Terceirização reduz inadimplentes
Segundo especialista do mercado imobiliário a melhor forma de dissipar a inadimplência e, principalmente, os distratos, é terceirizando a cobrança
Nathan Sampaio*
Considerado constrangedor, o ato de cobrança é um dos trabalhos mais complexos e delicados do mercado. Além disso, quanto maior o atraso, menor a possibilidade de o devedor inadimplente solver a obrigação, causando transtorno para si próprio, para prestadores de serviço e empresas. Quando o assunto envolve o contrato de compra ou venda de imóvel, por exemplo, as consequências são ainda piores, trazendo o aumento no índice de distratos imobiliários. Segundo o advogado e diretor da Comissão de Direito Imobiliário e Urbanístico da OAB de Goiás, Caio Cesar Mota. Isto afeta a saúde financeira dos empreendimentos e, consequentemente, da economia brasileira.
Para Caio, o aumento do inadimplemento contratual se dá, na grande maioria das vezes, pela má gestão dos serviços de prevenção e monitoramento das empresas com relação aos devedores. “Com a terceirização há metas e trabalhos constantes sendo desempenhados por profissionais qualificados, além de estruturas física e tecnológica adequadas, possibilitando ao empresário concentrar sua atenção na sua atividade principal que é empreender e gerar negócios. Outro ponto positivo é que não há investimento do empresário, pois pra cobranças extrajudiciais quem paga os honorários são os próprios devedores”, explica.
É o que acontece com o empresário Thiago Virgílio, 38, responsável por uma imobiliária que leva seu nome e contratou uma empresa terceirizada, há mais de um ano, para cobrar seus clientes. O gestor de imóveis diz que “a diferença entre antes e depois é grande, a inadimplência diminuiu 29% neste último ano. Também não tenho de me preocupar com custos de empregados e infraestrutura para o desempenho dessas atividades e, além disso, antes era difícil pra eu ter o controle de tudo, agora, com um terceiro como colaborador, não preciso me preocupar tanto”.
Isso acontece, pois a adoção dessas medidas permite maior equilíbrio financeiro aos negócios e considerável redução do número de distratos contratuais. Recentemente uma pesquisa feita pela agencia de classificação de riscos Fitch Ratings apontou que 41% dos contratos imobiliários sofreram distratos, enquanto para as empresas que trabalham com cobrança terceirizada os números são de, aproximadamente, 11,5%, o que representa quase 1/4 da média comum, ou seja, menos inadimplentes, menos rescisões.
Apesar disso, de acordo com a Abecip, Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, desde 2016 houve um aumento na quantidade de pessoas que perderam seus bens em função de inadimplência, seja de crédito imobiliário, seja de cotas de condomínio, porém não há estatísticas, apenas a comprovação. Na Caixa Econômica, por Exemplo, responsável pela maior parte do crédito para casa própria no país, essas retomadas cresceram 80,9% em 2016, um número de 15.881 imóveis.
Em Goiás, na contra mão destes dados, o primeiro semestre registrou a queda em distratos imobiliários. Em 2016, neste período, os distratos somavam R$ 136 milhões mensais, para R$ 102 milhões neste ano, ou seja, uma queda de, aproximadamente, 25%. Para Caio Cesar Mota, isso já pode ser resultado da consciência das empresas em contratar terceiros para cuidar dos inadimplentes. (Especial para O Hoje)