Jefferson Santos

O governador Ronaldo Caiado (DEM) apresentou, na manhã deste sábado (19), a situação financeira do Estado de Goiás. O déficit das contas do Estado de Goiás está projetado para cerca de R$ 6 bilhões em 2019.

Essa é a primeira vez que um governador mostra para a população as contas do Estado. Caiado, com base nos extratos bancários das contas de Goiás , afirmou ter recebido a gestão com uma dívida de R$ 3,4 bi, e apenas R$ 11 mi em caixa. 

A imagem acima mostra o extrato das contas até o dia 28 de dezembro. No final do governo passado, foram emitidas  ordens de pagamento, com isso o estado virou o ano com R$ 11 milhões, em vez desses 13 milhões.

Atualmente, segundo o governador, o Estado deve arrecadar cerca de R$ 18 bi de receita líquida total. 80% desse valor – pouco mais de R$ 15 bi – será destinado à folha salarial dos servidores do estado. 

“Os gastos estão acima dos valores arrecadados, nós temos 100% de arrecadação, e temos que pagar 117,31%. Temos uma diferença negativa de R$ 3,2 bilhões”, ressaltou Caiado. 

O governador foi questionado sobre as medidas para “colocar a casa em ordem”, ele afirmou já ter tomado algumas medidas. “Cortamos 20% em todas as despesas. Estamos por iniciativa dos nossos secretários desocupando prédios alugados que só o da educação custava 2,5 milhões por ano, esse aqui (da Segplan) custa R$ 6 milhões por ano, estamos buscando alternativas para diminuir os custos. Implantamos um sistema de auditoria pela Controladoria e Procuradoria Geral do Estado em cada órgão levantando cada contrato que está sendo pago. Criamos força-tarefa dentro do Detran, Agetop, Saneago para trazer a tona todos os contratos para saber de que maneira o dinheiro dos goianos vem sendo gasto”, explicou Caiado. 

Queda no rating

No último dia 13, foi divulgado pela Secretaria Nacional do Tesouro (STN), que o estado de Goiás se manteve com rating C, sendo levado em consideração três indicadores: endividamento, poupança, corrente e liquidez. Com a classificação C Goiás permanece na mesma posição dos dois últimos anos. Isso significa que pode continuar a realizar operações de créditos, dentro do espaço fiscal e utilizando o Fundo de Participação dos Estados (FPE), mas sem a União como garantidora. 

Hoje, o cenário é outro, Caiado explica que devido a incapacidade do Estado em cumprir seus compromissos, Goiás caiu no rating, passando a ser letra D, a pior de todas. “Hoje Goiás não tem capacidade de tomar um empréstimo porque não tem o aval da União para poder ter um repasse de dinheiro para o estado”, disse o governador. 

Durante a semana, uma equipe do governo federal esteve em Goiás para analisar as contas e emitir parecer sobre a classificação. Até o momento, não houve divulgação oficial sobre os levantamentos da equipe do Tesouro Nacional. 

Mesmo tendo a pior situação de todas, Caiado afirmou ter conversado com o Ministro da Economia, Paulo Guedes, buscando uma alternativa de urgência. “Pedi a ele que cedesse alguma coisa aos estados que estão em situações calamitosas como a nossa e ver se o governador está fazendo a contrapartida. Nós fizemos uma contenção de gastos, alteramos a lei de incentivos fiscais no estado trazendo mais R$ 1 bilhão para os cofres de Goiás, estamos diminuindo o custo da máquina. Com isso o Ministro sentirá que Goiás tem um compromisso que não é continuar na tese de ‘tem problema leva pra Brasília’, Goiás sairá da crise, tenho certeza disso”, disse.

Pagamento de Janeiro

Caiado reiterou o compromisso feito pela Secretária da Fazenda, Cristiane Schimidt, em começar a pagar a folha de janeiro na próxima segunda-feira (21) . “Na segunda-feira, mesmo que seja no final da tarde, já começaremos a pagar e até o dia 25 atenderemos 85% dos servidores do estado de Goiás”, salientou o governador. 

O extrato da conta do governo goiano do dia 15 de janeiro mostra um valor de pouco mais R$ 210 milhões. Com os créditos dos dias posteriores e a entrada de receita entre o dia 15 e dia 20, será feito o pagamento do mês de janeiro a partir da segunda-feira (21).