Produção que abre o Fica 2018 fala sobre resistência indígena
Nova edição do evento traz 22 produções de três continentes e será realizado entre 05 e 10 de junho
A produção Ex-Pajé
abrirá a 20ª edição do Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica 2018).
Dirigido e roteirizado pelo paulistano Luiz Bolognesi, o longa-metragem traz o
debate sobre a sobrevivência das culturas indígenas, comprometidas desde a
chegada dos colonizadores portugueses no século XVI. O festival será realizado
de 05 a 10 de junho e traz 22 produções de três continentes.
Com 81 minutos de duração, o filme oscila entre os gêneros
ficção e documentário para narrar a história dos Paiter Suruí, tribo que viveu
isolada até 1969 na região fronteiriça entre Mato Grosso e Rondônia. O contato
tardio com o homem branco não privou o povo Paiter Suruí da colonização de suas
tradições pelo cristianismo, à semelhança do processo de aculturação liderado
pelos jesuítas quase cinco séculos atrás.
Demonizado por um pastor evangélico e enxotado da posição de uãuã (Pajé na língua Paiter Suruí),
Perpera Suruí lamenta a influência dos medicamentos introduzidos na tribo a
partir do contato com o homem branco. O protagonista do filme também revela que
precisa dormir com a luz acesa para evitar a reprimenda dos espíritos da
floresta.
Ex-Pajé não é a primeira experiência de
Bolognesi com o universo indígena, nem com a tribo retratada no filme. O
cineasta conheceu Perpera durante a produção da série Juventude Conectada (2016), que mostra como os jovens indígenas
Paiter Suruí utilizam dispositivos móveis para denunciar a presença de
madeireiros em suas terras.
A obra dá segmento a uma nova fase do Fica, que passou a
privilegiar obras relacionadas ao universo socioambiental para a abertura do
Festival desde 2016, quando exibiu o documentário Rio de Lama, de Tadeu Jungle, e, em 2017, Caminho do Mar, de Beteto Abrantes.