Consumo de carne está ligado ao considerável aumento das zonas mortas oceânicas
Pesquisa de 2017 descobriu que o despejo da pecuária foi responsável pela criação da maior zona morta no Golfo do México
Um novo estudo publicado recentemente na revista Science by GO2NE (Global Ocean Oxygen Network) descobriu que as zonas oceânicas mortas quadruplicaram, aumentando 1000%, desde 1950. O estudo aponta para as mudanças climáticas e para a pecuária industrial como os principais impulsionadores do aumento dramático.
As zonas mortas são áreas onde a hipóxia ou a diminuição dos níveis de oxigênio ocorre nos oceanos. Essas condições de fato matam todas as criaturas vivas onde elas ocorrem. Essas zonas podem variar de tamanho com as estações e se mover com as marés, mas sua presença é essencialmente garantida em áreas onde o excesso de nutrientes das operações agrícolas convencionais entra nos cursos d’água.
A pesquisa mais recente reflete o estudo do grupo ambiental Mighty de 2017, que descobriu que o despejo da pecuária foi responsável pela criação da maior zona morta no Golfo do México. O estudo, da mesma forma, culpou o apetite dos americanos por carne e, especificamente, aponta a Tyson Foods, a maior empresa de carne dos EUA, por sua contribuição com nutrientes que resultam em zonas mortas.
“Essas descobertas não surpreendem e confirmam ainda que a poluição não controlada da agropecuária industrial atingiu os níveis de crise e exige ação imediata”, afirmou Lucia von Reusner, diretora de campanha da Mighty Earth.
E como exatamente a indústria da pecuária está ligada às zonas mortas? Os animais criados para alimentação produzem cerca de 130 vezes mais excrementos do que a população humana inteira. A Environmental Protection Agency estima que cerca de 335 milhões de toneladas de estrume (medido em peso seco) são produzidas pelo gado nos Estados Unidos a cada ano. E se uma fazenda não tem um sistema de tratamento adequado para lidar com esse resíduo, os nutrientes deste estrume podem acabar em águas subterrâneas ou águas superficiais, apenas para fluir e se acumular em um lago ou oceano. Isso corresponde a 335 milhões de toneladas de nutrientes extras nas águas.
As pilhas de estrume são apenas uma parte da equação. Há uma razão pela qual as vacas e os porcos estão defecando e é a causa de uma carga extra de nitrogênio e fósforo que o ecossistema é forçado a lidar. Estima-se que 85 por cento da produção de soja no mundo são usados em alimentos para animais, e estima-se que 80 por cento do milho produzido nos Estados Unidos acabam como alimentação animal.
“Empresas como a Tyson Foods estão impulsionando a demanda de grandes quantidades insustentáveis de milho e soja, que estão derramando a maior parte da poluição de nutrientes em nossos cursos d’água”, afirmou Lucia von Reusner, “além do estrume que muitas vezes é despejado nos campos onde depois são levados para os cursos d’água circundantes”.
De acordo com o One World One Ocean, há 405 zonas mortas nos oceanos. À medida que a população aumenta e as entidades agrícolas cultivam mais terras, mais de 90 milhões de hectares de milho no ano passado, diz a Scientific American, as zonas mortas dobram a cada 10 anos, ameaçando a vida de animais marinhos em todo o mundo.
A população pode não ser capaz de acabar sozinho com as zonas mortas existentes. Mas há muito que pode ser feito para ajudar a situação nos cursos d’água. É possível fazer escolhas todos os dias na sua alimentação e falar à sua comunidade para ajudar o meio ambiente. Uma das medidas é tentar trocar produtos de origem animal em sua dieta diária por alternativas veganas (leite, manteiga, maionese, queijo, frango grelhado, carne, salsichas, frios etc.).
Também ajuda tentar adicionar alimentos completamente à base de vegetais (da região e orgânicos, quando possível) à sua dieta, como verduras, frutas frescas e vegetais, grãos inteiros, proteínas vegetais como lentilhas, nozes e sementes, feijão, tofu etc. Além de tudo, limitar o consumo de algumas carnes, como carne bovina, cordeiro, porco etc.
Fonte: One Green Planet. Tradução: Olhar Animal. (Foto: Reprodução)