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sábado, 23 de novembro de 2024
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Solidariedade

Triplica o número de adoções no Estado de Goiás em 2018

Número de adoções na capital goiana representa um grande aumento em relação a 2017, quase três vezes mais

Postado em 29 de novembro de 2018 por Sheyla Sousa
Triplica o número de adoções no Estado de Goiás em 2018
Número de adoções na capital goiana representa um grande aumento em relação a 2017

Felipe André*

Em 2018 segundo o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, foram apresentados a pretendentes habilitados no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e liberados sob guarda para fins de adoção 21 crianças e adolescentes. O resultado quase triplicou comparado com 2017, onde foram registrados oito adoções na capital goiana. Como o ano ainda não terminou, os números podem ser alterados. 

O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás ressaltou que a finalização do processo de adoção, envolve a destituição do poder familiar, quanto à criança e o término do estágio de convivência, durante a vigência da guarda. Por isso, em 2018, processos que envolvem a temática da adoção ainda estão em trâmite. Em relação às crianças e adolescentes, inscritas no Cadastro Nacional de adoção, que estão nos acolhimentos de Goiânia, são duas crianças e 13 adolescentes. São 313 pretendentes habilitados para adotar.

Um casal contribuiu diretamente para o aumento desse número. Helenilce Araújo Souza Lopes e o marido Wesley Raimundo Lopes são pastores e estão no processo de adotar um bebê e dois jovens, eles já moram na casa e o trâmite é dado como garantido pela família. O casal já se considera com seis filhos.

Helenilce e Wesley eram pais biológicos de Davi, de 11 anos, Lara, de 8, e João, de 5. Eles decidiram apadrinhar outras três crianças, que depois foram adotadas: Maria Eduarda, de 13, Luiz Felipe, de 7, e Gabriela, de 1 ano e sete meses. “A rotina mudou bastante, tive que fazer mais um quarto, hoje temos quatro quartos. Um grande para todas as meninas, o segundo para o João e o Luiz Felipe e o terceiro fica com o Davi. Hoje já conseguimos acertar na quantidade do almoço, do lanche comprado. Mas é uma casa muito alegre, com muita vida, tem seus problemas, mas precisamos entender que são crianças que passaram por momentos difíceis”, disse Wesley.

Após conseguir uma parceria com um orfanato, Helenilce levou diversas crianças para uma chácara, os maridos são convidados para ajudar e então aconteceu o pedido de apadrinhamento, mas não pela parte do casal. “Nesse dia a Maria Eduarda pediu para ser apadrinhada e nós nem sabíamos o que era isso. Fui no juizado da infância, procuramos as informações necessárias pois tem que fazer curso, pegar certidões negativas, monte de documento e depois disso o juiz autorizou o apadrinhamento. Em todos os finais de semana, feriados, férias, ela viria, mas quando fomos dar entrada no processo de apadrinhamento descobrimos que não seria só ela, mas mais dois irmãos”, explicou Wesley.

Desde então nasceu o amor. “Só ela [Maria Eduarda] e o Luiz Felipe que vinham, pois a Gabriela nessa época tinha pouco mais de dois meses e não poderia vir. Nesse processo de ficar junto, nós apaixonamos por eles e percebemos a recíproca deles e decidimos pedir a guarda dos três e agora no dia 20 de agosto saiu a autorização da guarda dos três, na última semana completou três meses que estamos com eles”.

O processo agora está na penúltima parte, intitulada “guarda provisória”, conforme explicou o pai dos seis filhos. “Quando chega nessa fase não se tem muito retorno. Quando autorizar a adoção de fato tem que alterar o nome e mudar os documentos. Acredito que as certidões deles vão entrar em uma espécie de hibernação no cartório e seremos autorizados a fazer uma nova certidão de nascimento deles, mas não vamos trocar os primeiros nomes, só adicionar o sobrenome”.

Adoção tardia

Embora não seja um conceito formal, considera-se tardia a adoção de crianças que já tenham uma percepção maior de si, do outro e do mundo. O critério é vago, mas a estimativa é a partir dos 3 anos de idade. Por lei, no Brasil, é possível adotar uma pessoa de até 18 anos, desde que haja diferença mínima de 16 anos entre as partes.

Na prática, não existe nenhuma diferença legal na adoção de crianças mais velhas em relação à de bebês. O processo é burocrático, com muita documentação envolvida, mas independe da idade. Após a habilitação, cabe aos pretendentes aguardar a convocação do juiz para conhecer uma criança que esteja disponível e atenda aos parâmetros estabelecidos no processo de cadastramento.

