Irmãos Batista lucraram R$ 238 milhões com delação premiada, diz MPF
Segundo que a CVM já havia detectado movimentação estranha com a queda da bolsa, foi a maior desde 2008 e a valorização de dólar, em um dia, foi a maior desde 2009
O Ministério Público Federal em
São Paulo (MPF-SP) acusa os irmãos Joesley e Wesley Batista, empresários do
grupo J&F, de terem lucrado R$ 238 milhões ao comprar e vender ações das
próprias empresas, além de dólares, enquanto negociavam um acordo de delação
premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Eles foram denunciados
hoje (10) pelo órgão pelos crimes de uso indevido de informação privilegiada e
manipulação do mercado, uma vez que realizaram as transações sabendo que a
gravidade dos fatos apontados na delação poderiam abalar o mercado financeiro.
“Fazendo uso dessas informações,
os irmãos Batista fizeram movimentações atípicas no mercado financeiro,
atestadas pela Comissão de Valores Imobiliários [CVM] e por perícia da Polícia
Federal”, explicou a procuradora Thaméa Danelon. Do valor lucrado, R$ 100
milhões foram adquiridos com a compra de dólares. A outra parte foi obtida por
meio da compra e recompra de ações da JBS. “Neste caso não houve lucro, mas
eles deixaram de perder”, apontou a procuradora. Wesley pode pegar até 18 anos
de prisão e Joesley até 13 anos. Além disso, os irmãos podem ter que pagar
multa de até três vezes o valor lucrado.
O procurador Thiago Lacerda
destaca que a denúncia se sustenta porque há um “contexto probatório”.
“Primeiro que eles não negam que deram a ordem [para a compra e venda das ações
e dos dólares]. Segundo que a CVM já havia detectado movimentação estranha com
a queda da bolsa, foi a maior desde 2008 e a valorização de dólar, em um dia,
foi a maior desde 2009. São fatos que, somados a uma movimentação atípica,
mesmo para dentro dos quadros da empresa, fica muito claro, inclusive apontado
por laudos periciais, de que são responsáveis sim”, apontou.
Segundo a denúncia do MPF, as
operações ilegais de venda e compra de ações ocorreram entre 31 de março e 17
de maio. A conversa com o presidente Michel Temer foi gravada por Joesley no
dia 7 de março e no dia 28 do mesmo mês os denunciados assinaram termo de
confidencialidade com a PGR. No dia 3 de maio, o acordo de delação premiada foi
assinado e posteriormente homologado no dia 11 pelo Supremo Tribunal Federal
(STF). No dia 17, véspera do fim do sigilo do acordo pelo STF, as informações
foram vazadas para a imprensa.
Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução