Iris Rezende escolhe a ausência e governismo divide MDB
Decisão de se manter ausente de Iris Rezende mostra a confirmação prática de que o prefeito deve encerrar a carreira política ao fim deste mandato em 2020
Mantido na presidência do diretório regional do MDB, o ainda
deputado federal Daniel Vilela fez questão de reforçar o posicionamento de
oposição ao governo de Ronaldo Caiado (DEM) nas primeiras declarações depois da
eleição interna, em meio à divisão interna com prefeitos caiadistas. “Não
ganhamos as eleições, mas permanecemos de cabeça erguida pela consistência e
qualidade do nosso projeto. Não aderimos a um caminho fácil de buscar o poder
pelo poder e hoje estamos de cabeça erguida muito mais do que aqueles que não
seguiram o partido”, afirma Daniel. “Seremos os antagonistas ao governo do
estado”, completa. O novo conselho de ética do MDB levará a cabo a expulsão dos
que apoiaram a candidatura de Caiado. Não é o caso do prefeito de Goiânia, Iris
Rezende, que, longe de ser um vilelista, se mantém distante do debate
partidário. O ex-governador trata o tema como uma “questão pequena” e evita se
posicionar entre a oposição de Daniel e a dependência administrativa do Estado,
além da amizade que mantém com Ronaldo Caiado.
Fora dessa
A decisão de se manter ausente de Iris Rezende mostra a
confirmação prática do que o próprio prefeito tem avisado: deve mesmo encerrar
a carreira política ao fim deste mandato em 2020, quando terá 87 anos.
Sem chance
Lideranças municipais que tentavam convencer o prefeito a
ser candidato à reeleição já não conversam com Iris sobre isso. Preferem
esperar que uma possível recuperação da gestão o motive a continuar por mais
quatro anos.
Militares ocupam
governo
Os militares nomeados ou prestes a serem nomeados já passam
de 45 no governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), espalhados por 21 áreas:
da assessoria da presidência da Caixa Econômica ao gabinete do Ministério da
Educação; da diretoria-geral da hidrelétrica Itaipu à presidência do conselho
de administração da Petrobras.
O Exército, do qual vieram o presidente e seu vice, Hamilton Mourão, tem
maioria entre os membros do governo: são, por enquanto, 18 generais e 11
coronéis da reserva – o número cresce a cada dia. Militares agora comandam o
DNIT, a Zona Franca de Manaus, FUNAI e sete ministérios: Secretaria de Governo;
Defesa; Minas e Energia; Infraestrutura; Segurança Institucional; CGU e
Comunicações. Generais da reserva ou reformados ocupam cinco cargos no comando
da Secretaria-Geral da Presidência da, comandada por um civil, o advogado
Gustavo Bebianno. No Ministério de Justiça do ex-juiz Sergio Moro, os militares
se espalharam pela Secretaria Nacional de Segurança Pública de forma inédita
desde que o órgão foi criado, em 1997.
CURTAS
Orçamento – A
força econômica dos setores com presença militar ultrapassa as centenas de
bilhões de reais. Só a Petrobras teve receita de R$ 283 bilhões em 2017.
Saúde – O Hospital
Municipal de Aparecida de Goiânia completou um mês de atividade com mais de 300
pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Educação –
Inadimplência dos estudantes beneficiados pelo FIES após a formatura chega a
20%. Em Goiás, valor acumulado é de R$ 302,9 milhões.
Divisão
A decisão do governador Ronaldo Caiado (DEM) de dividir a
reforma administrativa em duas partes coloca em alerta os articuladores e
técnicos do governo. Avaliação é de que, quanto mais tempo demorar, maior será
a pressão de aliados contra cortes.
Projetos virão
A primeira parte das mudanças abrangerá a estrutura básica,
com criação das pastas temáticas antes fundidas nas super secretarias. Depois é
que será definida a estrutura complementar, com cortes profundos nos segundo e
terceiro escalões.
Participação geral
A economista Ana Carla Abrão define que “os demais poderes
precisam entender que também têm que ser parte do ajuste”, repercutindo
críticas à histórica composição política do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Criatividade
A ex-secretária da Fazenda em Goiás ainda aponta que não se
pode continuar “com esse incentivo à contabilidade criativa que também não
expõe a realidade dos números nos poderes autônomos, que não cumprem os limites
da LRF”.
Prioridades
Ao prestar contas, Caiado mostrou que os
ex-governadores Marconi Perillo e José
Eliton (ambos do PSDB) destinaram R$ 2,371 bilhões para empenho de contratos e
terceirizações. Um “crescimento vertiginoso”, apontou governador.
Servidores
“Isso mostra qual
foi a prioridade da gestão passada: em vez de pagar o salário dos servidores
públicos, preferiu entregar o dinheiro para os terceirizados”, destacou.