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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Foco Econômico

Agronegócio cresce menos e reduz sua participação no PIB brasileiro em 2018

Lauro Veiga

Postado em 21 de março de 2019 por Sheyla Sousa
Projeções do BC para contas externas mostram que a crise é mesmo só nossa
Lauro Veiga

Medido
a preços constantes, ou seja, considerando apenas a variação dos volumes
produzidos a cada ano pelo setor, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio
experimentou forte desaceleração no ano passado, passando de um salto de 7,61%
em 2017 para um avanço apenas modesto de 1,87% no ano passado, de acordo com
dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da
Esalq/USP. O conceito equipara-se àquele utilizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) para aferir o PIB brasileiro e confirma,
portanto, uma contribuição muito menos intensa do agronegócio para o conjunto
da economia.

De
fato, a participação do setor no PIB total atingiu, no ano passado, a pior
marca desde 2015, estacionando em 21,1% no ano passado, diante de 21,4% um ano
antes. O agronegócio chegou a responder por 22,8% do PIB brasileiro em 2016,
equiparando-se à participação observada em 2008, mas abaixo do recorde
histórico anotado em 2004, quando o PIB do setor havia assumido uma fatia de
27,4% de toda a riqueza gerada pelo País. A piora no desempenho foi
influenciada pelo setor primário, que anotou variação de apenas 0,41%, seguido
pela elevação de 1,97% no PIB da agroindústria e de 2,31% no segmento de
serviços associados ao agronegócio em geral. O setor de insumos, com avanços
mais pronunciados nas áreas de defensivos, máquinas e agrícolas, fertilizantes
e corretivos do solo, sempre em volume, apresentou alta de 5,17%.

Medido
sob o conceito de renda, que leva em conta os volumes produzidos e os preços
praticados no setor, o PIB do agronegócio aferido pelo Cepea, em parceria com a
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), praticamente não saiu
do lugar, registrando leve recuo de 0,01% no acumulado dos 12 meses de 2018
frente ao ano anterior. Os setores de fornecimento de insumos e agroindustrial
tiveram melhor sorte no ano passado, crescendo 12,4% e 1,66% quando se
consideram as variações de volume e de preço. Mas o segmento primário, da
porteira para dentro, e de agrosserviços, na classificação do centro de
pesquisas, anotaram recuos de 2,10% e de 1,25% naquela mesma comparação.

Carnes x grãos

A
crise no setor de carnes, intensificada por bloqueios às exportações
brasileiras em importantes mercados consumidores e pela paralisação dos
caminhoneiros em maio, gerando perdas que não puderam ser recuperadas nos meses
seguintes, explica em grande medida a estagnação da renda. O ramo agrícola do
agronegócio chegou a crescer 4,60%, puxado pelos setores de insumos (mais
16,36%), agroindústria (5,21%) e agrosserviços (5,74%) – altas amenizadas pelo
recuo de 0,11% na produção primária. A pecuária em seu conjunto, no entanto,
despencou 10,91%.

Balanço

·  
No
ramo pecuário, aponta o Cepea, ainda no conceito de renda, apenas o segmento de
insumos registrou avanço, com elevação de 4,99% no PIB.

·  
No
setor primário da pecuária, os criadores anotaram perda de 6,4% na renda. Mas a
indústria de carnes anotou perdas de 10,70% frente a 2017 e o segmento de
serviços ligados à pecuária desabou 15,24% na mesma comparação.

·  
Na
avaliação dos especialistas do Cepea, o desempenho da renda gerada pelo
agronegócio no ano passado “está ligado à elevação de custos de produção nos
segmentos primários agrícola e pecuário e à fraca demanda verificada em
diversos segmentos e atividades do ramo pecuário, que impactam sobremaneira
sobre as margens e demanda do segmento de serviços”.

·  
A
estagnação na renda veio acompanhada ainda de virtual paralisação no
crescimento do número total de pessoas ocupadas em atividades ligadas ao
agronegócio. No cálculo do Cepea, no ano passado, o setor empregou 18,206
milhões de pessoas, número que se compara com 18,232 milhões em 2017 – o que
significou leve recuo de 0,14% (25,373 mil empregos a menos).

·  
Em
números absolutos, o setor primário foi o que mais demitiu, afastando 64,701
mil pessoas no ano passado. O total de pessoas ocupados no segmento baixou de
8,418 milhões para 8,353 milhões, em baixa de 0,77%. Proporcionalmente, a maior
queda ficou para o segmento de insumos (-1,43%), de 224,580 mil para 221,365
mil ocupados.

O setor seguiu o padrão observado para o
restante da economia, com corte de 1,39% no total de pessoas com carteira, para
6,486 milhões (91,216 mil a menos), e alta de 3,9% nas ocupações sem carteira
(para 3,125 milhões de pessoas). 

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