Prevenção ao câncer de próstata pode salvar vidas
Arquiteto que teve câncer de próstata diagnosticado precocemente, em exame de sangue de rotina, faz palestra para compartilhar experiência com trabalhadores da construção civil e quebrar tabus
Ainda nem havia chegado o tempo do arquiteto Paulo Renato Alves fazer os exames preventivos. Mas, por sorte – ou providência divina para os que acreditam – ele resolveu fazer um check up com seu nutrólogo no final de 2016. Aos 42 anos, acabou descobrindo, por meio de um exame de sangue, que estavam altos seus níveis de Antígeno Prostático Específico, conhecido pela sigla PSA (prostate specific antigen, em inglês). Era um sinal de alerta para um câncer de próstata, mal que mata um homem no Brasil a cada 36 minutos, segundo dados do Ministério da Saúde.
“De imediato marquei uma consulta com o urologista, que me pediu um outro exame de sangue mais detalhado e os índices continuaram altos. Fiz também uma ressonância magnética e outro exame do qual não me recordo o nome. Foi depois desses outros exames que foi constatado que eu estava com um tumor e havia grandes chances de ele se maligno”, relembra o arquiteto.
Ao fazer a grave constatação, Paulo Renato conta que, ao invés de se lamentar, preferiu agir rápido e descobriu como a prevenção salvou sua vida. “Eu felizmente descobri o câncer muito no começo. O tumor havia tomado 10% da próstata apenas. Todos os médicos que eu consultei me disseram que se eu tivesse esperado até os 45 anos, idade a partir da qual os exames preventivos são recomendados, o meu problema poderia ser irreversível. E foi a partir daí que eu percebi na prática que a grande questão do câncer de próstata é a prevenção”, afirma.
Ele acabou tendo que fazer a cirurgia de extração da próstata mas, apesar do impacto do tipo de cirurgia realizada ter sequelas como a infertilidade (caso opte por ter filhos no futuro, será avaliada a possibilidade de recorrer a retirada dos espermatozóides diretamente dos testículos para fazer uma fertilização in vitro), Paulo Renato se sente um vitorioso e não uma vítima do destino. Ele também comemora o fato de não ter sido necessário se submeter a tratamentos mais agressivos como quimioterapia e radioterapia.
O arquiteto diz que a postura otimista em relação a doença o ajudou muito. “Eu não encarei isso como uma tragédia, não achei que fui premiado negativamente com esse problema. O sentimento de ter conseguido, de ter sobrevivido é muito importante. De que você fez por onde e por isso está vivo. Isso vai além de filosofias ou crenças. Você tem que fazer a sua parte, agir o quanto antes para minimizar as consequências”, ensina e lembra que o primeiro preventivo é um exame de sangue e, caso necessário, o exame de toque retal, “que não dói nem apaixona”, brinca com o receio dos homens.
Depois de ter passado pelo problema, Paulo Renato decidiu compartilhar a sua experiência. Ele quer contribuir para minimizar os receios que muitos homens ainda enfrentam em relação à prevenção ao câncer de próstata e ao tratamento da doença. “Se eu salvar uma vida que seja, ao compartilhar essa minha experiência, para mim já valeu a pena passar por tudo que passei”, diz.
Por isso, ao longo do mês de novembro, o arquiteto participará do Novembro Azul do Serviço Social da Indústria da Construção no Estado de Goiás (Seconci-Goiás), dando o seu depoimento para os colaboradores dos canteiros de obras em Goiânia, cujo público é majoritariamente masculino. Durante todo o mês, a entidade estará todos os dias em uma obra diferente com sua equipe de saúde para levar esclarecimentos e conscientização sobre o câncer de próstata. Paulo Renato, dará sua contribuição em algumas palestras. “Vou lá para dizer a eles que, ao fazer o exame preventivo, as chances de sobrevivência são de quase 100%. Então, para quê correr riscos se um exame pode ajudar a salvar a sua vida?”
Duas de suas participações estão marcadas para esta semana. Uma aconteceu hoje (8) pela manhã com a equipe da Galeria da Caixa Econômica Federal, no Setor Bueno. Amanhã (9) às 07h, ele estará no Varandas de Ipanema Residence, no Jardim Atlântico em frente ao Parque Cascavel.