Por aumento de violência, comboio humanitário não pode voltar à Ghouta Oriental
O retorno da ONU e Cruz Vermelha não foi autorizado por razões de segurança e o porta-voz do CICV relatou que a situação não permite condições para os profissionais
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a Organização das Nações Unidas (ONU) confirmaram hoje (8) que o comboio humanitário que deveria retornar nesta quinta-feira a Ghouta Oriental, reduto rebelde na periferia de Damasco, não poderá entrar devido a um novo aumento da violência.
“Hoje, a ONU e as organizações com as quais colabora não conseguiram retornar a Duma, em Ghouta Oriental, porque o movimento do comboio não foi autorizado por razões de segurança”, disse o porta-voz, em Genebra, do Departamento de Assuntos Humanitários da ONU, Jens Laerke.
“A situação no terreno está mudando muito rápido e calculamos que não existem as condições para realizar esta operação”, disse a porta-voz do CICV, Iolanda Jaquemet.
A ajuda que deveria ser distribuÃda consiste principalmente em alimentos que não puderam ser entregues na segunda-feira passada, quando entrou o primeiro comboio humanitário desde o inÃcio de uma grande ofensiva governamental, apoiada pela Rússia, contra esta área sob controle de grupos rebeldes.
Desse primeiro comboio, dez caminhões ficaram completamente cheios e quatro foram parcialmente descarregados, o que representava a metade da comida que estava destinada para 27.500 pessoas.
“A ajuda total, que também incluÃa remédios e equipamento médico para 70 mil pessoas, ainda deve ser provida”, ressaltou Laerke.
Material médico
Da carga da segunda-feira passada, as forças sÃrias descarregaram 70% do material médico, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“A ONU segue recebendo relatos sobre o aumento dos combates em Ghouta Oriental e disparos de foguetes contra Damasco, que põem em perigo os civis e impedem que a assistência humanitária chegue a centenas de milhares de pessoas que a necessitam, inclusive milhares de crianças”, explicou Laerke.
Ghouta Oriental, onde há cerca de 390 mil pessoas, é alvo de ataques de artilharia e bombardeios aéreos desde 18 de fevereiro e esteve sob assédio de forças governamentais desde 2013. Isto fez com que a população se encontre em estado muito vulnerável e sofra elevadas taxas de desnutrição.
Desde que o assédio foi iniciado, a ajuda humanitária foi esporádica e obstaculizada pelas autoridades sÃrias.
A ONU sustentou que se mantém preparada para fornecer assistência a Duma, assim como a outras localidades de Ghouta Oriental e a zonas povoadas sitiadas ou de difÃcil acesso pelo conflito, enquanto as condições permitirem.
O número de civis mortos pelos bombardeios da última quarta-feira na região de Ghouta Oriental, principal reduto opositor dos arredores de Damasco (SÃria), aumentou hoje para 86, entre eles dez crianças e oito mulheres, informou o Observatório SÃrio de Direitos Humanos.
Além disso, há cerca de 150 feridos de diferentes gravidades e vários desaparecidos sob os escombros, por isso o número de mortos ainda pode aumentar, ressaltou o observatório.
Informações Agência Brasil. (Foto: Reprodução)