Cadastro Nacional de Adoção

Inicialmente o interessado deve procurar o Juizado da Infância e da Juventude ou Fórum de sua cidade. Na Capital, ele será atendido por um profissional da equipe técnica, onde receberá todos os esclarecimentos pertinentes e a lista de documentos para iniciar o processo de Inscrição para Adoção. 

Posteriormente o pretendente protocola a documentação, o técnico que o atende realiza entrevistas, visita domiciliar e o pretendente é encaminhado ao curso de Preparação Psicossocial e Jurídica. Este curso é obrigatório desde a lei de 2009. Quando concluído o estudo psicossocial com relação ao pretendente e o curso de preparação, será proferida a sentença que pode o habilitar para o Cadastro Nacional de Adoção (CNA). 

Pai de seis filhos, Wesley Raimundo Lopes conta mais detalhe sobre adoção 

Como foi a decisão de adotar?

Não foi uma decisão de agora, nós [Wesley e Helenilce] somos pastores da igreja Videira e há muito tempo e em um dos retiros que fizemos como casal, em 2005 ou 2006, ainda nem tínhamos filho. Em uma determinada dinâmica, você tinha que ir na frente e pegar a quantidade de boneco que queria ter de filhos, no caminho eu desejei seis. Quando mostrei para ela disse “você ta brincando”, e afirmei que senti no meu coração que seriam seis, em seguida nasceu o Davi e depois a Lara e antes do terceiro, ela sofreu dois abortos e foi uma experiência bem traumática, principalmente na segunda que teve que fazer uma curetagem e ela decidiu não ter mais.

Por que ela mudou de ideia?

Depois de quatro anos em um certo dia ela acordou e disse que queria cuidar daqueles que ninguém quer cuidar, e foi atrás de um orfanato para ajudar. Ela ligou, mas em um primeiro momento não permitiram visitas, foi bem rígido, até que ela conseguiu ir. Depois de conversar eles autorizaram ela fazer um evento com as crianças e criaram um vínculo começamos a fazer um trabalho semanal. Toda semana ela vai com as irmãs da igreja, evangeliza as crianças, fala de Jesus para as crianças e nós temos alguns encontros na chácara da igreja, onde levamos as crianças para pregar para elas. 

O processo é muito burocrático?

A questão da papelada é complicada, muita certidão pois precisa ir a diversos lugares, além das entrevistas que precisamos participar, visitar psicólogo para conseguir um certidão para comprovar que está são, não é chata mas muito trabalhoso, precisamos de muito tempo para tudo isso. Não achei demorado, depois que nosso nome foi inserido no cadastro daqueles que desejam adotar, aí vai depender do perfil da criança, eu percebi que a maioria das pessoas que querem adotar preferem as recém nascidas ou de até 1 ano, a procura nessa idade eu acredito que deve demorar mais. Mas no nosso caso foi muito rápido, pelo perfil deles.

E o trabalho da igreja com as crianças?

A igreja Videira já existe em Goiânia há mais de 20 anos e o pastor Aluízio e a pastora Márcia que são os presidentes, já trabalham com crianças desde muito tempo. Até então esse trabalho só era feito com os filhos dos membros da igreja e dos visitantes nos cultos, mas de uns anos pra cá, mas a igreja sentiu o desejo de cuidar das outras crianças. A Videira cuida de uma creche a Cei, cuidado pela pastora Elaine.

E o processo de escolha e apadrinhamento?

Eu não vou no orfanato e escolho, não funciona assim. Depois que entra no cadastro, tem uma equipe muito capaz de psicólogos, assistentes sociais, eu digo para minha esposa que são anjos que Deus escolheu para lidar com essas crianças, eles avaliam o perfil de cada pai, mãe e a criança que vai encaixar com o tipo de cadastro e quando da certo eles colocam a criança e os pais para se conhecerem, mas isso é para a adoção. No apadrinhamento se você quiser proporcionar para um jovem que tem uma possibilidade menor de ser adotado e proporcionar um momento de lar para ele, agora no Natal pode levar uma criança para comemorar a data, ele vai conhecer um momento de família. Depois se interessar e gostar pode mudar o processo, mas se quiser pode continuar no apadrinhamento também, caso queira ajudar com escola, roupa, curso, material escolar, você vai ser um padrinho. (Felipe André é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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