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domingo, 1 de setembro de 2024
Ação civil

MPF pede que UFG suspenda disciplina “O Golpe de 2016″

UFG informou que ainda não foi notificada sobre a ação e que pretende prestar os esclarecimentos quando tomar conhecimento. MPF pede que seja aplicada multa diária

Postado em 20 de abril de 2018 por Victor Pimenta
MPF pede que UFG suspenda disciplina “O Golpe de 2016"
UFG informou que ainda não foi notificada sobre a ação e que pretende prestar os esclarecimentos quando tomar conhecimento. MPF pede que seja aplicada multa diária

O Ministério Público Federal (MPF) em Goiás entrou, nessa
quinta-feira (19), com uma ação civil pública para que a Universidade Federal de Goiás (UFG) suspenda, imediatamente,
as atividades do curso de extensão “O golpe de 2016 e a universidade pública
brasileira”. A petição foi distribuída à 3ª Vara da Justiça Federal em Goiás.

Na ação, o MPF também requer que a universidade inclua e
represente as diversas correntes de pensamento, alterando, inclusive, o título,
caso opte pela realização de eventuais cursos futuros sobre o impeachment
ocorrido em 2016.

No final de março deste ano, o MPF recebeu representação alegando que a UFG estaria franqueando ao seu corpo
discente uma disciplina sobre o “golpe de 2016”, tendo como objeto a análise do
processo de impeachment da ex-presidente da República Dilma Rousseff. De acordo
com representação, o referido curso não seria revestido de caráter acadêmico ou
de difusão do conhecimento, mas sim de propaganda político-partidária realizada
com a utilização de bens públicos e custeada pelo erário, em prol do Partido
dos Trabalhadores (PT).

A UFG afirmou
que o curso seria uma disciplina não obrigatória, mas que não chegaria a ser
institucionalizada em virtude de falta de tempo hábil para inclusão em seu
calendário acadêmico. 

Durante uma reunião feita na sede do MPF, no último dia
2 de abril, os professores Edward Madureira Brasil e Sandramara Martins Chaves,
reitor e vice-reitora da UFG, respectivamente, afirmaram expressamente que o
curso foi idealizado como uma resposta política à declaração feita pelo
ministro da Educação, Mendonça Filho. Em 
fevereiro deste ano, o ministro afirmou ter encaminhado à Advocacia
Geral da União, ao Tribunal de Contas da União e ao MPF um pedido para que
estes órgãos avaliassem as medidas adotadas pela Universidade de Brasília
quanto ao curso, segundo ele, desprovido de base científica. Após a declaração, as universidades
públicas brasileiras, em reação, passaram a oferecer cursos e/ou disciplinas
análogas, como acontece com a UFG.

Os procuradores expuseram, então, a preocupação do MPF quanto
à ausência do pluralismo de ideias no curso efetivamente ministrado pela UFG,
recomendando, verbalmente, que fosse modificado para contemplar a participação
de pessoas adeptas das demais correntes de pensamento sobre os eventos ocorridos
no processo de impeachment em 2016.

Em nota, a assessoria de comunicação da UFG informou que ainda não foi notificada sobre a ação civil pública e que prestará todos os esclarecimentos necessários quando tomar conhecimento do teor do processo. O MPF/GO pede que seja aplicada multa diária de R$ 5 mil à
universidade caso a instituição não suspenda imediatamente o curso e R$ 10 mil diários, caso promova novos cursos
nos mesmos moldes.