RJ já tem 131 macacos mortos desde o início do ano
Segundo autoridades, há desconhecimento da população, já que o vírus da febre amarela não é transmitido pelos animais, e sim por mosquito
O estado do Rio de Janeiro já contabiliza 131 mortes de
macacos desde o início do ano. No entanto, a maioria dos óbitos não tem relação
com o vírus da febre amarela. Do total, 69% registram sinais de ataques humanos,
seja por meio de espancamento ou de envenenamento.
A informação foi divulgada pela Subsecretaria de Vigilância,
Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses (Subvisa) da Prefeitura do Rio de
Janeiro, órgão ao qual está vinculado o Instituto Jorge Vaitsman, que vem
recebendo os animais recolhidos em todo o estado para necrópsia.
O balanço divulgado hoje pelo órgão aponta ainda que 32 dos
131 macacos mortos foram encontrados na cidade do Rio de Janeiro. Os dados
justificam a preocupação de órgãos ambientais com um desconhecimento de parte
da população em relação à forma de transmissão da febre amarela. Na capital, o
Parque Nacional da Tijuca vem realizando campanhas nas redes sociais para
desmitificar a ideia de que, sacrificando os animais, pode-se evitar a doença
em humanos.
Aliados contra o
vírus
Os macacos são aliados que ajudam a mapear a presença do
vírus e não transmitem a febre amarela, que só é adquirida por meio da picada
de um mosquito infectado. Segundo especialistas, a infecção nos animais dura
entre três e cinco dias e, após esse período, eles morrem ou se tornam imunes.
Dessa forma, as agressões atingem geralmente macacos sadios, que não tiveram
contato com o vírus, ou que já estão imunizados.
Ante da situação, a Linha Verde, programa do Disque-Denúncia
específico para delatar crimes ambientais no Rio de Janeiro, lançou uma
campanha contra as agressões aos macacos. De acordo com a legislação ambiental,
matar animal silvestre é crime e o autor pode ser condenado a uma pena de seis
meses a um ano de detenção, além de multa.
Transmissão
A febre amarela é uma doença de surto que atinge grupos de
macacos e humanos e é causada por um vírus da família Flaviviridae. Em áreas
rurais e silvestres, ela é transmitida pelo mosquito Haemagogus. Em área
urbana, pode ser transmitida pelo Aedes
aegypti, o mesmo da dengue, zika e chikungunya. No entanto, não há
registros no Brasil de transmissão da febre amarela em meios urbanos desde
1942.
De acordo com boletim divulgado hoje pela Secretaria de
Estado de Saúde do Rio de Janeiro, casos já foram registrados em nove
municípios fluminenses. Ao todo, 25 pessoas contraíram a doença no estado e
oito morreram. A vacina, disponibilizada gratuitamente à população pelo Sistema
Único de Saúde (SUS), é o principal meio de combate à doença.
(A Crítica)