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sábado, 23 de novembro de 2024
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CASO RODRIMAR

Raquel Dodge quer ouvir Temer em inquérito

Procuradora-geral solicitou ao STF autorização para colher o depoimento do presidente da República

Postado em 3 de outubro de 2017 por Guilherme Araújo
Raquel Dodge quer ouvir Temer em inquérito
Procuradora-geral solicitou ao STF autorização para colher o depoimento do presidente da República

A procuradora-geral da República,
Raquel Dodge, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para
colher o depoimento do presidente Michel Temer no inquérito em que ele é
apontado como suspeito dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O documento foi encaminhado ao
ministro Luís Roberto Barroso, que em setembro autorizou a abertura de uma nova
investigação contra Temer, a pedido do então procurador-geral da República,
Rodrigo Janot.

Neste inquérito, Temer é
investigado pelo suposto favorecimento ilegal da empresa Rodrimar S/A por meio
da edição do chamado Decreto dos Portos (Decreto 9.048/2017), editado em maio
deste ano. Em troca, haveria o pagamento de propina. O negócio teria sido
intermediado pelo ex-assessor especial da Presidência Rodrigo Rocha Loures.

O caso veio à tona após o
presidente ter sido gravado pela Polícia Federal (PF) em uma conversa
telefônica na qual Rocha Loures questiona sobre o andamento do decreto. O
ex-assessor também foi gravado ao telefone com os empresários Ricardo Conrado
Mesquita e Antônio Celso Grecco, ambos vinculados à empresa Rodrimar S/A.

Além de Temer, Rocha Loures e os
executivos Conrado Mesquita e Celso Grecco, a procuradora-geral da República,
Raquel Dodge, quer ouvir: o coronel aposentado João Baptista Lima Filho,
apontado como assessor pessoal de Temer; José Yunes, amigo do presidente;
Gustavo do Vale Rocha, assessor jurídico da Casa Civil; Edgar Safdié, suspeito
de ser operador de propina; e Ricardo Saud, executivo da JBS que teria
participado do esquema.

Raquel Dodge quer que sejam
fornecidos os possíveis registros de entrada de todas essas pessoas no Palácio
do Planalto durante todo o ano de 2017, entre outras diligências. A procuradora
pediu prazo de 60 dias para a conclusão do inquérito.

Em outro inquérito do qual Temer
é alvo, relatado pelo ministro Edson Fachin, foi permitido ao presidente da
República prestar depoimento de forma escrita, embora o benefício seja
assegurado ao ocupante do cargo somente nos casos em que ele é testemunha, e
não investigado.

Defesa

Em manifestação enviada ao STF, a
defesa do presidente Michel Temer afirmou que a empresa Rodrimar S/A não foi
beneficiada pelo Decreto dos Portos, argumentando que houve amplo debate com o
setor portuário antes da edição do decreto, “não comportando qualquer
sigilo ou informação privilegiada no que tange às negociações”.

Segundo a defesa, a norma ampliou
as concessões de 35 anos para 70 anos, mas apenas as iniciadas após 1993,
atingindo as concessões de dezenas de empresas, não somente a Rodrimar.

Em nota divulgada à época da
abertura do inquérito, a Rodrimar disse que o Decreto dos Portos atendeu a uma
reivindicação de todo o setor de terminais portuários do país.

“Ressalte-se que não foi uma
reivindicação da Rodrimar, mas de todo o setor. Os pleitos, no entanto, não
foram totalmente contemplados no decreto, que abriu a possibilidade de
regularizar a situação de cerca de uma centena de concessões em todo o país”,
diz o texto. (Abr) 

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