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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Foco Econômico

Importação chinesa de soja em grão pode sofrer corte de 10 milhões de toneladas

Lauro Veiga

Postado em 9 de maio de 2019 por Sheyla Sousa
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Assolado
pela crise gerada pelo surto de febre suína asiática, que tem derrubado o
plantel de matrizes e suínos no país, o mercado chinês deverá reduzir suas
importações de soja em grão em quase 10,1 milhões de toneladas no ano comercial
de 2018/2019, entre outubro do ano passado e setembro deste ano, na estimativa
mais recente do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (ou USDA, na
sigla em inglês). Se confirmado, o volume corresponderia a um corte de 10,7%
diante da safra imediatamente anterior (2017/18), quando a China chegou a
importar 94,1 milhões de toneladas.

A
previsão do USDA para o ciclo a ser encerrado em outubro próximo sugere a
importação de 84,0 milhões de toneladas pelos chineses, número que ainda poderá
cair para 83,0 milhões na safra 2019/20, acumulando uma queda de 11,1 milhões
de toneladas (equivalente a uma redução de 11,8% aproximadamente). Os dados
chineses ainda não são precisamente nítidos, mas o Ministério de Agricultura e
Negócios Rurais (Mara, também considerando sua denominação em inglês) chegou a
informar quedas de 21% e de 18,8% nos plantéis de matrizes e de suínos para
abate, respectivamente, depois de uma pesquisa envolvendo 400 condados no país.

Fontes
da indústria, citadas pelo USDA, reportam expectativas de perdas mais severas,
entre 20% a 30% no estoque de suínos, o que certamente fará reduzir a demanda
por farelo de soja (e, portanto, a necessidade de importação de soja em grão
para processamento nas plantas chinesas). O lado menos negativo dos cenários
antecipados pelo departamento norte-americano pode estar num possível
incremento das importações chinesas de óleo de soja para suprir seu mercado, já
que o processamento do grão tende a cair em torno de 8,3% até o ciclo 2019/20,
para 82,5 milhões de toneladas (saindo de 90,0 milhões de toneladas em
2017/18). O USDA projeta importações de óleo de soja em torno de 1,8 milhão de
toneladas em 2019/20, o que significaria 274% mais do que em 2017/18 (481,0 mil
toneladas). As previsões para 2018/19 variam entre 900,0 mil e 1,2 milhão de
toneladas, correspondendo a altas de 87% e 149,5% frente ao ano safra anterior.

Projeções
revisadas

Diante
dos novos números, a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais
(Abiove) revisou suas projeções no começo deste mês, reduzindo em 2,0 milhões
de toneladas sua expectativa para os embarques de soja em grão neste ano, de
70,1 milhões para 68,1 milhões de toneladas. Se confirmado, esse número
representará um tombo de 18,5% em relação a 2018, com redução de 15,505 milhões
de toneladas nas exportações brasileiras do grão. A associação igualmente
espera redução de 9,3% nos preços médios de exportação, de US$ 397 para US$ 360
por tonelada entre 2018 e 2019 – valor 5,3% mais baixo do que os US$ 380
estimados em março deste ano.

Balanço

·  
Nessa
combinação de volumes e preços mais baixos do que em 2018, as receitas com as
vendas externas de soja em grão tendem a cair 26,1% neste ano, na previsão da
Abiove, saindo de US$ 33,191 bilhões para US$ 24,516 bilhões.

·  
Não
que a oferta doméstica do grão tenha sofrido queda tão substancial. Ao
contrário, a produção esperada para a soja tende a se confirmar como a segunda
mais elevada na série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab),
aproximando-se de 114,3 milhões de toneladas, levemente acima das 113,8 milhões
de toneladas esperadas até abril.

·  
Espera-se
uma redução de 4,2% frente às 119,3 milhões de toneladas colhidas em 2017/18
(numa redução de 4,97 milhões de toneladas), mas nada que possa afetar o suprimento
interno e as exportações.

·  
A
Conab projeta um forte incremento nos estoques de passagem da soja, algo em
torno de 3,46 milhões de toneladas, correspondendo a quase 29 dias de consumo.
Para comparação, os estoques finais da safra 2017/18 correspondiam a pouco mais
de uma semana de consumo. O final da safra 2016/17, no entanto, veio com
estoques suficientes para 62 dias.

·  
A
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) acredita que as exportações de
carne suína e de frango tendem a crescer em 2019, impulsionadas pela demanda
chinesa, que já ocupa o lugar de primeiro país de destino das vendas
brasileiras daqueles produtos.

·  
No
primeiro quadrimestre deste ano, a China respondeu por 12,2% dos embarques
totais de carne de frango e por 23,3% das exportações de carne suína do Brasil.
Mas, se as vendas de frango para os chineses avançaram 6,8%, as de suíno ainda
apontam baixa de 2,6%.

 

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