Zé Eliton projeta polarização com Caiado com base nas pesquisas
Governador manda recado
para quem diz que a eleição já está ganha e avisa que salto alto leva à queda mais rapidamente
Venceslau Pimentel*
Com base em pesquisas de intenção de voto, o governador José Eliton (PSDB) avalia que a sucessão estadual, em Goiás, aponta para uma polarização entre ele e o senador Ronaldo Caiado (Democratas). Ao responder à indagação de jornalistas durante entrevista coletiva concedida a rádios de Goiânia, ontem pela manhã, Eliton disse não ter bola de cristal e que não faz exercício de futurologia, mas que percebe esse cenário.
“Acho que hoje o cenário colocado já aponta para uma sinalização de polarização nessa eleição”, pontuou. Todas as pesquisas realizadas antes das convenções partidárias mostram Caiado na liderança e Eliton na segunda colocação, seguido de Daniel Vilela (MDB) e pelos demais candidatos a governador, com percentuais variando de acordo com a metodologia de cada instituto.
“É claro que isso haverá de se confirmar ou não nos indicadores de pesquisas que tenham um mínimo de credibilidade, de sistemática de acolhimento de dados para aferir seus números. Me parece, pelos dados que nós temos, que já há uma sinalização clara de uma polarização nessa eleição”, reafirmou.
Mesmo fazendo uma análise de um possível cenário baseado em pesquisa, o governador mostra-se cauteloso, não só pelos números díspares apresentados até agora, mas em históricos de eleições passadas. Citou, por exemplo, a disputa de 1998, quando todos os institutos não cogitavam uma eventual vitória de Marconi Perillo (PSDB), considerando já como certa a eleição de Iris Rezende (MDB).
Ao repercutir a realização da convenção do PSDB e aliados, a mais expressiva dentre todos os candidatos, José Eliton frisou que isso se deve à consolidação de uma base política que se destaca como a maior do Estado. “Nossa militância está pronta para ir à luta. Tem muita gente que achava que a eleição já estava ganha”, observou, referindo-se a Caiado, mas sem citá-lo. “Normalmente salto alto faz com que as pessoas caiam mais facilmente”, avisa. “Tem muita gente que comemora antes da hora, mas nós vamos vencer, se Deus nos permitir”, aposta.
Sobre a aliança que o PP selou com o MDB, o governador afirmou considerar o processo natural numa formatação de chapas majoritárias. Revelou que tentou até a véspera da convenção fechar aliança com o partido dirigido pelo ministro das Cidades, Alexandre Baldy, que reivindicava espaço na chapa, mas que o avisou que não havia mais espaço.
“Nós já tínhamos uma chapa competitiva, moderna, com projeto claro, consultando todos os partidos. Não era possível mais abrir espaços na base que estavam previamente definidos”, explicou.
Mesmo adiantando que não interfere em decisões internas do PP, o governador exaltou o posicionamento do deputado federal Roberto Balestra, que se colocou de forma clara contra a aliança do seu partido com o MDB, durante a convenção.
“Quero externar minha gratidão a Balestra, que na convenção manifestou o sentimento de todo o partido dele”, acentuou. Por isso, disse que vai amparar prefeitos e lideranças pepistas que queiram apoiá-lo. Falou de sua relação com o partido, do qual já foi presidente, e afirmou ter uma ligação muito forte com a legenda. “Evidentemente tenho uma relação muito forte com os prefeitos pepistas, que na sua integralidade já me telefonaram e estão prontos e perfilados conosco nessa agenda eleitoral. Esse verdadeiro PP estará conosco nas eleições”, garante.
Governador diz ter apoio de mais de 200 prefeitos
Nas contas do governador José Eliton, mais de 200 prefeitos, dos 246 no Estado, estão comprometidos em apoiá-lo nas eleições, e não só do PP, mas também do Democratas e do MDB.
No sábado, por exemplo, ele disse ter recebido todos os prefeitos do PDT, que fechou aliança com Ronaldo Caiado. “Eles manifestaram, uníssonos, apoio à nossa candidatura”, assegurou.
Para José Eliton, os prefeitos são importantes e fundamentais para se ganhar uma eleição, ao mesmo tempo em que elencou as potencialidades deles no processo eleitoral. “São lideranças locais, fazem com que a nossa mensagem chegue à população. Eles são sempre um ator político importante no processo de formação da convicção do cidadão na hora de decidir o seu voto”.
“O que nos interessa, realmente, é trabalhar e fazer com que nossa mensagem chegue (ao eleitor). Nosso projeto é consistente, garantiu avanços para o estado e conquistas importantes para a população”, disse, apontando dois pilares na sua campanha, quais sejam, “as garantias dessas conquistas e as ações inovadoras para que Goiás continue avançando sem parar, estabelecendo agenda de progresso continuado de serviços públicos de melhor qualidade. É isso que justifica a participação política”.
Acordo é contestada
Na entrevista, José Eliton foi indagado sobre notícias de bastidores, dando conta de um suposto acordo com Daniel Vilela para investidas contra Ronaldo Caiado. Ele negou. “Acho um equívoco muito grande para quem pensa dessa forma. Eu trabalho fortemente para ganhar no primeiro turno e vou me dedicar muito nesse esforço”.
Para o governador, tabelinha é bom no futebol, e que política, o cidadão não vai entender esse jogo, até porque não interesse a ele. “Alguns, às vezes, não têm experiência ou não têm firmeza de ideais e acaba por entender essa situação. Tem político que oscila a cada dia de lugar”.
Eliton sustentou que trabalha muito com a identidade de projetos já estabelecidos na agenda da coligação. “O cidadão quando olha a nossa candidatura tem uma visão clara de princípios e valores que norteiam esse projeto, um conjunto de ações elaboradas ao longo dos anos em vários setores como o social, segurança pública e econômico”.
Escolha da vice
Ao justificar a escolha da ex-secretária de Educação, Raquel Teixeira, como candidata a vice-governadora, José Eliton disse ter ouvido sociedade e o anseio de diversas regiões do estado, que pontuaram o perfil da pessoa que poderia compor chapa, além dos partidos coligados.
*Especial para O Hoje