Daniella Reila*

Nos últimos dois anos foram identificados em Goiás 185 pontos de exploração sexual infanto-juvenil nas rodovias federais que passam pelo Estado. Esse cálculo foi feito pela Policia Rodoviária Federal (PRF) em operações realizadas nas autopistas. O estudo é feito há 14 anos, de dois em dois anos. O número representa um aumento de 10 pontos a mais em relação à última fiscalização, quando foram identificados 175 locais com essa prática.

Segundo o inspetor Fabrício Rosa, que esteve presente em toda a operação, os pontos vulneráveis são os prostíbulos, motéis, postos de gasolinas e casa de shows. “São lugares onde há grande concentração masculina juntamente com bebidas alcoólicas e tráficos de drogas”, disse.

A faixa etária desses jovens é de 13 a 16 anos e eles utilizam as redes sociais para facilitar os encontros na beira das estradas. Alguns agem independentes e outros são chefiados por terceiros. “Quando encontrados cafetão ou cafetina que comandam essa exploração, são imediatamente presos e os jovens encaminhados ao Conselho Tutelar”, ressalta Fabrício. 

Projeto Mapear 

Para que o levantamento fosse realizado, a PRF desenvolveu o Projeto Mapear em todo país que é o mapeamento de todos os territórios onde são identificados a exploração. Isso ajuda a aniquilar esses pontos e combater a exploração, resultando em um dos meios mais eficazes para lutar contra o abuso sexual, uma das maiores violação dos direitos humanos. 

Em Goiás, esse projeto identificou que a maioria dos pontos de exploração sexual está nas rodovias, nas proximidades de Goiânia. Mas também as regiões de Catalão, Jataí e Uruaçu aparecem no mapa da exploração, segundo identificou o levantamento. Logo depois de descobertos esses locais e feito os mapeamentos, esses pontos são fechados. 

De acordo com o inspetor, a operação é de baixo risco e o mapeamento é crucial para que a PRF atue nos pontos encontrados. Para realizar o flagrante a PRF conta com parcerias como, por exemplo, o Juizado da Infância, Conselho Tutelar e o Instituo Médico Legal (IML). “Levamos geralmente o Conselho para aplicar a multa no estabelecimento, quando o motel ou prostibulo é um desses pontos”, explica Fabrício.

DSTs

Outra ação realizada pelo grupo é examinar os pertences pessoais dos envolvidos como bolsas e celulares para verificar se há mensagens que possam ajudar na identificação de mais pessoas. 

Como esses jovens estão mais propensos a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), Fabrício fala que a ação também tem atribuições externas com os profissionais da saúde: “Contamos com psicólogos e médicos, pois há uma grande parte das adolescentes grávidas ou com alguma DST. Bem como assistentes sociais para oferecer projetos de vida a esses jovens”. (*Especial para O Hoje)