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domingo, 24 de novembro de 2024
Cidades

Greve na Eseffego completa dois meses

Ainda sem respostas, alunos e professores reivindicam melhor estrutura do câmpus, seguro estágio, bolsas e até mudança de diretoria

Postado em 18 de maio de 2019 por Sheyla Sousa
Fungos
Laboratório já tem 39 amostras de sementes analisadas

Higor Santana*

Sem avanços nas negociações com o governo, alunos e professores da Universidade Estadual de Goiás (UEG), câmpus Eseffego, em Goiânia, continuam sem previsão de retomar as aulas. A greve, que teve início no último dia 16 de março, já completa dois meses. Além do corte de verbas e da insatisfação com a diretoria, alunos e professores também reclamam de problemas na estrutura física do local. Cerca de 900 alunos estão matriculados na unidade, que segue sem previsão de reabertura.

De acordo com o professor de educação física da Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia do Estado de Goiás (Eseffego), Paulo Ventura, o diálogo com a reitoria da universidade tem acontecido normalmente, mas a comunicação com o governo teria sido encerrada por parte do Secretário de Desenvolvimento Econômico de Goiás, Adriano da Rocha Lima. “Com a universidade, estamos com canal totalmente aberto para negociações. Já com o governo está totalmente fechado por parte deles. Estivemos com o Secretário de Desenvolvimento, que ficou de analisar o documento que entregamos e depois ficamos sabendo pelo jornal de uma declaração dele de que não haveria mais negociações”, afirmou.

Segundo a UEG, a reitoria da universidade já se reuniu com a comunidade acadêmica do Campus Goiânia – Eseffego, para a apreciação e encaminhamento das demandas. Desde agosto de 2018, eles foram realocados do câmpus Eseffego, no Setor Leste Universitário, para o Centro de Excelência do Esporte, na Avenida Paranaíba, em Goiânia.

Segundo Paulo Ventura, boa parte dos professores também está insatisfeita com a atual direção, conduzida por Marcus Jary. De acordo com o docente, Jary não foi o candidato mais votado, mas foi nomeado e aceitou o cargo. O diretor também teria tomado decisões sem consultar a classe acadêmica, o que seria um dos motivos da greve. “Temos problemas seríssimos com a direção do câmpus. Existe uma pressão da diretoria, sobre funcionários e professores, desacato às decisões coletivas, então um dos motivos da greve é questionar a direção”, afirma.

Estrutura

O espaço atual da instituição também está sendo questionado. De acordo com o membro da comunidade acadêmica, o lugar é inadequado para a formação profissional de fisioterapeutas e educadores físicos. “Não é lugar para formação profissional, muito menos para quem cursa Educação Física. O processo de aprendizagem está totalmente prejudicado”, disse Paulo.

Em nota, a UEG informou que este é o único de seus câmpus que está com as atividades paralisadas. Seguindo o princípio de autonomia, os outros câmpus que estavam em greve já normalizaram suas atividades. A direção da universidade informou ainda que espera que a situação se estabilize o mais rápido possível sem prejuízo aos seus estudantes. Por fim, a UEG informou que compreende e respeita o direito de sua comunidade acadêmica à livre manifestação e que está aberta ao diálogo.

Greve

Em março, professores, servidores técnico-administrativos e estudantes do câmpus da unidade deflagraram greve por tempo indeterminado. A paralisação foi definida após uma assembleia realizada pelo grupo “UEG em Movimento”, grupo auto-organizado sem sindicatos, no auditório da Faculdade do Esporte, no setor Aeroporto, em Goiânia. “Todos que estiveram na assembleia tiveram direito ao voto. Não há soberania. Todos os votos têm o mesmo peso. Foram 264 favoráveis, e nenhum contra. Outras 12 pessoas se abstiveram”, afirmou o professor do câmpus Eseffego, Renato Coelho.

Dentre as reivindicações estão o pagamento referente ao mês de dezembro de 2018 para os docentes e técnicos, além das bolsas estudantis em atraso. Eles ainda exigem a destinação de 5% da receita líquida do Estado somente para a UEG, a ampliação imediata das vagas para docentes do quadro efetivo com titulação de mestres, doutores e pós-doutores, assim como melhorias na estrutura. 

Atualmente, a universidade recebe 1,2% do que é arrecadado pelo Estado. Para o diretor da instituição, Marcos Jary, a impressão é que a paralisação tem sido aderida por poucos professores. “Não há como dar um número preciso de docentes favoráveis ao movimento, mas a gente percebe que é a maior parte da mobilização está sendo feita por alunos”, comentou. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian)

 

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