Afeganistão anuncia cessar-fogo de três meses com talibãs
O presidente afegão afirmou que a decisão foi tomada para satisfazer diferentes setores da sociedade, como políticos, mulheres e ativistas
O presidente do Afeganistão, Ashraf Gani, anunciou hoje (19) um
cessar-fogo de três meses com os talibãs a partir de amanhã com a condição de
que os insurgentes façam o mesmo, no que seria a segunda trégua em 17 anos de
conflito.
“Anunciamos um cessar-fogo que terá efeito a partir de
amanhã, segunda-feira, o Dia de Arafa (segundo dia de peregrinação a Meca), até
o dia do nascimento do profeta, Milad-un-Nabi, desde que os talibãs façam o
mesmo”, disse Gani.
“Pedimos à cúpula dos talibãs que aprove os desejos dos
afegãos para uma paz duradoura e real e que se preparem para conversas de paz,
de acordo com os valores e princípios islâmicos”, acrescentou.
A medida, que valerá de 20 de agosto a 20 de novembro, se for
aceita pelo grupo insurgente, foi anunciada por ocasião da festividade
muçulmana do Eid al-Adha ou Festa do Sacrifício, que será celebrada na
quarta-feira.
O presidente afegão afirmou que a decisão foi tomada para satisfazer
diferentes setores da sociedade, como políticos, mulheres e ativistas, que
tinham pedido um segundo cessar-fogo depois que o governo implementou uma
trégua unilateral em junho por causa do final do Ramadã.
Aquela medida coincidiu durante três dias com uma similar dos
talibãs e deu lugar a imagens nunca vistas desde a invasão americana em 2001,
com insurgentes e membros das forças de segurança abraçando-se e rezando
juntos.
O anúncio acontece um dia depois do líder dos talibãs, o mulá
Haibatullah, ter renovado ontem sua chamada aos Estados Unidos para que o país
se sente à mesa de negociação com o grupo insurgente.
Em fevereiro, os talibãs chamaram pela primeira vez os Estados
Unidos a dialogar diretamente através do escritório no Catar, em mensagem incomum.
Os talibãs fizeram um contato inicial com o governo afegão no
Paquistão em julho de 2015, mas o processo ficou suspenso poucos dias depois ao
ser divulgada a morte do fundador do movimento insurgente, o mulá Omar, dois
anos antes.
(Agência Brasil)