaboradores da fábrica da Jean Darrot que são portadores de algum tipo de
deficiência. Segundo o gerente de Recurso Humanos da empresa, Antônio Pelágio,
a contratação de pessoas com deficiência traz um ganho interessante para o
trabalho, pois estimula a convivência com as diferenças, e os colaboradores.
“Nós estimulamos a boa convivência entre pessoas diferentes, isso nos ajuda
também no dia a dia como seres humanos. Outro motivo pelo qual damos
oportunidades a essas pessoas com alguma deficiência é para que elas aprendam e
vejam que são capazes de exercer funções dentro de uma empresa como qualquer
outra pessoa, independente de barreiras ou não”, conta.