Crianças brasileiras com dermatite atópica já somam mais de 7%
Especialistas goianos discutem o tema durante a Semana
Mundial de Alergia, que será realizada entre os dias 22 e 28 de abril
Doença de pele inflamatória crônica mais comum, a dermatite
atópica será o centro dos debates durante a Semana Mundial de Alergia – entre
os dias 22 e 28 de abril. O tema de 2018, escolhido pela Organização Mundial de
Alergia (WAO), reverbera em diversos países para conscientizar a população
sobre um problema que atinge todas as idades, mas que se inicia normalmente na
infância, em crianças menores de 5 anos.
“O estudo ISAAC (International Study of Asthma and Allergy
Diseases in Childhood) demonstrou, no Brasil, uma prevalência média para a
dermatite atópica de 7,3% na faixa etária de 6 a 7 anos, e de 5,3% para
adolescentes de 13 e 14 anos”, destaca a presidente da regional Goiás da
Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), Lorena Paula Ribeiro.
“Apesar de verificarmos uma melhora do quadro com o avanço da idade, a
intervenção precoce é fundamental, pois ajuda a modificar o progresso da
doença”, afirma.
De acordo com a presidente da regional goiana da Asbai, os
sintomas da dermatite atópica incluem pele seca, que coça bastante, vermelhidão
e muitas vezes formando feridas devido à essa coçadura intensa. “É muito comum
nas dobrinhas de braços e pernas, bumbum e pescoço. Nas crianças menores, pode
aparecer também nas bochechas e tronco”, explica. “Como normalmente a coceira é
muito intensa, a criança fica agitada, irritada e pode até perder o sono”.
SEMANA
Durante a Semana Mundial de Alergia, serão discutidos temas
como diagnóstico, opções de tratamento – incluindo novas terapias -, relação
entre a dermatite atópica e a alergia alimentar, além da importância dos
cuidados com a pele. “Nossa intenção é disseminar informação segura para o
público em geral, focando no paciente, mas também lembrando dos impactos
econômicos e sociais que a doença pode provocar, já que ela altera a qualidade
de vida da população”, ressalta Lorena Ribeiro.
Segundo a especialista, as doenças alérgicas têm causas
genéticas. Pais alérgicos têm grande chance de terem filhos alérgicos. Se ambos
o são, a probabilidade chega a ser de 80%. “É também sabido que os extremos de
temperaturas, seja muito frio ou muito quente, também pioram o quadro da
dermatite atópica. No nosso caso, em Goiânia, é importante que os pais redobrem
os cuidados com os filhos nos meses mais quentes e secos do ano”.
Em relação ao tratamento, a dica primordial é o cuidado
diário com a pele. “Hidratação, antibióticos quando há sinais de infecção
associada, controle do prurido, manutenção do pH ácido da pele, evitar ou
reduzir o contato com substâncias que agravam a doença são algumas das medidas
que podem ser adotadas”, exemplifica a presidente da Asbai.
Saiba mais sobre a Dermatite Atópica
Dermatite atópica é uma doença que se manifesta com lesões
na pele, que coçam e incomodam bastante. É acompanhada de um processo
inflamatório na pele, que evolui por um longo período. O prurido crônico e
persistente é a característica clínica dominante da doença. Trata-se de uma
doença de cunho hereditário, que faz com que a pessoa nasça com uma pele mais
sensível, muito ressecada, que coça bastante, sendo suscetível a infecções. As
lesões são recorrentes, variando de formas leves até casos graves, com lesões
extensas e disseminadas. Pode evoluir com períodos alternados de piora e
melhora.
A “pele atópica” tem menor produção de gorduras naturais.
Por isso, é mais seca, áspera e coça com facilidade, sendo mais suscetível à
infecção por bactérias e fungos. Apesar do aspecto, não é uma doença
contagiosa. Associa-se com frequência com rinite e asma, conhecidas como
“doenças atópicas”.
Confira os cuidados que devem ser seguidos por quem tem
dermatite atópica:
– Hidratar bem a pele;
– Evitar banhos quentes;
– Os banhos devem ser rápidos e o sabonete deve ser usado
apenas em uma ocasião;
– Optar por sabonetes líquidos;
– Evitar tecidos sintéticos, lycra ou jeans e roupas que
acumulem suor, apertadas e de cor escura no verão. Preferir tecidos de algodão
e malhas;
– Banhos de sol devem ser, de preferência, nas primeiras
horas da manhã ou ao entardecer. Ao sair da piscina ou praia, tirar a roupa
molhada e tomar um banho rápido. Usar protetor solar sempre que se expuser ao
sol;
– No caso do aparecimento de sintomas, procure um médico
especialista em alergia e imunologia.