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sábado, 28 de dezembro de 2024
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Foco Econômico

Alimentos e transportes responderam por 79,6% da inflação até metade de março

Lauro Veiga

Postado em 26 de março de 2019 por Sheyla Sousa
Projeções do BC para contas externas mostram que a crise é mesmo só nossa
Lauro Veiga

A
elevação da taxa de inflação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) entre 13 de fevereiro e 15 de março deste ano, na comparação
com os preços médios registrados nos 30 dias imediatamente anteriores, sofreu
grande influência de produtos e itens mais voláteis e não diretamente
relacionados à atividade econômica. As altas de quatro variedades de feijão (mulatinho,
preto, fradinho e carioquinha) e da batata-inglesa, refletindo no primeiro caso
a quebra na primeira safra do grão e, no segundo, o calor e as chuvas
excessivas mais comuns neste período do ano, responderam praticamente por um
terço do Índice Nacional de Preços ao Consumidos Amplo15 (ICPA-15), que variou
0,54% nas quatro semanas terminadas no dia 15 deste mês. O IPCA de fevereiro
havia atingido 0,43% numa elevação de 0,09 pontos porcentuais frente à variação
de 0,34% anotada pelo IPCA-15 do mês passado.

Foram
altas causadas nitidamente por problemas ocorridos no início deste ano na
oferta daqueles produtos, que tendem a ser sanados nas próximas semanas com a
entrada da segunda safra de feijão e com a recuperação das áreas de plantio de
hortaliças e verduras, encerrado o verão. Os grupos alimentos e bebidas e
transportes, com aumentos respectivamente de 1,28% e de 0,59% aferidos pelo
IPCA-15 de março, tiveram influência de 79,6% na formação do índice, o que
reforça a perspectiva de pressões passageiras sobre a inflação, diante da
volatilidade de alguns itens que entram na composição daqueles grupos.

No
caso dos transportes, as maiores contribuições para a alta vieram das passagens
aéreas (+7,54%), etanol e gasolina (aumentos de 2,64% e de 0,28%, pela ordem,
lembrando que a gasolina vem de taxas negativas, quer dizer, queda de preços,
nos últimos três meses) e ônibus urbano (+0,73%). Em conjunto, esses itens
“explicam” em torno de 16,7% do IPCA-15 de março. Incluindo as quatro
variedades de feijão, batata-inglesa, energia (que registrou variação de
0,43%), na soma dos 10 itens/produtos com maior influência no índice quadrissemanal,
tem-se a explicação para mais da metade da inflação acumulada entre a segunda
quinzena de fevereiro e a primeira de março (precisamente, 52,8%).

Preços
administrados

É
preciso relembrar que passagens aéreas, historicamente, apresenta oscilações
intensas para baixo e para cima, conforme as políticas promocionais adotadas
pelas companhias aéreas. Além disso, etanol, gasolina, ônibus urbano e energia
elétrica residencial fazem parte do grupo de preços “controlados” ou
“administrados” pelo poder público (ou pela Petrobrás, no caso dos dois
primeiros, já que os preços do etanol reagem diretamente às flutuações de
preços da gasolina). Novamente, apenas para reforçar, são itens que não variam
diretamente conforme o comportamento da demanda doméstica. No caso da gasolina,
apenas como reforço adicional, a política de preços adotada pela Petrobrás
mantém seus olhos fixos muito mais no comportamento do mercado internacional.

Balanço

·  
Os
preços médios do petróleo tipo Brent, usado como referência pelos mercados
europeu e asiático, experimentaram variação de 3,3% entre 26 de fevereiro e
ontem, saindo de US$ 65,21 para US$ 67,34 por barril (antes do fechamento dos
mercados na terça-feira).

·  

o barril do petróleo West Texas Intermediate (WTI), que serve de base para o
mercado norte-americano, subiu de forma mais pronunciada, com variação
acumulada de 7,37% nos últimos 30 dias e salto de 41,7% desde 24 de dezembro
passado, quando atingiu o menor nível na série mais recente, saindo de US$
41,71 para US$ 59,85 na cotação registrada ontem antes do fechamento da Bolsa
de Nova York.

·  
Se
os fatores que têm puxado ligeiramente a inflação são absolutamente sazonais,
em sua maioria, a ata do Conselho de Política Monetária (Copom), previsivelmente,
lançou um balde de água fria nas expectativas daqueles que ainda acreditam que
o BC deverá em algum momento recobrar o bom-senso e demonstrar sensibilidade
para capturar e entender o momento econômico, assim como as angústias geradas
por meses de taxas muito elevadas de desemprego.

·  
Para
o Itaú BBA, “independentemente da situação econômica, parece improvável que as
autoridades mudem de posição até que tenhamos muito mais clareza sobre as
perspectivas para a reforma da Previdência”. Por isso o banco aposta que os
juros básicos não sofreram mudanças nas próximas reuniões do comitê.

Mesmo reconhecendo o baixo crescimento e o menor
risco de alta nos juros internacionais, acentua o Departamento de Pesquisas e
Estudos Econômicos do Bradesco (Depec), nada deverá mudar na política de juros
do BC. 

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