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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
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Foco Econômico

Massa de salários registra menor avanço na série histórica do BC e segura demanda

Lauro Veiga

Postado em 27 de março de 2019 por Sheyla Sousa
Projeções do BC para contas externas mostram que a crise é mesmo só nossa
Lauro Veiga

No
fechamento dos dados de 2018, a massa salarial ampliada disponível, calculada
pelo Banco Central (BC), apresentou a menor variação nominal em toda a série
histórica da instituição, iniciada em 2005, avançando 4,10% em relação a 2017.
Os valores acrescidos à renda familiar e disponíveis para consumo e pagamento
de dívidas, ainda em termos nominais (quer dizer, sem descontar a
desvalorização imposta pela inflação do período), foram os mais baixos desde
2007, como mostra a mesma série estatística do BC.

Os
critérios adotados pela autoridade monetária fornecem uma percepção mais ampla
da renda que sobra na conta das famílias depois de descontados o Imposto de
Renda (IR) e as contribuições para a Previdência. O BC soma todos os
rendimentos do trabalho, mais pensões e aposentadorias, benefícios de prestação
continuada (o mesmo que a proposta de reforma previdenciária ameaça cortar),
além de recursos recebidos por meio de programas sociais como o Bolsa Família.
Depois do pagamento do IR e das contribuições previdenciárias no ano passado,
sobraram em torno de R$ 3,222 trilhões na conta das famílias, o que se compara
com R$ 3,095 trilhões em 2017, correspondendo a uma variação nominal de 4,10%.

Os
juros e as “prestações” das dívidas contratadas pelas famílias em bancos,
financeiras e outras instituições do sistema financeiro nacional consumiram
algo como 19,8% da massa salarial ampliada, nas contas do BC, abaixo dos 20,1%
registrados em 2017. O comprometimento da renda familiar com o pagamento do
serviço da dívida bancária (juros mais amortizações), no ano passado, foi o
mais baixo desde 2010 (quando havia representado 19,51% da massa salarial
ampliada).

Mesmo
assim, numa estimativa da coluna, feita com base nos dados do BC, o pagamento
de juros e amortizações ainda consumiu qualquer coisa próxima a R$ 637,93
bilhões em 2018, diante de R$ 622,07 bilhões em 2017. Em termos nominais, houve
um incremento modesto de 2,5% (com redução próxima a 1,2% em termos reais,
descontada a variação da inflação). Em 2017, a parcela da renda consumida pelo
serviço da dívida havia recuado 1,02% em relação a 2016, tomando valores
nominais (numa queda real de quase 3,9%).

Segundo menor
ganho real

Na
passagem de 2016 para 2017, a massa salarial havia apresentado variação nominal
de 7,20%, ainda sustentando um incremento real de 4,1% diante da inflação de
2,95% registrada nos 12 meses do ano retrasado. Em 2018, como a inflação
atingiu 3,75%, o ganho real da renda disponível ficou limitado a algo em torno
de 0,34%, muito próximo do crescimento de 0,32% observado em 2015, quando a
inflação havia escalado para 10,67% ao ano em função dos choques nos preços dos
alimentos e nos preços administrados pelo setor público, diante da reposição,
numa só tacada, de toda a defasagem observada nos dois anos anteriores. Numa
estimativa aproximada, a massa salarial apresentou no ano passado o segundo
pior desempenho desde meados da década passada, quando o BC passou a divulgar
esse tipo de estatística.

Balanço

·  
Ainda
entre 2017 e 2018, a massa de salários e benefícios das famílias anotou um
acréscimo de R$ 126,97 bilhões (R$ 111,12 bilhões se descontados os juros e
amortizações pagas). No ano anterior, a variação experimentada pela massa
salarial ampliada representou a entrada de uma “renda extra” de R$ 207,99
bilhões.

·  
Em
termos concretos, as despesas das famílias, considerando a taxa de inflação,
subiram mais do que em 2017, o que se refletiu num acréscimo na renda
proporcionalmente menor. Esse fator ajuda a entender porque a demanda avançou
apenas modestamente, em ritmo de tartaruga.

·  
Se
a contribuição da massa salarial para a demanda total tem sido minguante, o
crédito não vem ajudando. Os números do BC mostram queda de 2,9% nas concessões
para pessoas físicas em fevereiro deste ano, com recuo acumulado de 0,2% no
trimestre.

·  
Entre
novembro do ano passado e fevereiro deste ano, as concessões (novos
empréstimos) para pessoas físicas sofreram baixa de 9,7%, saindo de R$ 192,1
bilhões para R$ 173,5 bilhões (diante de R$ 178,8 bilhões em janeiro).

·  
Incluindo
as empresas, as concessões totais acumulavam baixa de 15,5% desde dezembro, desabando
de R$ 360,1 bilhões para R$ 304,3 bilhões em fevereiro deste ano.

·  
Os
juros nos empréstimos para pessoas físicas voltaram a subir em fevereiro, para
31,2% ao ano na média, saindo de 30,5% em janeiro. Foi a taxa mais alta desde
abril do ano passado, retomando os níveis observados em maio de 2018.

O encarecimento do crédito para as famílias
ocorreu num período de leve queda na inadimplência, que saiu de 3,1% em outubro
para 2,9% – taxa mantida desde dezembro de 2018. 

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