Estudo goiano com pacientes crônicos com chagas é modelo no país
No Brasil, cerca de três milhões de pessoas que convivem com a doença
Da Redação
As organizações Médicos sem Fronteiras (MSF) e Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) vão elaborar, a partir de estudo da Secretaria da Saúde de Goiás (SES-GO) com pacientes crônicos com chagas, publicação internacional, que será modelo para outros estados brasileiros, e poderá ser adotado por outras nações que lidam com a doença.
Por ordem da Resolução 004/2013, Goiás é o único Estado que notifica casos crônicos de chagas, o que permite a reunião de dados inéditos e de relevância científica. O levantamento da SES mostra qual a forma clínica prevalente da enfermidade e aponta onde residem os portadores da doença para um acompanhamento adequado, o que é um modelo a ser seguido.
Convite
As informações foram reunidas por técnicos da SES-GO, em parceria com o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG). As organizações internacionais convidaram a coordenadora do Departamento de Zoonozes da SES-GO, responsável pelo trabalho, Liliane da Rocha Siriano, para formular em conjunto com outros profissionais, um modelo internacional para acompanhamento de doentes crônicos com Chagas.
Esse trabalho terá início a partir da 8ª Reunião Plenária da Plataforma Chagas, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, nesta quinta, dia 15, precedida por oficinas e reuniões técnicas fechadas.
A reunião será uma oportunidade de revisar as evidências atuais nas pesquisas da doença, mas, principalmente, debater sobre os desafios que se apresentam em torno do problema, além de refletir sobre a contribuição da MSF nos próximos anos.
Encontro
O evento é organizado pela DNDi e apoio da Coalizão Global de Chagas, Fundação Ciencia y Estudios Aplicados al Desarrollo em Salud y Medio Ambiente (Ceades), Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), Fundação Mundo Sano e a Agência Española de Cooperación Internacional para el Desarrollo (Aecid).
A atividade também é realizada no âmbito do Plano de Transferência, Intercâmbio e Gestão do Conhecimento para o Desenvolvimento da Cooperação Espanhola na América Latina e no Caribe – Intercoonecta -, lançado pela Aecid.
A rede Intercoonecta é um firme compromisso institucional estratégico para levar a cabo uma cooperação intensiva no fortalecimento de capacidades institucionais por meio da transferência e troca de conhecimento.
Saiba mais
Em Goiás, são 4.100 notificações de doentes crônicos com chagas. A doença pode manifestar-se tardiamente, por volta de 30 anos após o paciente ter sido infectado. No Brasil, existe uma população de cerca de três milhões de pessoas que convivem com a doença, tendo como consequência seis mil mortes por ano.
Parcerias
A estrutura de vigilância da doença de chagas é composta por várias parcerias formadas entre a SES-GO, HC/UFG, Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e Grupo Técnico da doença de Chagas do Ministério da Saúde.
Tais doenças fazem parte de um grupo diverso de enfermidades infecciosas e endêmicas que afetam 149 países e mais de milhões de pessoas, principalmente na África, Ásia e América Latina que vivem em condições de pobreza, sem acesso a saneamento básico e que estão em contato próximo com diversos vetores, animais domésticos, e culturas pecuárias.
Entre esses males, as principais são a doença de chagas, as leishmanioses, a doença do sono, o HIV pediátrico, a hepatite C, as filarioses (doenças parasitárias crônicas) e micetoma (doença infecciosa).
A DNDi é uma organização sem fins lucrativos de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos no quesito plataforma de estudos de novas fórmulas e monitoramento que realiza tratamentos seguros, eficazes e acessíveis para milhões de pessoas afetadas por doenças negligenciadas. A MSF é uma organização que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias em diversas partes do mundo.
Doença de Chagas
A doença de Chagas tem se disseminado em vários países devido à migração internacional em larga escala de latino-americanos para países não endêmicos como EUA, Canadá, Europa, Austrália e Japão. O mal é causado por um protozoário, o Trypanosoma cruzi. Trata-se de uma doença endêmica (que afeta regiões específicas) em 21 países da América Latina, onde estima-se que seis milhões de pessoas estejam infectadas.