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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
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5º mês seguido

Inflação por faixa de renda foi menor para mais pobres

Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda é calculado com base nas variações de preços de bens e serviços pesquisados pelo Sistema Nacional de Índice de Preços ao Consumidor (SNIPC)

Postado em 12 de abril de 2018 por Guilherme Araújo
Inflação por faixa de renda foi menor para mais pobres
Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda é calculado com base nas variações de preços de bens e serviços pesquisados pelo Sistema Nacional de Índice de Preços ao Consumidor (SNIPC)

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apurou que, em março, a variação dos preços de bens e serviços afetou mais as famílias de maior poder aquisitivo. Pelo quinto mês consecutivo, o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda foi menor para as familias mais pobres. De acordo com os dados divulgados hoje (12), a taxa verificada entre as famílias de maior poder aquisitivo foi quase o triplo da registrada pelas famílias de renda muito baixa: 0,11% contra 0,04%. Em fevereiro, a diferença havia sido ainda maior: 0,66% contra 0,08%.

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda é calculado com base nas variações de preços de bens e serviços pesquisados pelo Sistema Nacional de Índice de Preços ao Consumidor (SNIPC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica (IBGE).

Entre os dois extremos, a taxa mensal de variação da inflação acompanhou a evolução do poder aquisitivo das famílias: 0,06% entre as que têm renda baixa; 0,09% entre as famílias de renda média-baixa e de renda média; 0,10% entre as de renda média-alta e 0,11% entre as de renda alta. No mesmo período, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou 0,09%.

São consideradas de renda muito baixa as famílias cujo orçamento de todos os integrantes totalizam menos de R$ 900. Famílias de renda baixa são aquelas que ganham entre R$ 900 e 1.350. As que dispõem de um orçamento familiar de R$ 1.350 a R$ 2.250 são consideradas de renda média-baixa. As que ganham entre R$ 2.250 a R$ 4.500, renda média. As que somam entre R$ 4.500 e R$ 9 mil estão reunidas entre as de renda média-alta e as famílias que ganham acima deste valor são consideradas de renda alta.

No acumulado do primeiro trimestre de 2018, a inflação da camada mais pobre da população aponta alta de 0,35%, enquanto o impacto da alta dos preços para as famílias de renda mais alta chegou a 1,13%. Já nos últimos 12 meses, a inflação dos lares com renda muito baixa (1,8%) é praticamente metade da apresentada pela classe mais alta (3,5%). O resultado do último mês inverte a situação verificada em março de 2017, quando a inflação foi menor quanto maior o poder aquisitivo familiar.

Em nota técnica, o Ipea aponta a queda dos preços dos alimentos no domicílio como principal fator para explicar o menor impacto da inflação sobre o orçamento das famílias mais pobres, principalmente a redução dos preços de cereais (1,7%), tubérculos (2,4%), carnes (1,2%) e aves e ovos (0,8%) – produtos de grande peso na cesta de consumo das classes mais baixas. Além disso, o aumento de 0,52% da alimentação fora do domicílio impactou mais fortemente a inflação das famílias de renda mais alta.

Análise

Segundo a técnica de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea Maria Andreia Parente Lameiras, os resultados não significam que os mais pobres estão sofrendo menos com a inflação.

“A questão é que as famílias mais pobres gastam quase um quarto de seus orçamentos com alimentos. Como em 2017 os resultados das safras brasileira e mundial foram positivos, o preço dos alimentos caiu. Isso ajudou a derrubar o peso da inflação sobre as camadas de menor poder aquisitivo – que, em contrapartida, sentiram no bolso os reajustes das tarifas de energia elétrica, do gás de cozinha e do transporte público”, disse a especialista, ao explicar que as famílias de maior poder aquisitivo também se beneficiam da queda no preço dos alimentos, mas, no geral, sentem mais o impacto da inflação sobre outros itens de consumo – entre eles, muitos aos quais as famílias mais pobres sequer tem acesso.

De acordo com a presidente da Associação das Donas de Casa do Estado de Goiás (ADC-GO), Keitty de Abreu Valadares, a queda dos preços de alguns dos principais produtos da cesta básica é pouco perceptível, principalmente se considerado o poder aquisitivo das famílias de menor renda. “Ao comprar produtos da época de safra, é possível levar mais coisas, mas, ainda assim, a queda dos preços, no geral, é muito pouca. E para quem come fora de casa, [a percepção] é de que os preços não baixaram. Tanto que damos a dica para as pessoas levarem de casa sua própria alimentação”.

Com informações da Agência Brasil

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