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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
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entrevista

“Uma indústria em crise afeta o Estado”, disse presidente da Adial

Otavinho defendeu o acordo firmado com o governo de Goiás no começo do ano que diminuiu em 15% os incentivos fiscais das indústrias goianas mas cobra novos diálogos com o governo para um novo acordo

Postado em 23 de maio de 2019 por Sheyla Sousa
“Uma indústria em crise afeta o Estado”
Otavinho defendeu o acordo firmado com o governo de Goiás no começo do ano que diminuiu em 15% os incentivos fiscais das indústrias goianas mas cobra novos diálogos com o governo para um novo acordo

Rubens Salomão*

O presidente da Associação Pró-desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial), Otávio Lage Siqueira Filho (Otavinho), compreende que os empresários e investidores continuam otimistas com os cenários políticos locais e nacionais, mas cobra maior celeridade na aprovação das reformas estruturantes. Segundo Otavinho, é preciso que a máquina pública reduza o tamanho para conseguir atender às áreas importantes como saúde, educação e segurança pública.

Otavinho defendeu o acordo firmado com o governo de Goiás no começo do ano que diminuiu em 15% os incentivos fiscais das indústrias goianas mas cobra novos diálogos com o governo para um novo acordo. “Temos que avaliar da população o que ela vê dessas políticas. Goiás sempre foi copiado nas suas políticas por outros estados”, afirmou.

Segundo o presidente da Adial, o setor produtivo espera um novo acordo de incentivos fiscais na próxima reunião marcada para setembro, mas não descarta a possibilidade de que a situação ainda não seja viável para esses créditos. “Temos uma pesquisa sendo feita por um economista da USP que vai fazer um balanço do impacto dos incentivos fiscais no Estado de Goiás”, completou.

Na entrevista ao O Hoje, Otávio Lage ainda defende a privatização de empresas públicas em Goiás e também comenta o resultado das últimas eleições do PSDB e, em sua avaliação, a alternância de poder é benéfica para a sociedade. (* Especial para O Hoje).

Veja abaixo a entrevista.

Se preferir, leia abaixo.

O que é fundamental para que esse panorama seja de desenvolvimento e geração de emprego? A avaliação é de que há muitos problemas como a questão energética no Estado

Nossa preocupação é de agregar, de somar, fazer parcerias e dar subsídios aos estados para que promovam políticas de desenvolvimento onde o desemprego diminua, onde a qualidade de vida seja importante e destacada, onde a tecnologia chegue para agregar valor aos produtos e as pessoas. A Adial tem procurado, ao longo da sua história, fazer parcerias e subsidiar o governo e trazer empresas para investir no Estado para trazer empregos e gerar renda ao Estado. E isso através da política fiscal eficiente tem sido feito efetivamente. Goiás hoje é o sete maior parque industrial do Brasil e o nono maior PIB. A indústria cresceu e desenvolveu bem, são mais de 15 mil indústrias e mais de 500 incentivadas pelo Programa Produzir. São programas que fazem a diferença na vida das pessoas que interioriza a industrialização e dão oportunidade para as pessoas. Temos mais um trabalho que vem a somar som este que é uma pesquisa técnica com economistas de renome na Universidade de São Paulo (UPS) que vai fazer um balanço do impacto no Estado de Goiás da questão de geração de emprego, arrecadação e qualidade de vida causado por essas indústrias que se instalaram aqui.

O setor produtivo tem dado uma parcela significativa na redução de créditos outorgado acordado no ano passado com o governador Ronaldo Caiado (Democratas). Qual a expectativa do mercado nessa renegociação a ser feita a partir de setembro?

O que foi combinado no ano passado é que a gente abriria mão de 15% dos nossos incentivos através do pagamento do “Protege” durante esse ano. Então foi acordado porta de entrada e de saída. Mas isso não impede de o governo estar pleiteando novos acordos com o setor produtivo. O que temos que avaliar é que a indústria em crise também afeta o Estado. Vamos sentar e acertar, pois a situação não está favorável para ninguém. Nós estamos em Goiás e queremos que o Estado dê certo e que cresça e assim ele receba investimentos e gere mais empregos e impostos. A política de incentivo fiscal é isso, a atração de novos investimentos. Ninguém vem para Goiás, há 1,5 mil KM de distância dos portos para exportação na mesma competição que São Paulo. Temos que ter uma política para poder dar transparência, diálogo e que as empresas recebam.

Hoje há essa indefinição se as empresas vão ou não continuar recebendo. Há essa expectativa?

O governador está trabalhando muito e procurando alternativas de financiamentos do Governo Federal desde recursos extraordinários do Governo, vendas de estatais, redução do tamanho do Estado para gerar recursos para investir em saúde, educação e segurança. As outras áreas também precisam de recursos para se desenvolver e isso faz uma enorme diferença no Estado a medida que você tem cursos técnicos, isso faz a diferença na produtividade e na qualidade. 

Nós estamos fazendo todo esse trabalho para fazer uma avaliação mais profunda. Temos que avaliar da população o que ela vê dessas políticas. Goiás sempre foi copiado nas suas políticas por outros estados. 

