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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
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Apuração

Governo dos Estados Unidos abre investigação contra Facebook

A Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) vai analisar práticas da plataforma com foco em possíveis riscos e prejuízos à privacidade dos usuários

Postado em 27 de março de 2018 por Márcio Souza
Governo dos Estados Unidos abre investigação contra Facebook
A Comissão Federal de Comércio (FTC

O governo dos Estados Unidos (EUA) abriu uma investigação
contra o Facebook. A Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) vai
analisar práticas da plataforma com foco em possíveis riscos e prejuízos à
privacidade dos usuários. A informação foi divulgada hoje (26) em um comunicado
do diretor do Escritório de Proteção do Consumidor, Tom Pahl.

De acordo com Pahl, a FTC leva muito a sério matérias
publicadas na imprensa recentemente sobre a responsabilidade da empresa de Mark
Zuckerberg no caso do tratamento de dados de 50 milhões de pessoas pela
consultoria internacional Cambridge Analytica (CA) para influenciar em
eleições, como a disputa de 2016 no país, que terminou com a eleição de Donald
Trump para a Presidência da República.

A FTC é uma autoridade regulatória que atua em diversas
áreas, como análise de mercado, concorrência e práticas anticompetitivas. O
Escritório de Proteção de Consumidores é responsável pela avaliação de casos em
que empresas e fornecedores de bens e serviços prejudicam seus clientes de
alguma forma.

Neste caso, o foco da preocupação que originou o
procedimento de apuração está no uso indevido dos dados dos usuários
norte-americanos do Facebook. “A FTC está fortemente comprometida em utilizar
todas as suas ferramentas para proteger a privacidade dos consumidores”, disse
Tom Pahl no comunicado.

Entenda

A Cambridge Analytica e o Facebook entraram no olho do
furacão de um escândalo de proporções mundiais nesta semana. A CA passou a ser
conhecida por sua atuação na campanha de Donald Trump à Presidência dos EUA e
no plebiscito que decidiu pela saída do Reino Unido da Eunião Europeia
(Brexit). Ela também atuou em processos eleitorais de outros países.

A atuação da companhia já vinha sendo questionada desde as
eleições estadunidenses. Neste fim de semana, a entrevista de um ex-funcionário
desnudou o esquema de construção de perfis quase individualizados, a partir de
questionários e jogos no Facebook (conhecidos como quiz), e de uso dessas
informações sem consentimento para influenciar preferências políticas no pleito
norte-americano de 2016.

Na semana passada, o canal britânico Channel 4 veiculou uma
longa reportagem em que jornalistas disfarçados de políticos interessados no
serviço da consultoria filmaram dois de seus principais diretores com câmeras
escondidas. Nessas conversas, eles revelam como usam dados coletados de maneira
duvidosa e inclusive ilegal, para moldar a opinião pública durante campanhas.

O CEO (diretor-geral) da empresa, Alexander Nix, chega a
mencionar a possibilidade de uso de outros recursos, como o envio de garotas de
programa à residência de um candidato para fomentar escândalos que seriam
explorados posteriormente. Com a revelação, Nix foi afastado de sua função pelo
conselho da Cambridge Analytica.

Mas não foi somente a empresa que teve a imagem em xeque. O
Facebook passou a ser contestado por autoridades dos Estados Unidos e do Reino
Unido pela forma como permitiu que esse episódio ocorresse. Esses
questionamentos levaram à convocação da direção da companhia para prestar
explicações públicas nos dois países e resultaram na queda do preço das ações do
Facebook, ocasionando um prejuízo bilionário.

No dia 21 deste mês, o presidente da empresa, Mark
Zuckerberg, criticado pelo silêncio ao longo da semana, emitiu um comunicado em
sua página na plataforma. No comunicado, Zuckerberg diz que o Facebook já havia
identificado o repasse de dados à Cambridge Analytica e determinado que estes
fossem apagados.

Diante das revelações do ex-funcionário, ele informou que
foi suspensa a conta da firma e contratada uma auditoria independente para
inspecionar se as informações tinham sido, de fato, eliminadas.

Além disso, o Facebook anunciou uma série de medidas de
restrição a aplicativos do uso de dados de seus usuários. Segundo o comunicado,
uma ferramenta será disponibilizada para informar o usuário quais aplicativos estão
utilizando seus dados e de que forma.

 Com informações da Agência Brasil. Foto: Reprodução 

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