Com alta do dólar, brasileiros devem optar por turismo interno
A alta acumulada da semana chegou a 3,85%. O euro fechou a sexta-feira cotado a R$ 4,40, com alta de 0,9%
A disparada do dólar pode tornar as viagens ao exterior
muito mais caras. Por isso, especialistas acreditam que consumidores devem
trocar viagens para Estados Unidos e Europa pelo turismo interno ou escolher
países da América do Sul.
Na última sexta-feira (18), o dólar turismo chegou a R$
3,95, com alta de 1,02%, enquanto o dólar comercial, usado no comércio
exterior, fechou o dia cotado a R$ 3,74, com um aumento de 1,04% em relação ao
dia anterior. A alta acumulada da semana chegou a 3,85%. O euro fechou a
sexta-feira cotado a R$ 4,40, com alta de 0,9%.
O professor de Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
Fábio Gallo acredita que haverá uma mudança efetiva no patamar do dólar. “O
rally do dólar começou pesado. No primeiro momento, o dólar sobe bastante e
depois se acomoda em um patamar mais baixo do que está hoje, mas deve ficar em
algo perto de R$ 3,50. Não volta ao que era antes. Isso afeta de imediato a
área de turismo, porque está muito caro”, disse.
O diretor-executivo da Associação Brasileira de Agências de
Viagens (Abav Nacional), Gervásio Tanabe, acredita que os brasileiros que
planejaram a viagem com meses ou anos de antecedência devem seguir com os
planos de viajar. “Nesse caso, há sim uma preocupação de quanto vai gastar em
função da alta dólar porque não é só passagem e hotel. Tem o consumo, as
compras. Então, ele pensa em economizar um pouco mais”, disse.
Mas, na avaliação de Tanabe, se a ideia era viajar no
próximo período de férias, em julho, pode haver mudança de destino. “Os
destinos brasileiros têm muito a ganhar com essa alta do dólar”, disse.
De acordo com dados do Banco Central (BC), os gastos de
brasileiros no exterior chegaram a US$ 4,932 bilhões no primeiro trimestre
deste ano, com crescimento de 10,2% em relação ao mesmo período do ano passado
(US$ 4,474 bilhões). Esse foi o maior resultado para o primeiro trimestre desde
2015, quando foram registrados US$ 5,232 bilhões. No final de março, a cotação
do dólar estava mais baixa do que a atual, em R$ 3,44.
Com a alta do dólar, Gallo acredita que os gastos no
exterior não devem seguir nesse ritmo. “Isso [a alta do dólar] sem dúvida afeta
o cenário das empresas de turismo”, disse o professor.
Tanabe, entretanto, disse que a projeção de crescimento do
turismo, neste ano, no país e no exterior, se mantém entre 8% e 10%. O
diretor-executivo da Abav acredita que o setor deve adotar estratégias para
tentar manter o ritmo de consumo de viagens internacionais. “As agências são
muito criativas. Vão buscar mecanismos de fazer com que diminua pouco [as
viagens ao exterior], facilitando o prazo de pagamentos para o consumidor,
congelando o câmbio”, disse. Por outro lado, avalia, os gastos de estrangeiros
no Brasil devem aumentar. “O Brasil fica mais barato ainda para os
estrangeiros”, destacou.
Despesas
O professor da FGV recomenda a quem ainda está pensando em
viajar ao exterior a analisar alternativas, como países da América Latina. “Se
está pensando, o melhor é fazer outra opção. Quem viaja ao exterior leva uma
parte dos recursos em moeda, outra em cartão de débito pré-pago e outra no
cartão de crédito. Tudo isso pode ficar muito caro, principalmente no cartão de
crédito porque o turista não sabe onde vai parar o dólar”, disse Gallo.
No caso de quem já está com a viagem agendada, a estratégia
sugerida por Gallo é planejar as despesas em detalhes. “Tem fazer um plano de
viagens muito bem. Planeje todos os dias, por período da manhã, tarde e noite.
Considere todos os gastos com transporte e gorjeta, por exemplo. Antes de sair
do país, compre os ingressos dos passeios pela internet”, recomendou.
Tahiana D’Egmont, sócia de uma plataforma que vende
passagens aéreas com milhas, disse que com a alta do dólar os consumidores
estão buscando meios de economizar nas viagens. A plataforma permite a compra e
venda de milhas. Assim, é possível vender passagens com descontos.
Ela acredita que haverá crescimento das vendas desse tipo de
passagens aéreas, mesmo com a alta do dólar porque, com as milhas, os clientes
conseguem descontos. “O preço das passagens é baseado em dólar, já as passagens
por milhas seguem uma tabela paralela. De janeiro para agora o preço médio das
milhas até diminuiu em 5%. Nossa projeção de crescimento é muito agressiva
porque como nós somos uma startup [empresa emergente], a gente ainda cresce
muito rápido. Este ano gente deve quase triplicar de tamanho em relação ao ano
passado”, disse.
Tahiana sugeriu aos clientes com viagem planejada a longo
prazo a aplicar uma reserva em um fundo cambial, para se proteger da alta do
dólar. Ela sugeriu ainda usar aplicativos de transporte e trocar o hotel por
aluguel de quartos e apartamentos feito por donos de imóveis, por meio da
internet.
Com informações da Agência Brasil.