Qual a avaliação o senhor e o setor produtivo fazem em relação as declarações da secretária de Economia, Cristiane Schimidt, que para ela “tem que ser avaliado comparando o que o Governo dá e o que o Estado recebe em troca”. O setor produtivo tem tranquilidade para fazer essa comparação hoje?

Muita tranquilidade. Os números estão aí, houve muitos investimentos no estado de Goiás na industrialização e essas indústrias trouxeram benefícios na geração de emprego, ativação de comércio, aumento de arrecadação com o ICMS industrial. A indústria não deixa de pagar seus impostos porque estão contratados incentivos fiscais, se ela para de pagar por algum motivo, ela deixa de receber os incentivos. Então hoje, as indústrias contribuem com 65% do ICMS do que é arrecadado e dessas, cerca de 55% é de indústrias incentivadas. Ela tem que olhar o que foi feito lá atrás e se houver uma mudança que seja feita de agora em diante, ela tem que preservar o direito de quem investiu e veio para cá naquela regra. Não se pode mudar a regra no meio do jogo.

A indústria sempre esteve do lado do governo, como nós estivemos no ano passado abrindo mão de uma parte dos incentivos fiscais para que o governo tivesse uma arrecadação a mais.

Que tipo de recado o setor produtivo espera do setor público de Goiás?

Privatizações, sem dúvida nenhuma. O tamanho do Estado precisa diminuir, ele é uma tartaruga para fazer uma mudança, e isso é no Brasil inteiro. Hoje a carga tributária asfixia os impostos. A gente tem uma carga tributária de 30%, ou seja, a gente trabalha e 35% vai para a União. Se você conseguir baixar isso no produto, o consumidor vai consumir mais, vai gerar mais produção, haverá mais investimento, mais empregos e consequentemente arrecadar mais. 

Os Estados Unidos fizeram isso e conseguiu aumentar a produção e está atingindo o pleno emprego enquanto temos mais de 12 milhões de desempregados. Nós temos que mudar, estamos patinando.

Eu acho que tem que privatizar o que puder ser privatizado, vender o que tiver que vender, o Estado tem muito patrimônio parado. Ele poderia estar rendendo. Na parte da ex-Agetop (hoje Goinfra), por exemplo, a gente tinha máquinas paradas, mas conseguimos colocar elas para produzir para a população. Se o Estado focar em saúde, educação e segurança nós teremos mais eficiência com os recursos.

O Governador Ronaldo Caiado é de direita e liberal, como o senhor?

Eu acredito que sim, ele sempre defendeu isso como parlamentar. Mas como ele assumiu um governo após uma grande estrutura já montada, ele está aprovando a reforma administrativa, eu acredito que vai dar certo. Estamos todo mundo lá, ele tem uma boa postura.

Essa crise econômica que vira também uma crise política o mercado tem reagido como o esperado nessa dificuldade de relação com o Congresso. Qual o sentimento do mercado e do setor produtivo?

O empreendedor é otimista sempre. Ele acredita que as coisas vão dar certo, ele investe e está sempre acreditando no país. Agora, está precisando o Governo fazer a parte dele e principalmente do Congresso ser mais ágil. Essa Reforma da Previdência está todo mundo falando da sua importância porque é um buraco enorme que estamos cavando que os mais novos vão pagar a conta.  Precisa fazer essa Reforma logo para o investidor voltar a acreditar que somos um país sério e que ter condições de fazer um bom investimento e gerar renda e emprego.

Qual a avaliação que o senhor faz de Goianésia e qual a participação que o grupo do senhor deve ter nas eleições de 2020?

Minha família marcou história na cidade, meu irmão e eu fomos prefeitos, meu avô foi deputado. Temos um carinho e achamos que a participação com bons projetos, boas ideias e bons nomes. A nossa participação familiar não vai acontecer, nós estamos abluídos dos propósitos empresariais, eu fiquei oito anos afastado da empresa. 

Nós estamos envolvidos no projeto empresarial e acreditamos que já demos nossa participação na política local. Agora, na gestão atual a avaliação da população é que deixa a desejar. Goianésia vinha num bom desenvolvimento que infelizmente parou para fazer festa. É uma opção do prefeito, mas vamos trazer novos projetos.

Qual a avaliação política do senhor com as eleições do PSDB no ano passado e se o caminho poderia ser diferente?

Águas passadas não movem moinho. O que aconteceu, aconteceu. Precisamos de uma nova história, nós não temos aptidão alguma para o legislativo. Eu acho que é boa uma renovação, e em Goianésia também está tendo essa renovação e eu acho que é bom haver essas mudanças. As alternâncias são positivas, o passado pode validar melhor o passado. Vamos apoiar alguém que a gente identifiquemos pontos positivos para a nossa região. Ronaldo Caiado tem uma boa relação com o Governo Federal, então nossa perspectiva para o Estado é muito boa, hoje o Democratas tem uma relevância muito grande no governo e isso vai dar muito apoio. (*Especial para O Hoje) 

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