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terça-feira, 26 de novembro de 2024
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Visão

Miopia deve atingir metade da população mundial em 2020

Uso excessivo da tecnologia pode provocar malefícios à visão de crianças e adolescentes

Postado em 26 de dezembro de 2017 por Sheyla Sousa
Miopia deve atingir metade da população mundial em 2020
Uso excessivo da tecnologia pode provocar malefícios à visão de crianças e adolescentes

Gustavo Motta*

Um estudo realizado pelo Instituto Penido Burnier, em Campinas (SP), com 360 crianças de 9 a 12 anos, demonstrou uma prevalência da miopia em 21% das que eram expostas diariamente a monitores por até seis horas. Nessa faixa etária, a média identificada pelo Conselho Brasileiro de Oftamologia (CBO) chega a 12%, um número menor. O fenômeno acontece quando o paciente focaliza a imagem antes dela chegar à retina, o que torna embaçada a visualização de objetos a distância.

A miopia foi considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “a epidemia do século”. Conforme a OMS, metade da população mundial será míope até 2020. O relatório Situação Mundial da Infância 2017, publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), alerta que jovens com menos de 18 anos representam um terço do número de internautas no mundo.

Crianças e jovens

O oftalmologista e cirurgião ocular doutor Roberto Limongi destaca que, muitas vezes, as crianças com problemas na visão têm dificuldades em comunicar aos responsáveis quando apresentam dificuldades para enxergar. “Diferentemente dos adultos, muitas vezes elas não conseguem nem perceber que estão com miopia”, destaca o médico. O especialista ressalta que, na infância, casos de baixo rendimento escolar podem ser explicados por dificuldades na visão. 

Limongi afirma que crianças expostas à monitores por muito tempo, especialmente que se posicionam com proximidade da tela, também precisam ser submetidas a exames. “A luz azul das telas, por exemplo, pode desregular padrões de sono e humor por conta da alta exposição”, afirma. 

A oftalmologista Patrícia Rocha, da Clínica Oftalmed (DF), diz que monitores de cristal líquido cansam menos a vista do que os antigos: “Eles vêm como uma superfície antirreflexo e melhor definição das imagens”.

Roberto Limongi, que assume a presidência da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular (SBCPO) em janeiro de 2018, conta que a passagem do tempo distante de telas luminosas pode contribuir para um menor quadro de incidência da miopia: “Um estudo na China mostrou que crianças com faixa etária do ensino primário, que passavam 40 minutos ao ar livre, tinham 23% menos chances de desenvolver a doença em um período de até três anos”. O médico acredita que passar ao menos duas horas por dia, ao ar livre, pode evitar a doença.

Além das condições que levam à miopia, Limongi afirma que existem predisposições genéticas à manifestação da doença. “Estudos já comprovaram que crianças com pais míopes têm maior chance de desenvolver a miopia”, conta. A dificuldade para enxergar costuma ser identificada entre os 8 e 12 anos, e, ao longo da adolescência, a miopia passa a sofrer maiores alterações relacionadas ao grau da doença.

Falsa miopia

Patrícia Rocha conta que o olho humano possui um músculo ciliar, que contrai ao focar em imagens próximas, e relaxa quando estabelece o foco em objetos a distância. “Com o excesso de exposição aos monitores, o foco se concentra em distâncias curtas”, afirma. Quando o foco se direciona a imagens distantes, o olho entra em fadiga, porque o músculo demora a se acomodar na posição correta.

“O músculo ciliar funciona como as lentes de uma câmera fotográfica, mas, no olho míope, a contração desse músculo joga a imagem, desfocada, na retina”, destaca Limongi. A retina é uma membrana que transforma a luminosidade em mensagens que são direcionadas ao cérebro. A leitura que o sistema nervoso central realiza dessas mensagens é a forma que a imagem se apresenta.

Limongi explica que a alta exposição à luz de tablets ou smartphones pode causar a degeneração de uma área na retina denominada “mácula”. Problemas musculares e de retina, e até mesmo a cegueira, podem ser provocados pelo contato excessivo com a luz azul, tão presente em diversos monitores. O cansaço visual provocado pelo uso prolongado de monitores é chamado de “falsa miopia”. No caso de crianças e adolescentes, esse quadro pode evoluir para a necessidade de tratamentos corretivos.

Tratamento

O cirurgião afirma que a miopia pode ser corrigida por meio de óculos, lentes de contato, ou por cirurgia em um procedimento que modela a córnea – a lente natural dos olhos – e a torna mais plana. Limongi lamenta que a rede pública ofereça poucos serviços que disponibilizam tratamentos à doença. Além disso, córneas muito finas, olhos muito secos e pacientes com menos de 21 anos e doenças oculares não podem realizar a operação.

Para evitar prejuízos à visão, a médica Patrícia destaca que intervalos de aproximadamente cinco minutos a cada hora, em frente às telas, podem prevenir a doença. Outra dica importante é diminuir o brilho das telas em eletroeletrônicos. “Faça ajustes procurando uma visibilidade agradável, mas sem deixar o fundo tão claro ou escuro”, conta. A especialista também orienta o uso de um bom lubrificante ocular, sob prescrição médica, e a importância de piscar os olhos.

Lágrimas

“Há estudos que demonstram que piscamos cerca de cinco vezes menos, na frente de monitores, em comparação a quando estamos longe deles”, conta a especialista. Um estudo da Universidade Keio, no Japão, mostra que passar mais de sete horas em contato com uma tela causa danos à produção de lágrimas, que são essenciais para manter a lubrificação do olho. Baixos níveis causam ressecamento da córnea e superfície ocular.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov.

Miopia 

doença surge por variedade de 

condições e se manifesta de muitas formas 

A miopia ocorre quando a luz não consegue focar na retina do olho, e, por isso, as imagens ficam borradas ou distorcidas. O oftalmologista Roberto Limongi conta que ela se manifesta com uma dificuldade para se enxergar objetos distantes, por exemplo, ao ler placas de trânsito ou legendas de um filme. O especialista diz que a tendência de crescimento da doença começou no século 20, sendo que, na parte urbana de países asiáticos, houve uma epidemia do caso durante a década de 1980.

A miopia pode surgir por uma variedade de condições, como predisposição genética, o desenvolvimento de catarata ocular e até mesmo, de modo temporário, quando o paciente é diabético. Existem muitos tipos da doença, sendo que o deficiência visual se manifesta mais conhecidamente nos casos abaixo:

Miopia congênita: de nascença, é causada por uma falha na estrutura ocular.

Miopia patológica: também conhecida como “degenerativa”, é hereditária e dificilmente irá diminuir mesmo com o uso de lentes adequadas.

Miopia de índice: aparece depois dos 60 anos, quando o paciente apresenta catarata.

Miopia noturna: ocorre quando a falta de luminosidade impede os olhos de se concentrar corretamente no objeto.

Miopia adquirida: aparece quando acidentes ou até mesmo cirurgias mudam a focalização da luz. Também pode ser ocasionada por leituras excessivas.

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