Número de vendas mundiais de robôs industriais batem recorde
Segundo cálculos da federação, o estoque de robôs industriais em operação em todo o mundo chegou a 1,8 milhão de unidades
Em 2017, foram comercializados 381 mil robôs industriais em
todo o mundo. O número representou um recorde de vendas desses produtos e um
aumento de 30% em relação ao ano anterior, quando foram vendidas 294 mil
unidades. As informações foram divulgadas pela Federação Internacional de
Robótica (IFR, na sigla em inglês) nesta semana.
A venda de robôs industriais vem apresentando crescimento
sustentado nos últimos cinco anos, com 178 mil unidades comercializadas em
2013, 221 mil em 2014, 254 mil em 2015, 294 mil em 2016 até chegar aos 381 mil
no ano passado. Considerado esse intervalo, a comercialização mais do que dobrou.
Segundo cálculos da federação, o estoque de robôs
industriais em operação em todo o mundo chegou a 1,8 milhão de unidades. Pelas
projeções da entidade, o número de máquinas em uso em todo o planeta deve
passar de 3 milhões em 2020.
Ásia na liderança
No recorte geográfico, a Ásia é o principal mercado, tendo
sido responsável por 255 mil robôs. Esse número representa 67% de todas as
vendas realizadas em todo o mundo. Em seguida, vêm Europa (67 mil unidades) e
Américas (50 mil unidades). Além de ter a maior fatia, a Ásia é onde o
crescimento foi maior em 2017, na casa dos 34% em relação ao ano anterior.
Somente a China instalou 138 mil máquinas desse tipo, o que
representa 36% de todo o mercado mundial. Coreia e Japão tiveram,
respectivamente, 40 mil e 38 mil unidades instaladas. Os números são maiores do
que os registrados nos Estados Unidos (33 mil) e Alemanha (22 mil).
Na análise por setores industriais, o automotivo é o
principal empregador deste tipo de tecnologia, com 125 mil robôs
comercializados. Os demais segmentos com melhor desempenho nesse quesito são o
da eletrônica (116 mil), metalúrgico (44 mil), químico (21 mil) e alimentação
(10 mil).
Tendência industrial
Os robôs industriais são instrumentos centrais da automação
de linhas de produção. A substituição de trabalho humano por máquinas vem sendo
considerada uma tendência da indústria contemporânea por organismos
internacionais como o Fórum Econômico Mundial e a Organização para a Cooperação
e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Por outro lado, a introdução de sistemas autônomos em
fábricas também levanta questionamentos sobre o impacto desse fenômeno na
geração de empregos. Nos últimos anos foram elaborados estudos com projeções
bastante distintas.
Enquanto a Federação Internacional de Robótica indicou a
possibilidade da criação de 3,5 milhões de empregos em razão dessa tecnologia,
o Fórum Econômico Mundial publicou estudo em 2016 em que projeta até 2020 a
perda de 7,1 milhões de postos em razão da automação.
Situação brasileira
A situação brasileira está distante da média mundial.
Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, em 2016 a
proporção de robôs industriais para 10.000 trabalhadores era de 10, enquanto a
média global era de 74 para esse mesmo número de empregados.
De acordo com dados da Federação Internacional de Robótica,
em 2016 foram comercializados 1,5 mil robôs industriais no país, dentro de um
universo global de 294 mil, uma participação de 0,005%. De acordo com o Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), hoje um percentual de 1,8% das
empresas emprega algum tipo de automação. Na Alemanha, por exemplo, esse índice
é de 10%.
O secretário de Inovação e Novos Negócios do MDIC, Rafael
Moreira, analisa que a introdução deste tecnologia ainda enfrenta problemas.
Ele defende que é preciso avançar em diversas frentes, tais como sensibilizar e
engajar o empresariado, especialmente das micro e pequenas empresas; fomentar
soluções mais adaptadas à demanda de diferentes segmentos; formar talentos e
atualizar leis adequadas e garantir formas de financiamento para que empresas
consigam fazer modernização industrial.
Na avaliação do gerente executivo de inovação do Senai,
Marcelo Prim, a automatização já chegou a setores de produção contínua, como
indústrias química e de petróleo, mas está bem distante na chamada produção em
lotes, como fábricas de móveis, de peças ou de roupas. Apesar de ver o Brasil
longe dos líderes mundiais, ele que a introdução de robôs no país vai aumentar
pela redução dos custos e pela necessidade de competição em mercados mais
abertos.
Prim vê dois desafios importantes para que o Brasil avance
neste sentido. O primeiro é a melhoria da gestão da produção pelas empresas,
para planejar os processos de digitalização e automação. O segundo é a formação
da força de trabalho. “O trabalhador da indústria brasileira tem idade média de
36. Há 15 anos, quando foi formado, a robótica não era uma realidade. Não foram
educados em técnicas digitais. É preciso ter uma requalificação dos
trabalhadores do chão de fábrica”, defende.
Com informações da Agência Brasil.