Mais de 700 mil membros da Rohingyas serão levados para Mianmar
A ONU e organizações não governamentais condenaram o começo da operação de repatriação porque não existem as condições para o regresso dos rohingyas a Rakain
A repatriação de cerca dos 723 mil membros da minoria rohingya que fugiram de Mianmar para Bangladesh no ano passado começará no dia 15 de novembro e será feita em grupos de 150 pessoas por dia, informaram neste domingo (11) as autoridades birmanesas.
O primeiro grupo com 2.251 refugiados iniciará o retorno na próxima quinta-feira, de forma escalonada e durante 15 dias, detalhou em entrevista coletiva o ministro birmanês de Assuntos Sociais, Win Myat Aye.
Os grupos realizarão um trajeto de barco de cerca de 90 minutos até o centro de recepção de Nga Khu Ja e serão alojados temporariamente no acampamento Hla Phoe Kahung, ambos no estado de Rakain, explicou o Ministério das Relações Exteriores birmanês.
O governo birmanês afirmou hoje que os retornados que possuem documentação oficial poderão se estabelecer livremente em 42 aldeias do distrito de Maungdaw.
Embora a princípio as autoridades cifraram em 2.260 o número de rohingyas que iriam retornar neste mês a Mianmar, o ministro esclareceu hoje que serão finalmente 2.251 e que o erro ocorreu porque alguns nomes estavam duplicados.
O ministro das Relações Exteriores revelou hoje, além disso, que Mianmar já enviou ao governo de Bangladesh a lista de outras 20 mil pessoas para a próxima repatriação, embora não tenha detalhado quando espera realizá-la.
Os governos de Bangladesh e de Mianmar anunciaram em 30 de outubro, após uma reunião em Daca, que tinham estipulado começar a repatriação em meados de novembro.
O anúncio aconteceu quase um ano depois que ambos países assinaram, em 23 de novembro de 2017, um acordo para o retorno dos refugiados.
A ONU e organizações não governamentais condenaram o começo da operação de repatriação porque não existem as condições para o regresso dos rohingyas a Rakain, o estado no oeste da Mianmar de onde fugiram após a violência que explodiu no final de agosto do ano passado.
Mais de um milhão de rohingyas, uma comunidade majoritariamente muçulmana que o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos considera “apátrida”, escaparam da Mianmar em distintas ondas desde finais do século passado.
A última “debandada” começou com a operação militar lançada para capturar os membros do Exército de Salvação Rohingya de Arakan (ARSA) que tinham perpetrado 30 atentados coordenados em Rakain em 25 de agosto de 2017 e levou 723 mil rohingyas a buscarem refúgio em Bangladesh.
Um relatório da ONU apresentado em setembro qualificou a operação militar em Rakain contra os rohingyas de “genocídio proposital”, além de terem sido encontrados indícios de crimes de guerra e contra a humanidade. (Agência Brasil)