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sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
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Política de incentivos fiscais do Governo foi erro histórico

Especialistas afirmam que programas de incentivos fiscais deixaram Goiás atrás de outros estados e o impacto já pode ser sentido com a saída de empresas do mercado goiano

Sheyla Sousapor Sheyla Sousa em 23 de novembro de 2018
Política de incentivos fiscais do Governo foi erro histórico
Especialistas afirmam que programas de incentivos fiscais deixaram Goiás atrás de outros estados e o impacto já pode ser sentido com a saída de empresas do mercado goiano

Especialistas defendem que investimentos em tecnologia e infraestrutura são mais benéficos

Raphael Bezerra*

O governo de Goiás tem se concentrado em políticas de desenvolvimento econômico quase que exclusivamente no estímulo à atração de empreendimentos industriais, colocando muita força e energia  na oferta de reduções tributárias por meio dos incentivos fiscais. Esta política econômica, segundo o professor e economista Adriano Paranaíba não são eficientes para o investimento empresarial no estado nem para a geração de novos empregos. Os programas de incentivos fiscais, para o professor, deixaram Goiás atrás de outros estados e o impacto já pode ser sentido com a saída de empresas do mercado goiano. 

Erro histórico na concessão dos incetivos é citado pelo professor que acredita que a medida é insuficênte para a geração de novos postos de trabalhos e na atração de novas emrpesas. Segundo Paranaiaba, a política econômica adotada pela atual gestão é equivocada e não há sequer indicadores para medir se elas são de fato efetivas ou não. Goiás é o estado que mais compromete o orçamento com os incentivos fiscais, somente este ano, o governo estadual já renunciou mais de R$ 10 bilhões, são 7,5% do orçamento anual. A média está acima de todos os outros estados brasileiros. 

Todos os estados após os anos 80 passaram a conceder o tal benefício, entretanto, o incentivo é comumente intercalado com investimento em infraestrutura, logística moderna, tecnologia e enxugamento da máquina pública. É o caso de Tocantins, cita Paranaiba. “Tocantins modernizou sua ferrovia, conseguiu concluir a obra e agora o estado tem uma boa capacidade de distribuição além de também manter uma política de incentivos. Naturalmente as empresas buscarão melhores condições de fazer seus investimentos e se instalarem nesses estados. Oferecer incentivo fiscal e áreas públicas todo estado e município consegue oferecer. Mas qual o diferencial de Goiá? Não tem”, ressalta.

A crítica feita pelo economista é na escolha unitária do programa para tentar atrair as empresas, segundo ele, Goiás ficou para trás e com isso pode perder muito daqui pra frente se o próximo governador não se atentar a escolher nomes técnicos para modernizarem o estado e criar um gestão eficiente. “Os incentivos não vieram com contrapartidas, não tiveram o objetivo de enxugar a máquina pública para assim poder ter outros investimentos que atraíssem as empresas. Atualmente a única aposta do governo são os incentivos fiscais, ele se esgotou completamente do diferencial logístico que teve grande impacto para o fortalecimento da indústria goiana”, explica. 

Outro economista que também critica o atual modelo de incentivos é Everaldo Leite, para ele, a questão do tamanho do estado também interfere na ineficiência do mesmo. Cria-se um estado inchado, sem nomeações técnicas capazes de pensar o estado de maneira prática e eficiente e a solução encontrada por eles é sempre da isenção. “Essa questão dos incentivos é complexa. Eu penso que a economia do Estado ficou refém dos incentivos. Por ser inchado e pouco eficiente, deixou de racionalizar acerca das oportunidades do Estado fora do modelo de atração por incentivos. Goiás tem forte potencial locacional e tem vantagem competitiva no segmento do agronegócio, podendo atrair a indústria agrícola com incentivos não-fiscais e apoiar a integração produtiva em vários municípios”, completa Everaldo Leite.

Medidas alternativas

Para Adriano Paranaiba, a simplificação de impostos pode trazer ganhos significativos na confiança do mercado no estado de Goiás. Isto porque, segundo ele, a segurança jurídica é um dos fatores fundamentais para que os empresários decidam investir em determinados locais, muito mais do que apenas os incentivos fiscais. Outra medida proposta pelo economista é a redução da máquina pública com nomeações de secretariados mais técnicos.

Seria necessário ainda duas outras medidas para que Goiás volte a atrair mais empresas, uma delas são os benefícios estratégicos como aconteceu nos anos 80. Devido à crise, as industrias viram em Goiás um grande potencial para investimento, o que ajudou foi o programa Fomentar de Iris Rezende, mas não foi o único fator. As empresas buscavam localização estratégica além de mão de obra mais barata e custos baixos para instalação. 

O investimento em tecnologia e infraestrutura são mais benéficas que os incentivos, avalia o economista. Isto porque gera mais segurança para o empresário que conseguirá distribuir seu produto e não terá um estado que atrapalha a livre concorrência. “Que políticas públicas para os empresários além dos incentivos o governo de Goiás fez? Ensaiaram fazer uma política de renovação mas não conseguiram, resta-nos esperar o próximo”, finaliza Paranaiba.  

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