Balança comercial tem superávit recorde em 2017 e atinge US$ 67 bilhões, diz FGV
Em volume, as exportações aumentaram 9,4%, lideradas pelo setor agropecuário, com expansão de 24,3%. Os preços, de maneira geral, cresceram 9,5%, com destaque para a indústria extrativa
O Brasil registrou em 2017
superávit recorde de US$ 67 bilhões na balança comercial, de acordo com o
Indicador do Comércio Exterior (Icomex), divulgado hoje (17), pelo Instituto
Brasileiro de Economia de Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O resultado foi puxado
por um aumento de 17,6% nas exportações; acima dos 9,6% das importações. De
acordo com a FGV, porém, em 2018, o superávit deve ser menor, “com aumento das
importações e menor crescimento das exportações”.
Em volume, as exportações
aumentaram 9,4%, lideradas pelo setor agropecuário, com expansão de 24,3%. Os
preços, de maneira geral, cresceram 9,5%, com destaque para a indústria
extrativa, que aumentou de 34%.
Segundo o estudo, as 23
principais commodities exportadas pelo país responderam por 77% do aumento das
exportações de 2016 para 2017 e representaram 52% do total exportado no ano
passado. Já as exportações de não commodities experimentam crescimento inferior
ao das commodities atingindo 8,8%, em valor.
O bom desempenho das commodities
é explicado tanto pelo aumento de 13,8% nos preços quanto pelos 10,5% relativos
à expansão em volume, entre 2016 e 2017. Já as importações de bens de capital
da indústria de transformação continuam a trajetória de queda iniciada em 2014.
O setor agropecuário que seguia a mesma tendência, aumenta suas importações de
bens de capital em 2017 em 39,7%, neste caso, puxado pela safra recorde de
grãos do ano passado.
Também as importações de bens
intermediários pela indústria de transformação, que estavam em queda desde
2013, voltaram a crescer fechando 2017 com expansão de 7,4% – o que, na
avaliação dos economistas da FGV, “confirmam a recuperação da indústria”.
Na pesquisa do ano passado, a FGV
introduziu o índice de petróleo e derivados. Em 2017, os preços aumentaram 32%
e o volume, 19,6%. Segundo a FGV, desde 2010, não era registrada variação
positiva conjunta destes dois índices.
A pesquisadora da área de
Economia Aplicada do Ibre, Lia Valls, confirma a projeção de um aumento menor
no superávit para 2018. “[Em 2017], a recuperação se deu em comparação aos
níveis baixos de 2015/2016, em especial para o minério de ferro e o petróleo”,
destacou.
Lia Valls diz que o aumento no
volume depende do crescimento do comércio mundial, que deverá ser menor em
2018, devendo ficar em 3,5%. A avaliação é de que a expansão do ano passado
partiu de uma base baixa, uma vez que o crescimento 2015/2016 foi de apenas
1,3%.
“Logo, para assegurar expansão no
valor exportado, as manufaturas deveriam crescer acima do percentual de 9%
ocorrido em 2016/2017. Pouco provável, pois o aumento nas exportações de
manufaturas liderada pelo setor automotivo foi beneficiada pela recuperação da
economia argentina e pela ampliação de cotas em acordos assinados em 2016/2017.
E não é esperado que o crescimento de 2018 supere o de 2017 na Argentina”,
explicou.
Corrente de comércio
Ao interromperem trajetória de
queda e cresceram 17,6% e 9,6%, respectivamente de 2016 para 2017, as
exportações e as importações fizeram com que a corrente de comércio aumentasse
entre esses dois últimos anos de US$ 23 bilhões para US$ 369 bilhões.
A FGV ressalta, no entanto, que,
apesar desse crescimento, a corrente de comércio ainda está longe do pico de
2013, quando alcançou o valor de US$ 482 bilhões.
“No caso das exportações,
esperamos aumento inferior ao do ano de 2017. O superávit de 2018 será,
portanto, inferior ao de 2017, ao redor de US$ 50 bilhões. Observa-se, porém,
que essa é uma estimativa preliminar e que deverá mudar ao longo do ano”,
informa a FGV.
Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução