Confiança do consumidor fecha 2017 estável, mostra indicador do SPC Brasil
Em termos percentuais, 84% dos consumidores avaliam de forma negativa o atual momento da economia contra apenas 2% que a consideram boa
A confiança do consumidor encerrou o ano de 2017 de maneira
estável, considerando o Indicador de Confiança do Consumidor (ICC), que
concluiu o último mês de dezembro com 40,9 pontos, mantendo-se praticamente
estável na comparação com o início do ano passado, quando o índice se
encontrava em 41,9 pontos.
A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que abaixo
de 50,0 pontos significa um predomínio da percepção negativa tanto com relação
à economia como das finanças pessoais. Os dados são do Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL),
divulgados hoje (15) em São Paulo.
“Para os próximos meses, espera-se que o processo de
recuperação da economia, já em curso, produza efeitos mais perceptíveis para o
consumidor, melhorando a avaliação tanto do momento atual como as perspectivas
para o futuro. O reestabelecimento da confiança, a geração de empregos e
crescimento da renda são fatores fundamentais para esse processo de saída da
recessão, pois favorecem a retomada do consumo, alimentando o ciclo virtuoso da
economia”, explicou o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
Desemprego
Um dos componentes que formam o ICC é o Indicador de
Percepção do Cenário Atual, que mede a avaliação que os consumidores fazem do
momento presente da economia e da própria vida financeira. Nesse caso, também
houve estabilidade na conclusão do ano. O índice fechou dezembro de 2017 em
29,9 pontos, pouco acima dos 29,6 observado em janeiro, mas levemente abaixo
dos 30,7 pontos que vigorava em novembro.
Em termos percentuais, 84% dos consumidores avaliam de forma
negativa o atual momento da economia contra apenas 2% que a consideram boa.
Outros 13% têm uma visão neutra a respeito. Quando o assunto se detém ao estado
atual de sua própria vida financeira, a avaliação positiva é um pouco melhor e
atinge 12% dos entrevistados, contra 43% de pessimistas e 45% dos que têm uma
visão neutra.
Segundo o indicador, o desemprego ainda é o principal vilão
daqueles que consideram suas finanças em momento crítico: 33% atribuem à desocupação
a principal causa do pessimismo. A dificuldade em pagar as contas também pesa,
igualmente citada por 33% dos entrevistados. A queda da renda familiar ficou
com 14%, ao passo que 13% tiveram algum imprevisto que acabou afetando as
finanças de casa.
Considerando os consumidores que têm uma visão
particularmente positiva a respeito de suas finanças, metade (50%) deles
atribui o bom momento ao controle que exercem sobre suas contas. Outros 10%
disseram não sofrer problemas no orçamento porque contam com uma reserva.
Para os que avaliam mal o estado da economia, novamente o
desemprego (39%) é citado como a principal causa. Além disso, 30% reclamam dos
altos preços e 20% se queixam das altas taxas de juros. “Ao longo dos últimos
meses as taxas de juros recuaram, mas ainda permanecem elevadas, sobretudo as
direcionadas as pessoas físicas. Já a inflação, embora sob controle, acumulou
sucessivas altas em um período recente, o que faz com que o consumidor ainda
tenha a percepção de que está pagando mais caro pelos produtos que consomem”,
disse a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Expectativas
O Indicador de Expectativa, que é um outro componente que
ajuda a formar o Indicador de Confiança, fechou o ano de 2017 com 51,8 pontos,
pouco menor dos 54,2 pontos registrados em janeiro do ano passado e dos 53,0
pontos observados em novembro último. Segundo as entidades, o que contribuiu
com o dado levemente acima do nível neutro foram as perspectivas sobre a
própria vida financeira, que marcaram 60,6 pontos. Quando se trata da economia
em geral, o indicador marcou 43,1 pontos.
Entre os que estão pessimistas, o principal motivo apontado é
a corrupção e a impunidade dos políticos (45%), seguido daqueles que discordam
das medidas econômicas adotadas pelo atual governo (15%) e a percepção de que o
desemprego continuará aumentando (14%). Já considerando os otimistas, a maior
parte (41%) não sabe explicar as razões de acreditarem na melhora, 11% confiam
que as pessoas vão voltar a consumir e 10% que o desemprego recuará.
Finanças
Com relação às expectativas para a própria vida financeira, a
maioria (53%) está otimista, contra 17% de pessimistas. Outros 25% possuem uma
visão neutra a respeito. Entre os otimistas, o principal motivo é a esperança
em arrumar novo emprego ou receber uma promoção (32%), seguido daqueles que não
sabem explicar o motivo do otimismo (29%). Já entre os pessimistas, os
principais motivos apontados são: descrença na melhora da economia (41%),
percepção de preços altos (21%) e poucas perspectivas de uma recolocação
profissional (9%).
Custo de vida
Mesmo com inflação sob controle, o indicador mostrou que o
que mais pesa na vida da maioria dos consumidores é o custo de vida, mencionado
por 53% dos entrevistados. Também pesa sobre o orçamento das famílias o
desemprego (18%) e o endividamento (11%). De modo geral, 77% dos entrevistados
notaram aumento dos preços ao fazer as compras de supermercado. Para 74,6%,
houve aumento do custo da conta de luz e para 74,6%, houve aumento do preço dos
combustíveis.
Ainda de acordo com o indicador, 6% dos consumidores que
exercem atividade remunerada têm um alto receio de serem demitidos pelos
próximos meses. Para 22%, o receio de demissão é médio, ao passo que 44% não
enxergam esse risco.
“O desemprego é um dos efeitos sociais mais
sensíveis da crise econômica, pois impacta diretamente na confiança dos
consumidores e, portanto, no consumo. A boa notícia é que, ainda que
lentamente, o mercado começa a dar sinais de recuperação e, seguindo essa
toada, pode dar um sentimento de maior segurança aos consumidores”, avaliou
Marcela Kawauti.
Fonte: Agência Brasil. (Foto: Reprodução/TV Sol)