Suposto diploma falso faz parte da história da cientista Joana D’Arc Felix
A pesquisadora venceu diversos prêmios nos últimos anos e terá sua história narrada em um filme
Da
Redação
A professora Joana
D’Arc Félix de Sousa, 55 anos, ficou conhecida nos últimos anos por sua
história de superação. Em 2017, divulgou durante uma entrevista que teria
entrado na faculdade aos 14 anos e cursado um pós-doutorado em Harvard, nos
Estados Unidos. No entanto, o veículo para qual Joana concedeu a entrevista,
jornal O Estado de S. Paulo, aponta que a professora jamais esteve na
universidade norte-americana.
A reportagem do jornal pediu uma cópia do documento do
pós-doutorado para comprovar a formação e enviou o arquivo posteriormente para
a universidade. Pouco tempo depois, a instituição informou que não emite
certificados para este tipo de formação e alertou para um erro de grafia no
papel: estava escrito “oof” em vez de “of”.
No suposto diploma, há
duas assinaturas. Uma delas é do professor emérito de Química em Harvard
Richard Hadley Holm, que foi procurado por e-mail e disse: “O certificado é
falso. Essa não é a minha assinatura, eu não era o chefe de departamento
naquela época. Eu nunca ouvi falar da professora Sousa”.
No currículo Lattes, produzido
pela própria pesquisadora, está publicado que ela recebeu bolsa da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da
Educação (MEC). A Capes também negou a existência do nome de Joana em seu
sistema.
A pesquisadora venceu
diversos prêmios nos últimos anos e, recentemente, a Globo Filmes divulgou que
irá produzir um filme contando a trajetória de Joana, que vem de uma família
humilde do interior de São Paulo.
Desdobramentos
Nesta semana, o Estado
de S. Paulo voltou a entrevistar Joana e a questionou sobre a diplomação. A
pesquisadora informou que o documento foi feito para uma “encenação de
teatro” e que “não concluí (o pós-doutorado) e não tenho certificado”.
“As meninas mandaram junto quando o jornalista me pediu documentos. Eu
pensei: tenho que contar isso para o jornalista, mas não falei mais com
ele”, explica.
Além disso, ela
contrariou a primeira entrevista e disse que não chegou a morar no Exterior,
dizendo que foi feito tudo a distância: ela teria apenas conversado com um
orientador de lá. A pesquisa foi desenvolvida no Brasil. “Coloquei isso no
Lattes, não sei se está certo ou errado”.
A respeito da formação,
a pesquisadora de fato fez a graduação, o mestrado e o doutorado na área de
Química na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No entanto, a data da
matrícula na Universidade é de 1983, quando tinha 19 anos, e não aos 14 como informado
anteriormente. Questionada pela reportagem, ela falou que ingressou aos 18, mas
reafirma que foi aprovada pela primeira vez no vestibular com 14 anos.
Pelo Facebook, Joana
D’Arc escreveu uma publicação dizendo que as pessoas precisam ter cuidado com
“inverdades publicadas”.