Ipea prevê inflação maior e PIB menor para este ano no País
Em Goiás, PIB cresceu 1,8% no primeiro trimestre de 2018, diante de 1,2% no Brasil
A economia brasileira deve fechar o ano com crescimento
menor do que o esperado do Produto Interno Bruto – PIB, a soma de todas as
riquezas produzidas no país – e com uma taxa de inflação maior do que a
inicialmente prevista. O PIB deve crescer 1,7%, e não 3%, como previsto em
março.
Os dados constam da 39ª edição da Carta de Conjuntura
divulgada hoje (28) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em
que os economistas fazem revisão das projeções macroeconômicas para 2018.
Para o próximo ano, no entanto, o instituto mantém o
crescimento de 3% para o PIB.
O estudo indica que o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar o ano em 4,2%, ficando um pouco abaixo da
meta do governo, de 4,5%, mas superior às estimativas da carta de março, que
era de 3,6%.
As projeções levam em conta os aumentos de itens
administrados pelo governo e o impacto provocado pela greve dos caminhoneiros
sobre os preços de uma maneira geral, além da alta do câmbio, que também causou
impacto sobre os preços.
Risco Brasil
A avaliação dos economistas é que a greve no setor de
transporte rodoviário de cargas, que paralisou o país por cerca de dez dias,
entre o final de maio e o início de junho, deverá ter forte impacto negativo
sobre o PIB do segundo trimestre. “Além disso, a escassez de bens durante a
greve levou a um aumento dos preços, o que provocou alta do IPCA-15, que
registrou em junho aumento de 1,1%, ante a deflação de 0,2% verificada em junho
do ano passado.”
Os economistas avaliam que o risco Brasil aumentou
significativamente mais do que em outros países emergentes nos últimos meses,
como mostra o Indicador Ipea de Risco Brasil. No cenário interno, a
instabilidade tem estado relacionada fundamentalmente, já há algum tempo, à indefinição
de como será enfrentado o problema fiscal.
“Este quadro foi agravado, nos últimos dois meses, pela
greve dos caminhoneiros, que representou um choque de oferta negativo sobre a
economia, causou significativa perda de produto e aumento de preços e teve
impactos diretos e indiretos sobre as contas públicas.”
Para os economistas, “há dúvida quanto ao grau de
persistência dos efeitos desse choque, mas parece provável que os mesmos não se
restrinjam ao segundo trimestre, uma vez que, além dos efeitos diretos sobre a
produção e os preços, a greve pode ter piorado a percepção de risco dos agentes
em relação ao ambiente econômico e político – já naturalmente elevada em face
das incertezas do quadro eleitoral –, tornando-os ainda mais cautelosos em suas
decisões de consumo e investimento”.
A piora na percepção de risco em relação ao Brasil, segundo
a carta do Ipera, tem pouco a ver com a situação das contas externas do país,
uma vez que o déficit em conta corrente brasileiro tem se mantido relativamente
baixo nos dois últimos anos.
“Depois de alcançar cerca de 4,5% do PIB, no início de 2015,
o déficit externo baixou para 0,6% nos doze meses encerrados em maio. Os
investimentos diretos no país são mais de cinco vezes superiores ao déficit em
transações correntes. O volume de reservas internacionais no Banco Central
(BCB) é superior à dívida externa do setor público”, justificaram os
economistas.
A taxa de desemprego, que vinha caindo em termos
dessazonalizados ao longo de 2017, parou de fazê-lo, estabilizando em torno de
12,5% da força de trabalho – patamar que ainda é mais que o dobro do que
prevalecia antes da crise.
A visão geral de conjuntura do Ipea é que a economia
brasileira exibiu forte volatilidade ao longo do segundo trimestre e que o
aumento da instabilidade refletiu uma mudança do cenário externo e uma piora
das condições internas do país.
Em Goiás
Mais um indicador econômico comprova que a economia goiana
tem crescido mais que a média brasileira. Informe técnico elaborado pelo
Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Econômicos (IMB), da
Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan), mostra que o Produto Interno
Bruto (PIB) de Goiás cresceu 1,8% no primeiro trimestre de 2018, diante de 1,2%
no Brasil. É o terceiro melhor indicador entre os oito Estados que divulgam
seus dados sistematicamente, atrás apenas de São Paulo e Pernambuco.
A agropecuária, mais uma vez, foi a principal responsável
pelo bom desempenho do Estado, com elevação de 4,3% no período, diante de uma
retração de 2,6% no País. Houve crescimento também na indústria (1,8% em Goiás
e 1,6% no Brasil) e no setor de serviços (1,8% em Goiás e 1,2% no Brasil).
De acordo com o estudo do IMB, baseado no Levantamento
Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), houve crescimento de produção de culturas importantes no
Estado, nos três primeiros meses do ano, em comparação com mesmo período de
2017. A soja, por exemplo, atingiu novo recorde de produção, com 3.480 quilos
por hectare e teve elevação de 2,2% no total colhido. Tomate (8,9%) e sorgo
(34,5%) também apresentaram aumento de produção.
Na indústria, o resultado positivo se explica principalmente
pela recuperação de fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias,
que acumulou alta de 18,1% no primeiro trimestre em Goiás. Também houve aumento
de 0,6% no segmento de produtos farmoquímicos e farmacêuticos, devido à maior
produção de medicamentos.
Emprego
A divulgação do PIB soma-se a outros dados positivos da
economia goiana no primeiro semestre de 2018. Na semana passada, o Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, Goiás
criou 29.220 novos postos de trabalho com carteira assinada, o sexto melhor
desempenho no Brasil, atrás apenas de Estados das regiões Sul e Sudeste.
Com informações da Agência Brasil.