Agrotóxicos podem ter causado morte de peixes
Nesta semana centenas de peixes foram vistos mortos no rio Paranaíba. Amostras foram coletadas no local para análise
Gabriel Araújo*
Após a população de Itumbiara, no sul do Estado, encontrar centenas de peixes mortos no rio Paranaíba, a Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) iniciou investigação para apurar a causa da morte dos animais. Para o órgão, a principal suspeita é que os animais tenham morrido depois da aplicação de agrotóxicos por fazendeiros da região.
De acordo com o secretário da Amma, José Márcio Margonari, caso a suspeita de utilização de agrotóxicos seja confirmada, os proprietários poderão ser responsabilizados. “Nós já fizemos a coleta de exemplares de peixes, de várias espécies, e vamos fazer os exames toxicológicos, fazer uma biópsia destes peixes para que a gente tenha uma resposta, inclusive com probatório do causa da morte destes peixes”, afirmou.
Os investigadores afirmaram que a suspeita só pode ser confirmada após a liberação dos laudos sobre a qualidade da água e as autópsias dos animais recolhidos, o que deve levar cerca de 30 dias para ficar pronto. O local onde os peixes foram encontrados fica a cerca de sete quilômetros do perímetro urbano de Itumbiara e a pesca foi suspensa pela Associação de Pescadores do município.
O secretário ainda informou que, por ser tratar de um curso d’água, a investigação deve ser organizada por órgãos federais. “O rio Paranaíba é de domínio federal e a margem do lado esquerdo fica do lado mineiro”, lembrou.
Para o presidente da Associação, Leives Carlos Mercedes, não esta sendo indicado o consumo dos animais pescados próximo à região afetada. “É para suspender a pesca e também o consumo deste pescado aqui nesta região e, de certa forma, vamos remanejar estes pescadores para um reservatório em cima, ou que seja mais embaixo”, completou.
Perigo
Em um estudo realizado em 2011, o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) afirmou que os resíduos de agrotóxicos são a segunda principal fonte de contaminação das águas brasileiras, atrás apenas do esgoto sanitário. Se levarmos em consideração a afirmação da Organização das Nações Unidas (ONU) de que a agricultura é o setor que mais consome água doce no Brasil, com cerca de 70% de toda água consumida, a utilização de agrotóxicos pode se tornar uma dos maiores problemas ambientais do país.
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicaram, em 2016, diretrizes para o combate ao uso de agrotóxicos no mundo. De acordo com as organizações, é preciso localizar os responsáveis pela maior parte das intoxicações humanas no mundo e, em muitos casos, retirar o produto do mercado de forma gradual. Além disso, e ainda mais importante, é preciso uma ação global unificada, onde os países devam atualizar resoluções sobre o controle e fiscalização destes venenos.
Na mesma época, a FAO também lançou um conjunto de ferramentas para o Registro de Praguicidas para ajudar os países a realizar avaliações de perigos e riscos, em seus processos nacionais de aprovação de praguicidas. A organização afirmou ainda que essas ferramentas poderiam ser utilizadas para reavaliar produtos já aprovados, mas que são considerados muito perigosos. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian).